sábado, 30 de janeiro de 2010

As cidades têm a tendência de esconder o mundo natural sob os seus artefatos.
Soterramos e encobrimos rios com avenidas, o asfalto dissimula a terra, os edifícios vedam o sol e as prováveis montanhas ao longe... Quando a construção das cidades toma conta de todo o ambiente, os artefatos artificializam o mundo.
A questão é que a natureza é um colo de mãe inesgotável.

Apenas ela é capaz de nos oferecer o sentimento de enraizamento necessário à vida.O artefato é a demonstração do poder do homem de refazer um mundo à sua imagem e semelhança. Todavia, pontes, casas, indústrias, computadores, móveis e automóveis, tudo se desgasta, quebra, é substituído.Todo artefato se desfaz. No meio de tal mutação, sentimo-nos também de passagem, sem vínculos e compromissos. Quase apátridas. Vivendo apenas em um mundo artificial, que camufla a natureza, ficamos esquecidos da perenidade desse solo original.Saber que o mundo já estava aí antes de nós e que permanecerá aí quando partirmos empresta à vida o sentimento de duração e de segurança.

Sem ele, a existência jamais consegue avançar nem se simplificar.Mas, na presença do mundo natural, lembramos que nascemos e morremos. E nos lembramos de nos perguntarmos: o que, de fato, queremos e precisamos, enquanto vivemos?
Dulce Critelli, terapeuta existencial e professora de filosofia da PUC-SP, é autora de "Educação e Dominação Cultural" e "Analítica de Sentido" e coordenadora do Existentia - Centro de Orientação e Estudos da Condição Humanadulcecritelli@existentia.com.brFonte: Folha de São Paulo, Caderno Equilíbrio
DICAS
Dois blogs que eu adoro e não passo um dia sem dar uma
olhadinha.Confiram, tenho certeza que vocês vão amar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Apontadora de Idéias

Minha foto
São Paulo, Brazil
"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

Arquivo do blog