As cidades têm a tendência de esconder o mundo natural sob os seus artefatos.
Soterramos e encobrimos rios com avenidas, o asfalto dissimula a terra, os edifícios vedam o sol e as prováveis montanhas ao longe... Quando a construção das cidades toma conta de todo o ambiente, os artefatos artificializam o mundo.
A questão é que a natureza é um colo de mãe inesgotável. Apenas ela é capaz de nos oferecer o sentimento de enraizamento necessário à vida.O artefato é a demonstração do poder do homem de refazer um mundo à sua imagem e semelhança. Todavia, pontes, casas, indústrias, computadores, móveis e automóveis, tudo se desgasta, quebra, é substituído.Todo artefato se desfaz. No meio de tal mutação, sentimo-nos também de passagem, sem vínculos e compromissos. Quase apátridas. Vivendo apenas em um mundo artificial, que camufla a natureza, ficamos esquecidos da perenidade desse solo original.Saber que o mundo já estava aí antes de nós e que permanecerá aí quando partirmos empresta à vida o sentimento de duração e de segurança.
Sem ele, a existência jamais consegue avançar nem se simplificar.Mas, na presença do mundo natural, lembramos que nascemos e morremos. E nos lembramos de nos perguntarmos: o que, de fato, queremos e precisamos, enquanto vivemos?
Dulce Critelli, terapeuta existencial e professora de filosofia da PUC-SP, é autora de "Educação e Dominação Cultural" e "Analítica de Sentido" e coordenadora do Existentia - Centro de Orientação e Estudos da Condição Humanadulcecritelli@existentia.com.brFonte: Folha de São Paulo, Caderno Equilíbrio
DICAS
Dois blogs que eu adoro e não passo um dia sem dar uma
olhadinha.Confiram, tenho certeza que vocês vão amar.
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