segunda-feira, 2 de março de 2009

SOBRE A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE

Ontem no jornal o Estado de São Paulo, Jorge Forbes,psicanalista e psiquiatra escreveu um artigo bastante interessante sobre o comportamento do presidente Lula e do chanceler Celso Amorim no caso de Paula Oliveira.
Alguns críticos se diziam indignados com o fato de ambos terem dado crédito àquela moça que apareceu recentemente em todos os jornais com escoriações pelo corpo, afirmando ter sido agredida por manifestantes de um grupo neonazista, na Suíça.
Jorge Forbes analisa o erro de Lula e de Amorim entendendo que eles foram induzidos ao menos por dois fatores:
O contexto: "ataques neonazistas na Suíça é plausível"
A suposta mentira de Paula em pontos intocáveis da sociedade: ataque a mulher, grávida,e por racismo.
O que Forbes questiona é o seguinte:"Será que a resposta a esse estado de coisas é ficarmos todos desconfiados, bem espertos, e só agirmos frente a evidências cientificamente comprovadas, para não passarmos por tolos, imprudentes , ou emotivos?"
O psicanalista então recorre ao filósofo, alemão Hans Jonas(1903-1983) ,"que afirmava que após a euforia da esperança da técnica que nos rendeu a utopia de bem estar irresponsável, porquanto apagava a subjetividade, devemos nos preparar para o PRINCÍPIO RESPONSABILIDADE".
Forbes destaca o seguinte trecho do pensamento do filósofo:"A responsabilidade é o cuidado reconhecido como obrigação em relação a um outro ser, que se torna preocupação quando há uma ameça à sua vulnerabilidade".
E também:" O fenômeno do sentimento torna o coração receptível ao dever, não lhe questionando a razão e animando a responsabilidade assumida com o seu élan.È difícil, senão impossível, assumir a responsabilidade por algo que não se ame, de modo que é mais fácil engendrar o amor para tal do que cumprir o seu dever livre de toda inclinação."
Concluindo , Jorge Forbes afirma que" nesse sentido, o presidente e o chanceler foram responsáveis, pois ser responsável não excui uma injustiça, nem quer dizer estar livre de toda inclinação, como se a pura objetividade fosse possível ou almejável."
Forbes termina seu artigo afirmando :"Entre a tolice possível e a certeza do esperto, necessáriamente enganadora, Bravo! à tolice possível.
Melhor mil vezes nos enganarmos ao socorrer uma mulher machucada e aos prantos, que vestirmos a mortalha dos espertos.Pois se o pior não aconteceu-diríamos como Jonas-, ter se enganado deveria ser considerado um mérito".
fonte: O Estado de São Paulo, domingo,1 de março de 2009, J6/Aliás

Concordo integralmente com essas idéias, e penso que está mais do que na hora de acordarmos em relação às nossas responsabilidades .
Um belíssimo filme que aborda essa questão e que não podemos deixar de assistir é
" A vida dos outros"


















Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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