quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Vai, ano velho, vai de vez,vai com tuas dívidas e dúvidas, vai, dobra a ex-quina da sorte, e no trinta e um,à meia-noite, esgota o copo e a culpa do que nem me lembro e me cravou entre janeiro e dezembro.Vai, leva tudo: destroços,ossos, fotos de presidentes,beijos de atrizes, enchentes,secas, suspiros, jornais.Vade retrum, pra trás,leva pra escuridão quem me assaltou o carro,a casa e o coração.
domingo, 26 de dezembro de 2010
Affonso Romano de Sant'Anna
Vou dizer uma coisa banal: sem o mito do amanhã não existiríamos.
Digo e assumo essa fundamental banalidade. Não fora o amanhã secaríamos à beira dos caminhos. O amanhã é que fermenta o hoje, que fermenta o ontem.
Por que migram as aves sobre os oceanos?
Por que os peixes sobem cachoeiras procurando as nascentes do futuro?
Os animais, aves e insetos ao redor, nos dão lição de aurora.
Ganhei duas crisálidas de borboletas. Aprendi a ver nesses casulos as asas que se desenharão em algum céu. Seguro nas mãos essas formas vivas disfarçadas de vegetal. Imagino o futuro dessas células. Mas tal imaginação não é privilégio só meu. No meu quarto, dependuradas num vaso de samambaia, duas crisálidas me contemplam a mim. Elas sabem, mais que eu, a que horas duas estupendas borboletas sairão do útero do tempo para esbaterem contra as vidraças do dia.
A trepadeira no terraço, que avança dois-três contímetros cada jornada, seguindo o fio de náilon do tempo, me ensina a direção das coisas. O vento sopra pelas costas de suas folhas e ela navega verde na pilastra como uma caravela reinventando seu concreto mar.
O suicida é o que decretou a morte do amanhã.
O idealista é o viciado que toma o amanhã nas veias, aspira-o, esfrega-o nos olhos e gengivas.
No entanto, dizemos: "está difícil", "a vida está dura", "assim não é possível", "esse país não tem mais jeito", mas no dia seguinte, amarfanhados, caminhamos junto ao mar para saudar a aurora.
Sábia é a natureza, nos dizem. Olhai os lírios do campo, eles passam a vida tecendo e fiando a manhã. E o jardineiro que parece um perverso podador, tão-somente antecipa a floração da vida com suas lãminas de dor.
Em busca do amanhã as cobras perdem sua pele.
Penas caem na muda da plumagem airosa dos airões.
Cães ladram pressentindo o terremoto, que os homens sequer percebem. Os cães, quando uivam para a Lua, estão à sua maneira saudando o cio das madrugadas.
Em busca do amanhã uma nave passou por Marte e segue rumo a Urano.
Alguns pré-videntes já estão legislando a constituição do amanhã. E se acabarem com o amanhã aqui, ele continuará com outros seres menos ferozes em outras galáxias, mais humanas, talvez.
É assim que Penélope tecia e destecia seu amor nos fios da madrugada esperando Ulisses atracar na enseada.
É assim que Sísifo- o mais otimista dos deuses condenados- sempre rolava montanha acima a pedra que sempre rolava montanha abaixo.
É assim que Fênix- a fabulosa ave queimada nos desertos da Arábia- renascia das próprias cinzas e cantava transfigurada.
Deus é o renovado amanhã.
O que fazem os amantes pelos bares e praias, junto às árvores de noturnas ruas e nos leitos secretos, senão cumprir o ritual de crença no amanhã.
E o ano mais uma vez termina. E estamos comendo e bebendo as horas que faltam e ansiando por um novo dia. Também são assim os primitivos, quando celebram o potlach. Vão destruindo os objetos, as memórias que ficaram para reinaugurarem um ano novo.
Oh, amanhã! Os que vão viver te saúdam.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
“Se você for poeta, verá nitidamente uma nuvem passeando nesta folha de papel.
A nuvem é essencial para a existência do papel. Se a nuvem não está aqui, a
folha de papel também não está. Portanto, podemos dizer que a nuvem e o papel “intersão”.
Interser é uma palavra que ainda não se encontra no dicionário, mas se combinarmos o radical "inter" com o verbo "ser", teremos um novo verbo:
INTERSER.
O papel e o sol intersão. E se prosseguirmos em nosso exame, veremos o
lenhador que cortou a árvore e a levou à fábrica para ser transformada em papel. E vemos o trigo.
Sabemos que o lenhador não pode existir sem seu pão de todo dia. Portanto, o trigo que se transforma em pão também está nessa folha de papel.
O pai e a mãe do lenhador também estão aqui.
Quando olhamos dessa forma, vemos que sem todas essas coisas, essa folha de papel não teria condição de existir.
de nossa percepção. Sua mente está aqui, assim como a minha.
É possível, portanto, afirmar que tudo está aqui nesta folha de papel.
Não conseguimos indicar uma coisa que não esteja nela – o tempo, o espaço, o sol, a nuvem, o rio, o calor.
Tudo coexiste nessa folha de papel. É por isso que para mim a palavra
interser deveria ser dicionarizada. “Ser” é “interser”. Não podemos simplesmente ser sozinhos e isolados.
Temos de interser com tudo o mais. Esta folha de papel é, porque tudo o mais é.
Imagine que tentemos devolver um dos elementos à sua origem. Imagine tentarmos devolver a luz do sol ao sol.
nada poderia existir. Se devolvermos o lenhador à sua mãe, tampouco teremos a folha de papel.
O fato é que esta folha de papel é composta apenas de elementos não-papel. Se devolvermos esses elementos que não são papel às suas origens, não haverá papel algum.
Sem esses elementos não-papel, como a mente, o lenhador, o sol e assim por diante, não haverá papel.
Por mais fina que esta folha seja, tudo o que há no universo está nela”.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Refere-se à pessoa que tem bom gosto ao escolher suas roupas e um porte físico privilegiado.
Assim falando, essa referencia é destinada à elegância da “segunda pele”.
Mas a verdadeira elegância é muito mais do que isso. Não se compra, não sofre influência de época ou da moda, pois seus quesitos são alinhavados com atitudes pautadas em princípios éticos .
Aurélio Buarque de Holanda define elegância como:”Distinção de porte, de maneira, garbo, graça,encanto. Bom gosto, gentileza. Cortesia”.
Na elegância do Ser, direito e avesso são uma coisa só, isto é,a conduta não depende de com que está ou onde está. Elegantes são pessoas que vivem com paixão o que fazem, realizando seus dons com excelência e responsabilidade. Não são arrogantes perante o Outro, agem com naturalidade e estão sempre abertas a olharem as novas tendências de época com entusiasmo e abertura.
Ser elegante não é possuir bens materiais, sobrenomes famosos ou viver recluso em grupos de iguais. Sua marca é a afetividade, e a consciência de que faz parte de um todo maior.
É aquela pessoa que porta-se com interesse e respeito perante o Outro e com veracidade diante de si mesmo.
Concluindo, pode-se dizer que uma pessoa elegante, é alguém que tece, através do seu comportamento, um mundo mais bonito, e que mesmo espelhando-se em modelos que considera dignos, o faz com a sua marca singular.
(matéria para o jornal "O COMBATE" de Jaboticabal/Eliete T.Cascaldi Sobreiro )
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Malu, obrigada por este carinho.
“Gosto da gota d’água que se equilibra na folha rasa, tremendo ao vento.
Todo o universo, no oceano do ar, secreto vibra: e ela resiste, no isolamento.
Seu cristal simples reprime a forma, no instante incerto: pronto a cair, pronto a ficar – límpido e exato.
E a folha é um pequeno deserto para a imensidade do ato.”
(Cecília Meireles, Epigrama n. 5
domingo, 12 de dezembro de 2010
Acabo de ganhar meu primeiro selinho de um blog que gosto muito http://paraumundomelhor.blogspot.com/
Tenho que colocar 10 coisas sobre mim, então vamos lá:
.adoro meu trabalho
.amo minha família
.sou católica por devoção
.tenho amigos maravilhosos
.minhas paixões são livros e músicas
.gosto de dormir cedo
.não gosto de eventos sociais
sou alegre e triste
.não sei ficar sózinha por muito tempo
.sou mineira de coração
Indico o selo:
Somos Noéis
Mar à vista
Sensivity
Inverso Meu
Catharsis
Vendo as cores da vida
Cheiro de flor quando ri
Contos e Encantos/Caio Fernando de Abreu
Interioridades
Apenas um cadinho de poesia
Regras:
1.Terei que passar o selo para 10 blogs
2.Terei que avisar para os 10 blogs que ganharam o selinho
3.Falar 10 coisas sobre você
.
sábado, 11 de dezembro de 2010
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Nos últimos meses, li (ou percorri) meia dúzia de livros de conselhos para casais em crise ou para noivos que queiram construir um casamento feliz.Os livros de conselhos, em geral, são ótimos compêndios do bom senso. Funcionam, justamente, porque nos dizem coisas que já sabemos. A autoridade que nos aconselha é a sabedoria comum de nossa época.Saí dessas leituras com a impressão de que, em matéria de casamento, nosso bom senso é animado por boas intenções, mas não deixa de ser a expressão de uma cultura que, fundamentalmente, acredita e aposta pouco nas relações.Escolho, como exemplo, um conselho que, de formas diferentes, voltava assiduamente nos livros que li. Ele é inspirado por uma sabedoria prática incontestável.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Apontadora de Idéias
- Eliete
- São Paulo, Brazil
- "A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)
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