sábado, 16 de abril de 2011

fotografia: Geraldo Cascaldi
..."a cultura faz tanta pressão para nos dobrar desde pequeninos (que é quando se torce o pepino) que a questão do alívio se torna prioritária em nossas vidas. Passamos a vida esperando a hora da chateação passar. Desde a hora de chegar o peito, continuando na hora de acordar e ser castigado porque fez xixi na cama, passando pela hora de tocar o sino porque a aula acabou, a hora de terminar os deveres de casa, a hora de terminar o expediente, de tirar os sapatos apertados e folgar os dedinhos, de tirar a gravata, de arranjar um marido para não ficar solteirona, de casar porque todos os amigos já casaram e tem-se que virar homem sério, de tomar um drinque que ninguém é de ferro, de chegar o fim de semana e esquecer esta loucura, de sair de férias porque eu já não aguento mais, de ganhar na loteria e ser feliz, de se aposentar daquela chateação, de ter um pretexto para sair de casa e não morrer de tédio, de chegar a hora da novela para viver a vida dos outros porque a da gente, ah, a da gente é isso aí.


Onde um projeto de vida?

Onde o tempo para se planejar alguma coisa?

Aonde foram as metas da juventude?

Crescer na nossa cultura acaba se tornando sinônimo de sobreviver.

Fonte: A criação segundo Freud: O que queremos para nossos filhos?

Francisco Daudt da Veiga

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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