segunda-feira, 25 de janeiro de 2016




Arrebatamento

Mozart? Intervalos em minha infelicidade.

 Emil Cioran

 

Há pessoas que preferem um bom papo a um bom prato.
Outras preferem uma suave sinfonia a uma bela gastronomia.
E há pessoas que gostam dos dois...
Existem pessoas que se encantam com as palavras em prosa ou em versos e existem outras que ao ouvi-las, bocejam.
Há pessoas que amam boas músicas orquestrais e há outras que apreciam a melodia casada com a poesia. E há outras que ficam enlouquecidas e querem as duas...
Existem pessoas que recorrem ao pó, ao tabaco ou ao álcool para irem além dos limites, e há outras que se elevam com as belas artes: cinema, escultura, pintura...
Qual o melhor antídoto para a nossa finitude e concretude?
Emil Cioran, filósofo romeno, não tinha dúvidas: postulou que somente a música é capaz de levar-nos ao êxtase, pois ela nos faz perder a pesada materialidade e nos dissolve em harmonias.
Aconselhou a música de Mozart e Bach como remédio contra o desespero, uma vez que sua pureza aérea nos faz “leves, diafanos e angélicos”.
A poesia, a música e todas as coisas “belas” que o homem cria nos fazem angélicos.
As artes mais do que as ciências são capazes de afinar com precisão as sensações humanas, tocar com tranquilidade a alma humana- lugar onde reside o coração- embalar sonhos e modular gestos.
Somente cordas, teclas, partituras, palavras, pincéis e outros instrumentos diafanos são capazes de esculpir o verdadeiro homem e levá-lo mais além de si mesmo.
Somente eles são capazes de fazer-nos pairar, voar, sonhar e nos arrebatar.

Texto: Eliete T. Cascaldi Sobreiro, para o jornal O Combate
imagem: internet
 
 

Apontadora de Idéias

Minha foto
São Paulo, Brazil
"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

Arquivo do blog