Ostra feliz não faz pérola.
Rubem Alves
Querida
ostra, sou sua pérola; sou o resultado de sua luta em sobreviver.
Nasci do seu
esforço em não morrer, cresci de sua briga por respirar.
Sou aqueles
grãozinhos de areia que invadiram, impiedosamente, suas entranhas sem que você
pudesse controlar.
Seu nácar
protegeu-me e agora sou essa pérola maravilhosa que a todos seduz, mas que só você soube gestar.
Meu valor é o
seu valor; minha beleza espelha sua beleza. Por saber que a vida nos pede luta,
destreza e, em alguns momentos, asperezas, reverencio-lhe porque sei do que você
foi capaz: exemplo de uma vida de muita dedicação e que mesmo ferida foi capaz
de envolver-me de amor.
Você é uma pequena
que se revelou gigante; eu sou sua pérola, sua mais bela criação.
Em seu
isolamento me libertou; não me aprisionou como posse e propriedade sua e seu
amor é oferenda ao mundo.
Mas a vida é
isto: luta e entrega. Agora estou pronta para cumprir o meu destino.
Talvez
encontre um ourives generoso que me faça brilhar num lindo colar e, quem sabe,
poderei selar a união de um grande amor.
artigo publicado no jornal "O Combate"
texto: Eliete T. Cascaldi Sobreiro
Foto: internet