quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

POEMAS

PARA TERMINAR O ANO MUITO BEM...

"A poesia nos mostra a infindável novidade da vida e do mundo"


Poesia não é para compreender mas para incorporar.
Entender é parede: procure ser àrvore".
Manoel de Barros










"Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas,
é de poesia que estão falando".

Manoel de Barros







Há um comportamento de eternidade nos caramujos"

Manoel de Barros
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:


a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer.
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos.
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação.
e) Que o rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui
entre 2 lagartos .
f) Como pegar na voz de um peixe.
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios."
Manoel de Barros

Miudezas

Percorro todas as tardes um quarteirão de paredes nuas.
Nuas e sujas de idade e ventos.
Vejo muitos rascunhos de pernas de grilos pregados nas pedras.
As pedras, entretanto, são mais favoráveis a pernas de moscas do que de grilos.
Pequenos caracóis deixaram suas casas pregadas nestas pedras.
E as suas lesmas saíram por aí à procura de outras paredes.
Asas misgalhadinhas de borboletas tingem de azul estas pedras.
Uma espécie de gosto por tais miudezas me paralisa.
Caminho todas as tardes por estes quarteirões desertos, é certo.
Mas nunca tenho certeza se estou percorrendo o quarteirão
deserto ou algum deserto em mim.









"Hoje não saio de mim, nem para pescar"
Manoel de Barros







AUTO-RETRATO FALADO - POR MANOEL DE BARROS
Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.
Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão, aves, pessoas humildes, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar entre pedras e lagartos. Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me sinto meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que fui salvo.
Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.
Os bois me recriam.
Agora eu sou tão ocaso! Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.


A poesia é um recurso valioso para o desenvolvimento emocional e criativo do ser humano, ajuda a trabalhar as emoções e contribui de maneira decisiva no processo de humanização do mundo.

Desejo para todos nós um felicíssimo 2009, regado com poesia.









Apontadora de Idéias

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São Paulo, Brazil
"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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