Nunca tente imitar os pratos de sua sogra- ou só faça isso três anos depois que ela morrer. Com ela em vida, seria um grave erro, pois seu marido dirá que não é a mesma coisa, que tem pouco ou muito sal, que errou a mão no tempero, que a consistência não está no ponto ou que a cor é esquisita. Além disso, se estiver viva, a mãe dele vai se sentir mais preterida ainda.
Mas quando a sogra falecer e a lembrança dela também for desfalecendo; quando meses se passarem sem que ninguém se lembre de levar flores ao seu túmulo, então será uma bem-vinda surpresa reviver os seus sabores. O prato vai ser igualzinho, nem insosso nem salgado, bem temperado, com a consistência certa e a cor idêntica.
E em vez de preterí-la você ressucitará o melhor dela.
do livro de Héctor Abad:Livro de receitas para mulheres tristes.