
...Por pudor os versos que não disse..."
Sim, muitas vezes renunciamos a nós mesmos por mil razões.
Pelo amor de alguém, para obter aceitação e aprovação, ou mesmo para não sair do "cantinho " sossegado do conhecido que nos dá a sensação de que podemos viver com o mínimo de conflito possível.

Podemos entendê-lo como "um movimento da certeza para a incerteza", cuja raiz é a crença de que não posso enfrentar, não dou conta.
Todo medo, quando em excesso, não é bom, pois cria dependência, favorece a regressão, e induz à agressão.
Se acreditássemos que poderíamos enfrentar qualquer coisa em nosso
caminho, se desenvolvêssemos maior confiança em nossas capacidades, nosso sofrimento com certeza seria bem menor, e a nossa vida mais plena e criativa.
Mas como, se fomos acalentados com "dorme nenê que a cuca vem pegar", se crescemos ouvindo:"cuidado, isso é perigoso,não suba aí, você pode cair e se machucar"?
Diariamente somos ensinados que o negativo equivale a ser realista, acreditando cada vez mais que a segurança está em nos fecharmos, evitando toda espécie de riscos.

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços.
Não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e companheiro.
O medo dos grandes sertões, dos mares, dos desertos.
O medo dos soldados, o medo das mães, o medo dos democratas.
Cantaremos o medo da morte e o medo depois da morte,
depois morreremos de medo.
E sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas".
Congresso Internacional do Medo
Carlos Drummond de Andrade
A.B.Kathleen