Adélia Prado, in Terra de Santa Cruz, 1986, Editora Guanabara
sábado, 31 de outubro de 2009
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
São Jorge ficou paralisado de susto e medo. Não sabia o que fazer. Essa entidade estranha não estava registrada na sua memória. Não lhe fora ensinada na escola. Fora educado a vida inteira para a batalha. Era a batalha que dava sentido à sua vida. E agora ele se defrontava com a possibilidade de simplesmente gozar sem nada fazer...
São Jorge nem desceu do seu cavalo. Voltou para onde viera triste e deprimido, com saudades dos tempos do dragão. O dragão dava sentido à sua vida. Ele definia a sua identidade: ele era um guerreiro... Agora, perdida sua identidade de guerreiro, sua vida havia perdido o sentido.
Não lhe fora ensinada na escola a arte do gozo, de não ter deveres. Sua vida tornou-se então um grande vazio. Quanto à linda donzela, ele olhava para ela e tinha uma saudade imensa dos tempos do dragão...
Aposentadoria é quando o dragão vira donzela, quando a batalha dá lugar ao gozo. Mas isso, simplesmente gozar, não nos foi ensinado. E mergulhamos, então, na tristeza da depressão...
Rubem Alves
fonte:http://www.puntel.com.br/artigos/?CODNOT=82
domingo, 25 de outubro de 2009
Para o educador e filósofo Mário Sérgio Cortella, é muito grave que atual geração do mundo ocidental não pense no futuro.
Algo muito grave está acontecendo no mundo contemporâneo, advertiu o educador e filósofo Mário Sérgio Cortella, durante suas reflexões no Espaço Cultural CPFL. Segundo ele, a atual geração do mundo ocidental está invertendo, de modo perigoso, uma postura histórica da humanidade.
A atual geração, contudo, vai na direção contrária. "Talvez sejamos a primeira geração de humanos no Ocidente que não cuida da próxima geração".
Existem vários motivos para essa postura antiética, acredita Cortella.
O educador identifica as possíveis consequências dessa forma da atual geração se posicionar em relação às gerações futuras: "Em outras palavras, estamos fazendo o que se chama de saque antecipado do futuro. Sacando o futuro por antecipação. Gastando o futuro por antecipação."
Uma nova forma de encarar o futuro, a responsabilidade com as novas gerações, é no entanto possível, acredita Cortella. Pela própria capacidade humana de criar. "O ser humano é capaz de dizer que é possível fazer de outro modo. E não desistir. E ser capaz exatamente de reinventar. E essa é uma capacidade forte nossa."
sábado, 24 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Todo mundo se queixa o tempo inteiro. Do tempo: um dia do calor, outro dia do frio. Do trabalho: porque é muito, ou porque é pouco. Do carinho: “que frieza”, ou “que melação”. Da prova: “dificílima”, ou “fácil demais”. E dos políticos, e da mulher, e do marido, e dos filhos, e dos tios, avós, primos; do pai e da mãe, enfim, de ter nascido.
A queixa é solidária, serve como motivo de conversa, desde o espremido elevador até o vasto salão. A queixa é o motor de união dos grupos, é sopa de cultura social; quem tem uma queixa sempre encontra um parceiro. A queixa chega a ser a própria pessoa, seu carimbo, sua identidade: “Eu sou a minha queixa”, poderia ser dito. A queixa deveria ser a justa expressão de uma dor ou de um mal-estar, mas raramente ocorre assim. É habitual que a expressão da queixa exagere em muito a dor, até o ponto em que esta, a dor, acaba se conformando ao exagero da queixa, aumentando o sofrimento. É comum as pessoas acreditarem tanto em suas lamúrias que acabam emprestando seu corpo, ficando doentes, para comprovar o que dizem.
A pessoa pode perder o rumo, não saber o que vai fazer, nem mesmo saber quem é.Nesse ponto, a condução do tratamento há de ser precisa: há que se ajustar a palavra à vida, conciliar a palavra com o corpo, fazer da palavra a própria pele até alcançar o almejado sentir-se “bem na própria pele”. Também será necessário suportar o inexorável sem se lastimar e abandonar a rigidez do queixume pela elegância da dança com o novo.Mais importante que uma política de acordos, que é feita a partir de concessões de posições individuais, é estar em acordo com o movimento das surpresas da vida, dos encontros bons ou maus.
E tudo isto sem resignação, mas com o entusiasmo da aposta. Basta de queixas.
RESERVE ESTA NOITE PARA REFRESCAR A ALMA...
19 DE NOVEMBRO:QUINTA-FEIRA
20h no Cine Theatro Municipal de Jaboticabal
MÚSICA, POESIA E SUA COMPANHIA
domingo, 18 de outubro de 2009
A linguagem é criada para o uso diário, é criada para a vida mundana. No que diz respeito a isso, ela é boa. É perfeitamente adequada para o mercado, mas quando você começa a mergulhar em águas mais profundas, ela se torna cada vez mais inadequada- não apenas inadequada: ela começa a ficar absolutamente incorreta.
Por exemplo, pense nestas duas palavras: experiência e experienciar. Quando você usa a palavra experiência, ela lhe transmite uma sensação de conclusão, como se algo tivesse chegado a um ponto final. Na vida não existem pontos finais. A vida não sabe absolutamente nada sobre pontos finais - ela é um processo contínuo, um rio eterno. O objetivo nunca chega. Está sempre chegando, mas nunca chega. Portanto, a palavra experiência não é correta. Ela transmite uma noção falsa de conclusão, de perfeição.Faz com que você sinta que chegou. Experienciar é muito mais verdadeiro.
Se você olhar a vida a fundo, os substantivos desaparecem e só ficam os verbos. Mas isso criará um problema no mundo lá fora.
Você não pode dizer às pessoas:”Eu fui a um enriezando” ou”Esta manhã, vi uma linda arborescendo”. Elas iam achar eu você ficou louco! Mas nada é estático na vida. Nada está em repouso.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
“Isso é um assalto!” Rendo-me não dá para fugir.
A sensação é de pânico, o que vai acontecer agora? O desamparo é enorme.
Não há ninguém por perto para pedir socorro. Também como fui entrar neste beco sem saída?
Não estava atento, é isso, achei que daria para seguir em frente.
Não adianta chorar, não fui irresponsável, estava com pressa , precisava cuidar da vida e talvez não tenha reparado na sinalização.
Passam mil coisas na cabeça, o corpo sente um tremor que paralisa meus movimentos, com exceção do movimento veloz das ideias.
A visão está turva, o coração bate descompassadamente e lágrimas começam a rolar, sem pedir licença.
"Meus Deus me ajude, não aguento mais tanta ameaça".
Ouso gritar mas a voz não sai, o medo é muito grande e engole o som.
“È um assalto”, “isso é um assalto”, o tempo todo, martelando em meus ouvidos. O que fazer?
Quem poderá me tirar dessa situação?
Aqui dentro está o grande ditador- o assaltante , que rouba a minha paz, a minha segurança , que me rende de uma forma implacável.
Ele me domina totalmente, faz de mim o seu joguete , ele ,o indesejável inquilino, que habita todas as minhas entranhas .O medo é o grande vilão, o que rouba todo o meu prazer, toda a minha vida.
É o que me deixa de mãos atadas, com a mente indefesa e com os punhos cerrados.
Quero me livrar dele, quero rendê-lo. O que faço?
Preciso aproximar e desmascará-lo. Rastejando e soluçando, avanço ,só assim conseguirei o meu objetivo: Vencê-lo.
Eis que chego ,onde ele está?
Desapareceu como bolhas de sabão.
T.A.G. Trantorno de Ansiedade Generalizado
"se caracteriza por um estado permanente de ansiedade, sem nenhuma associação com situações ou objetos.A pessoa com TAG sofre diversos incômodos subjetivos e/ou físicos a cada instante de sua existência, por motivos injustificáveis ou desproporcionais.Trata-se de uma percepção errônea ou exagerada de perigo que, de forma imaginária, está sempre ali, perseguindo, rodeando, invadindo".
..."È o estado de vigília permanente; a luz acesa que nunca se apaga"!
..."È uma ansiedade crônica, que leva a pessoa a começar o dia em busca de algum motivo de preocupação,desnecessário, não importando se o problema é trivial ou doloroso.
Sintomas somáticos: taquicardia, sudorese, cólicas abdominais, náuseas, arrepios, dores musculares, tremores, ondas de calor ou calafrios, adormecimentos, sensação de asfixia, dificuldade para engolir, perturbações do sono e fatigabilidade.
Sintomas psiquícos: tensão, apreeensão, insegurança, dificuldade de concentração, sensação de estranheza, nervosismo,etc.
A ansiedade excessiva estabelece uma conexão direta com o futuro que talvez nunca exista".
fonte de pesquisa/livro: MENTES COM MEDO/ DA COMPREENSÃO Á SUPERAÇÃO : Ana Beatriz B. Silva
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Na história de José no Egito encontramos um fato que nos faz pensar como funciona a vida e como podemos lidar com seus altos e baixos.
O Faraó Do Egito teve um sonho:”sete espigas subiam de uma mesma haste, granuladas e belas. Mas eis que sete espigas mirradas e queimadas pelo vento oriental nasciam atrás delas. E as espigas mirradas devoraram as sete espigas granuladas e cheias”(Gn41,5-7).José explica o significado do sonho ao Faraó: “ Eis que vêm sete anos em que haverá grande abundância em toda a terra do Egito; depois lhe sucederão sete anos de fome e se esquecerá toda a abundância na terra do Egito...”(Gn41,29-30). Juntamente com a explicação do sonho, José aconselhou o faraó a guardar 20% de tudo o que era produzido anualmente no Egito durante os sete anos de fartura(cf.Gn41,33-36).Assim,quando vieram os sete anos de fome, o Egito conseguiu sobreviver a ela (cf.Gn41,53-57).
Se é assim, o que fazer, então, no tempo da desolação?
Saciedade e fome, alegria e tristeza,vitória e derrota, consolação e desolação, tudo isso faz parte do pacote chamado Vida.
Aceite essa realidade e aprenda a tirar proveito dela para o seu crescimento humano e espiritual.
Deus te abençoe e te fortaleça.
Pe Paulo C. Mazzi
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
fonte: blog, carpinejar :Fabrício Carpinejar
domingo, 11 de outubro de 2009
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
O Tempo de graça é Kairós. Os gregos usaram esta palavra significando o “tempo certo”. A outra palavra grega que serve para dizer do tempo é “Cronos". Esta refere-se ao tempo sequencial enquanto que Kairós se diz de um momento indeterminado que acontece no “cronos” em que tudo é especial. É um tempo qualificado; o tempo de Deus acontecendo no tempo dos homens.
Embora esse tempo de qualidade seja o de Deus, e mesmo Deus sendo onipotente, pela liberdade concedida ao homem, Kairós só pode acontecer para o humano se assim for permitido. É preciso que o ser humano queira Deus em sua vida. Enquanto conseguimos medir o tempo humano, o tempo de Deus, Kairós, nunca é medido, mas esse tempo divino pode ser experimentado se entendermos essa experiência como um acontecimento que parte do interior, do mais profundo que há no homem, e de sua essência; lá onde não há rancor, nem ódio, mas um profundo conhecimento do próprio homem e da vida humana.
Então se torna fácil e seguro dizer: é “tempo certo!” Tempo certo para tomar decisão ao entender a finalidade de nossa vida, para que fomos criados e porque existimos. Quando se entende qual é a primeira vocação humana e qual o plano de Deus para cada um, deve-se acreditar; “é tempo certo, da graça”.
Restam-nos, como humanos e seres dotados de inteligência, permanecer atentos aos acontecimentos da Vida e da história para perceber que a ação de Deus aconteceu e que sempre acontecerá em nosso tempo. Tudo como um ciclo sem fim que culminará na realização total do ser humano enquanto PESSOA; um ser de relações!
Enfim, que possamos perceber a vida sempre marcada pelo tempo de Deus que é “graça” e como o cantor Gonzaguinha cantava: “viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Ele é universal e é sinal de saúde, pois facilita o crescimento, os relacionamentos, a comunicação, a criatividade.
Os jogos são nossos companheiros lúdicos.Com eles nos divertimos, aprendemos, e quando não tomamos cuidado nos viciamos.
A psicologia o tem como instrumento de avaliação e de tratamento , pois acredita que através da atividade lúdica elaboramos nossos conflitos e emoções.
Sempre há jogos novos que vão se adequando as necessidades dos novos tempos; se antes brincávamos de pião, amarelinha e jogávamos bugalha ou banco imobiliário hoje os jogos de computador estão com tudo e são os mais procurados por pessoas de todas as idades
Mas alguns jogos permanecem , são clássicos como o baralho.
Gostaria nesse momento de refletir sobre duas cartas: o mico e o curinga, que são usadas no Jogo do Mico e no Jogo do Buraco respectivamente.
O Mico é um jogo de criança. Consiste em distribuir todas as cartas e os jogadores devem formar pares de bichos (casal) e quem ficar com o mico perde o jogo.
Analisando esse jogo, percebemos que há uma mensagem embutida nessa brincadeira: devemos buscar fazer par com alguém, buscar o igual , essa é a regra.Ser diferente é ser sózinho e daí perdedor.
O macaco é um animal que identificamos com movimento, com a liberdade, com ser alegre, provocativo, podemos também supor que essas características são indiretamente rejeitadas. Há implícita a mensagem de que devemos nos assemelhar uns aos outros, e que o diferente é rejeitado, excluído.
O “buraco” é um jogo para mais idade, sua exigência é que façamos canastras, isto é, que busquemos integrar cartas diferentes numa sequência determinada.O curinga, aqui tem um papel fundamental. È a carta diferente e que portanto faz a diferença. Ele é desejável, pois se liga á qualquer carta, substitui qualquer uma,daí podemos pensá-lo como símbolo da totalidade.
É a diferença que não agride, que não tem como resultado a exclusão.
Que bom seria se na vida vivessemos assim as diferenças; se ao olhar para as pessoas pensássemos como a singularidade delas poderia nos beneficiar.
Não haveria a necessidade de leis para o ingresso de pessoas negras á faculdade, de pessoas com deficiências na escola ou no mercado de trabalho,
A sociedade estaria sempre desejando e buscando o diferente, aquele que porta uma característica especial para que pudesse somar..
A moda também não seria tão ditadora em seus padrões de beleza e nós não seríamos tão infelizes com nossas características físicas.
A sabedoria traz a possibilidade de termos um olhar mais inclusivo.e então, entenderíamos que o diferente vem para acrescentar, para criar a totalidade.
Mas somos seres ainda em formação e muito a aprender. Quem sabe um dia aprenderemos a apurar o nosso olhar, ampliar o nosso coração e não sermos tão narcisistas.Como lembra Caetano Veloso: “Narciso acha feio o que não é espelho”
Quem sabe um dia o belo viverá a sua liberdade e os seres humanos serão mais felizes.
Quem sabe um dia conseguiremos olhar para as pessoas e não rotulá-las só porque são gordas, magras, porque usam pirçes, tatuagens, ou porque são negras ou homossexuais.
Quem sabe um dia possamos olhar pessoas com deficiências físicas ou mentais e desejar tê-las conosco para completar as nossas deficiências, tais como as de carinho, amizade, inocência, alegria.
Para que tudo se torne real só depende de cada um de nós. Que tal começar hoje um novo tempo.
escrito em 2005 para o Jornal da APAE de Jaboticabal
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
o "Momento Feliz",
o "Momento Triste"
e o "Momento Difícil".
O "Momento Feliz" mostra o que não precisamos mudar.
O "Momento Triste" mostra o que precisamos mudar.
O "Momento Difícil" mostra que somos capazes de superar.
(Mário Quintana)
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Apontadora de Idéias
- Eliete
- São Paulo, Brazil
- "A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)
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