sábado, 31 de outubro de 2009


É bom pedir socorro ao Senhor Deus dos Exércitos,

ao nosso Deus que é uma galinha grande.

Nos põe debaixo da asa e nos esquenta.

Antes, nos deixa desvalidos na chuva,

pra que aprendamos a ter confiança n'Ele e não em nós.


Adélia Prado, in Terra de Santa Cruz, 1986, Editora Guanabara

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


São Jorge e o dragão
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO , no gozo da liberdade que a aposentadoria traz, tinha agora tempo para ler os livros que não lera, fazer as viagens que não fizera, ou simplesmente tempo para vagabundear. Sobravam-lhe as razões para viver o que William Blake escrevera: "No tempo de semear, aprender; no tempo de colher, ensinar; no tempo do inverno, gozar...". Seu inverno chegara. Era tempo de gozar. Mas não foi isso que aconteceu.



Descobriu-se tomado por uma tristeza profunda, um sentimento de falta de sentido para tudo, aquilo a que se dá o nome de depressão.
Minha cabeça, ao se defrontar um enigma, faz o que faziam os gregos: ela inventa histórias, mitos. Pois foi isso que aconteceu. Baixou-me a história que passo a contar para explicar a incapacidade de gozar quando é tempo de gozar
"Desde muitos séculos, são Jorge fora um habitante da Lua. Romântica quando vista da Terra, a Lua era a arena de uma batalha diária entre o santo guerreiro e o dragão da maldade. Todas as manhãs, ao acordar, são Jorge sabia: havia uma missão que só ele poderia cumprir.Era esse sentimento quase religioso de missão e de dever que dava sentido à sua vida. Bem que ele poderia ter matado o dragão séculos antes. Mas ele sabia que, se matasse o dragão, sua vida se transformaria num tédio sem fim: nada pra fazer, nenhuma missão a cumprir. Sua máxima espiritual era "Pugno, ergo sum": luto, logo existo. São as batalhas que dão sentido à vida.
Aconteceu, entretanto, algo de que ninguém suspeitava. O dragão era, na verdade, uma linda donzela que uma bruxa invejosa havia enfeitiçado e mandado para a Lua. Mas como todo feitiço tem um prazo de validade, chegou também o dia quando a validade do feitiço chegou ao fim e o feitiço se desfez: o horrendo dragão foi transformado numa linda donzela.São Jorge, que tudo ignorava, acordou na manhã daquele dia como acordava todos os dias, determinado a cumprir o seu destino -combater o dragão. Com lança, armadura e espada, saiu o guerreiro no seu cavalo. Mas qual não foi o susto quando, em vez de um dragão, o que o esperava era um ser totalmente estranho a ele: uma linda donzela. E a donzela, com suas vestes entreabertas, o recebeu com palavras de amor e gozo: "Venha, Jorginho, provar do meu carinho e do mel dos meus beijos..."
São Jorge ficou paralisado de susto e medo. Não sabia o que fazer. Essa entidade estranha não estava registrada na sua memória. Não lhe fora ensinada na escola. Fora educado a vida inteira para a batalha. Era a batalha que dava sentido à sua vida. E agora ele se defrontava com a possibilidade de simplesmente gozar sem nada fazer...
São Jorge nem desceu do seu cavalo. Voltou para onde viera triste e deprimido, com saudades dos tempos do dragão. O dragão dava sentido à sua vida. Ele definia a sua identidade: ele era um guerreiro... Agora, perdida sua identidade de guerreiro, sua vida havia perdido o sentido.
Não lhe fora ensinada na escola a arte do gozo, de não ter deveres. Sua vida tornou-se então um grande vazio. Quanto à linda donzela, ele olhava para ela e tinha uma saudade imensa dos tempos do dragão...
Aposentadoria é quando o dragão vira donzela, quando a batalha dá lugar ao gozo. Mas isso, simplesmente gozar, não nos foi ensinado. E mergulhamos, então, na tristeza da depressão...
Rubem Alves
fonte:http://www.puntel.com.br/artigos/?CODNOT=82

domingo, 25 de outubro de 2009

Cortella: pensar no futuro
Para o educador e filósofo Mário Sérgio Cortella, é muito grave que atual geração do mundo ocidental não pense no futuro.
Algo muito grave está acontecendo no mundo contemporâneo, advertiu o educador e filósofo Mário Sérgio Cortella, durante suas reflexões no Espaço Cultural CPFL. Segundo ele, a atual geração do mundo ocidental está invertendo, de modo perigoso, uma postura histórica da humanidade.

"De uma maneira geral na história humana a geração atual cuida da próxima. Cuida dos recursos, da sobrevivência. Cuida da possibilidade de meios de existência", observou.
A atual geração, contudo, vai na direção contrária. "Talvez sejamos a primeira geração de humanos no Ocidente que não cuida da próxima geração".
Existem vários motivos para essa postura antiética, acredita Cortella.

"A voracidade do nosso cotidiano, a maneira como nós desmontamos as condições de existência coletiva e, à medida que o egonarcisismo é mais presente, acabamos esgotando as condições de existência no futuro."

O educador identifica as possíveis consequências dessa forma da atual geração se posicionar em relação às gerações futuras: "Em outras palavras, estamos fazendo o que se chama de saque antecipado do futuro. Sacando o futuro por antecipação. Gastando o futuro por antecipação."
Uma nova forma de encarar o futuro, a responsabilidade com as novas gerações, é no entanto possível, acredita Cortella. Pela própria capacidade humana de criar. "O ser humano é capaz de dizer que é possível fazer de outro modo. E não desistir. E ser capaz exatamente de reinventar. E essa é uma capacidade forte nossa."










sábado, 24 de outubro de 2009

"A arte é a gata borralheira,

que ficou em casa porque teve que ser".

Fernando Pessoa

Você não pode faltar.

terça-feira, 20 de outubro de 2009


Um livro muito interessante:
"Você quer o que deseja?
de Jorge Forbes,psicanalista e psiquiatra
BASTA DE QUEIXAS

Todo mundo se queixa o tempo inteiro. Do tempo: um dia do calor, outro dia do frio. Do trabalho: porque é muito, ou porque é pouco. Do carinho: “que frieza”, ou “que melação”. Da prova: “dificílima”, ou “fácil demais”. E dos políticos, e da mulher, e do marido, e dos filhos, e dos tios, avós, primos; do pai e da mãe, enfim, de ter nascido.


A queixa é solidária, serve como motivo de conversa, desde o espremido elevador até o vasto salão. A queixa é o motor de união dos grupos, é sopa de cultura social; quem tem uma queixa sempre encontra um parceiro. A queixa chega a ser a própria pessoa, seu carimbo, sua identidade: “Eu sou a minha queixa”, poderia ser dito. A queixa deveria ser a justa expressão de uma dor ou de um mal-estar, mas raramente ocorre assim. É habitual que a expressão da queixa exagere em muito a dor, até o ponto em que esta, a dor, acaba se conformando ao exagero da queixa, aumentando o sofrimento. É comum as pessoas acreditarem tanto em suas lamúrias que acabam emprestando seu corpo, ficando doentes, para comprovar o que dizem.


A causa primordial de toda queixa é a preguiça de viver. Viver dá trabalho, uma vez que a cada minuto surge um fato novo, uma surpresa, um inesperado que exige correção de rota na vida. Se não for possível passar por cima ou desconhecer o empecilho, menosprezando o acontecimento que perturba a inércia de cada um, surge a queixa, a imediata vontade de culpar alguém que pode ir aumentando até o ponto em que a pessoa chega a se convencer paranoicamente que todos estão contra ela, que o mundo não a compreende e por isso ela é infeliz, pois nada que faz dá certo, enquanto outros, com menos qualidades, obtém sucesso.


Ouvimos destes aquele lamento corriqueiro, auto-elogioso: “acho que sou bom ou boa demais para esse mundo, tenho que aprender a ser menos honesto e mais agressivo...” Conclusão: se não fossem os outros, ele, o queixante, seria maravilhoso. Por isso, toda queixa é narcísica.Temos que acrescentar que a queixa não surge só de uma dor ou de um desassossego, mas também quando se consegue um tento, uma realização. Aí a queixa serve de proteção à inveja do outro – sempre os outros ! ... – e tal qual uma criança que esconde os ovos de páscoa até o outro ano, o queixante não declara sua felicidade para que ela não acabe na voracidade dos parceiros podendo ele curti-la em seu canto, escondido, até o ano que vem, quando o coelhinho passa de novo.Em síntese, três pontos: a queixa é um fechamento sobre si mesmo, uma recusa da realidade e um desconhecimento da dor real. Não confundamos: é importante separar a queixa narcísica da reivindicação justa, mas isso é outro capítulo.

Aliás, é comum o queixoso se valer da nobreza das justas reivindicações sociais para mascarar seu exagerado amor próprio.Um momento fundamental em todo tratamento pela psicanálise é o dia em que o analisante descobre que não dá mais para se queixar. Não que as dificuldades tenham desaparecido por encanto, mas que o “tirem isso de mim”, base de toda queixa, perde seu vigor, revela-se para a pessoa todo o seu aspecto fantasioso. É duro não ter para quem se queixar, não ter nenhum bispo, um departamento de defesa dos vivos como tem o dos consumidores.

A pessoa pode perder o rumo, não saber o que vai fazer, nem mesmo saber quem é.Nesse ponto, a condução do tratamento há de ser precisa: há que se ajustar a palavra à vida, conciliar a palavra com o corpo, fazer da palavra a própria pele até alcançar o almejado sentir-se “bem na própria pele”. Também será necessário suportar o inexorável sem se lastimar e abandonar a rigidez do queixume pela elegância da dança com o novo.Mais importante que uma política de acordos, que é feita a partir de concessões de posições individuais, é estar em acordo com o movimento das surpresas da vida, dos encontros bons ou maus.
E tudo isto sem resignação, mas com o entusiasmo da aposta. Basta de queixas.


RESERVE ESTA NOITE PARA REFRESCAR A ALMA...

19 DE NOVEMBRO:QUINTA-FEIRA

20h no Cine Theatro Municipal de Jaboticabal

MÚSICA, POESIA E SUA COMPANHIA




domingo, 18 de outubro de 2009

A VIDA É UM VERBO
A linguagem é criada para o uso diário, é criada para a vida mundana. No que diz respeito a isso, ela é boa. É perfeitamente adequada para o mercado, mas quando você começa a mergulhar em águas mais profundas, ela se torna cada vez mais inadequada- não apenas inadequada: ela começa a ficar absolutamente incorreta.
Por exemplo, pense nestas duas palavras: experiência e experienciar. Quando você usa a palavra experiência, ela lhe transmite uma sensação de conclusão, como se algo tivesse chegado a um ponto final. Na vida não existem pontos finais. A vida não sabe absolutamente nada sobre pontos finais - ela é um processo contínuo, um rio eterno. O objetivo nunca chega. Está sempre chegando, mas nunca chega. Portanto, a palavra experiência não é correta. Ela transmite uma noção falsa de conclusão, de perfeição.Faz com que você sinta que chegou. Experienciar é muito mais verdadeiro.

No que diz respeito à vida de verdade, todos os substantivos são errados, só os verbos são verdadeiros. Quando você diz:”Isto é uma “ árvore” , está fazendo uma afirmação errada do ponto de vista existencial. Não do ponto de vista linguístico ou gramatical , mas do ponto de vista existencial você está fazendo uma afirmação errada, porque a àrvore não é uma coisa estática. Ela está crescendo. Ela nunca está em um estado de “ausência de ser”, está sempre se tornando algo. De fato, chamá-la de árvore não está correto. Ela está arborescendo. O rio está enriezando.
Se você olhar a vida a fundo, os substantivos desaparecem e só ficam os verbos. Mas isso criará um problema no mundo lá fora.
Você não pode dizer às pessoas:”Eu fui a um enriezando” ou”Esta manhã, vi uma linda arborescendo”. Elas iam achar eu você ficou louco! Mas nada é estático na vida. Nada está em repouso.

Maturidade nada tem a ver com as experiências exteriores da vida. Tem algo a ver com a sua jornada interior, com as experiências do seu interior. Maturidade é um outro nome para realização: você chegou à plenitude do seu potencial, tornou-se você de verdade. A semente empreendeu uma longa jornada e floresceu.
Fonte: Faça o seu coração vibrar.Osho

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ASSALTO
“Isso é um assalto!” Rendo-me não dá para fugir.
A sensação é de pânico, o que vai acontecer agora? O desamparo é enorme.
Não há ninguém por perto para pedir socorro. Também como fui entrar neste beco sem saída?
Não estava atento, é isso, achei que daria para seguir em frente.
Não adianta chorar, não fui irresponsável, estava com pressa , precisava cuidar da vida e talvez não tenha reparado na sinalização.
Passam mil coisas na cabeça, o corpo sente um tremor que paralisa meus movimentos, com exceção do movimento veloz das ideias.
A visão está turva, o coração bate descompassadamente e lágrimas começam a rolar, sem pedir licença.
"Meus Deus me ajude, não aguento mais tanta ameaça".
Ouso gritar mas a voz não sai, o medo é muito grande e engole o som.
“È um assalto”, “isso é um assalto”, o tempo todo, martelando em meus ouvidos. O que fazer?
Quem poderá me tirar dessa situação?
Aqui dentro está o grande ditador- o assaltante , que rouba a minha paz, a minha segurança , que me rende de uma forma implacável.
Ele me domina totalmente, faz de mim o seu joguete , ele ,o indesejável inquilino, que habita todas as minhas entranhas .O medo é o grande vilão, o que rouba todo o meu prazer, toda a minha vida.
É o que me deixa de mãos atadas, com a mente indefesa e com os punhos cerrados.
Quero me livrar dele, quero rendê-lo. O que faço?
Preciso aproximar e desmascará-lo. Rastejando e soluçando, avanço ,só assim conseguirei o meu objetivo: Vencê-lo.
Eis que chego ,onde ele está?
Desapareceu como bolhas de sabão.




T.A.G. Trantorno de Ansiedade Generalizado


"se caracteriza por um estado permanente de ansiedade, sem nenhuma associação com situações ou objetos.A pessoa com TAG sofre diversos incômodos subjetivos e/ou físicos a cada instante de sua existência, por motivos injustificáveis ou desproporcionais.Trata-se de uma percepção errônea ou exagerada de perigo que, de forma imaginária, está sempre ali, perseguindo, rodeando, invadindo".
..."È o estado de vigília permanente; a luz acesa que nunca se apaga"!

..."È uma ansiedade crônica, que leva a pessoa a começar o dia em busca de algum motivo de preocupação,desnecessário, não importando se o problema é trivial ou doloroso.
Sintomas somáticos: taquicardia, sudorese, cólicas abdominais, náuseas, arrepios, dores musculares, tremores, ondas de calor ou calafrios, adormecimentos, sensação de asfixia, dificuldade para engolir, perturbações do sono e fatigabilidade.
Sintomas psiquícos: tensão, apreeensão, insegurança, dificuldade de concentração, sensação de estranheza, nervosismo,etc.
A ansiedade excessiva estabelece uma conexão direta com o futuro que talvez nunca exista".

fonte de pesquisa/livro: MENTES COM MEDO/ DA COMPREENSÃO Á SUPERAÇÃO : Ana Beatriz B. Silva

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Isso também faz parte do pacote
Na história de José no Egito encontramos um fato que nos faz pensar como funciona a vida e como podemos lidar com seus altos e baixos.

O Faraó Do Egito teve um sonho:”sete espigas subiam de uma mesma haste, granuladas e belas. Mas eis que sete espigas mirradas e queimadas pelo vento oriental nasciam atrás delas. E as espigas mirradas devoraram as sete espigas granuladas e cheias”(Gn41,5-7).José explica o significado do sonho ao Faraó: “ Eis que vêm sete anos em que haverá grande abundância em toda a terra do Egito; depois lhe sucederão sete anos de fome e se esquecerá toda a abundância na terra do Egito...”(Gn41,29-30). Juntamente com a explicação do sonho, José aconselhou o faraó a guardar 20% de tudo o que era produzido anualmente no Egito durante os sete anos de fartura(cf.Gn41,33-36).Assim,quando vieram os sete anos de fome, o Egito conseguiu sobreviver a ela (cf.Gn41,53-57).
Esse fato nos ensina que a vida é feita de altos e baixos, e o nosso desafio é compreender que também nos momentos difíceis é possível crescer. Os altos e baixos fazem parte não só da nossa vida física(saúde),psicologia(emoção),profissional(financeira),mas também espiritual. Santo Inácio de Loyola fala dos dois estados de espírito que costumam se alternar em nós: a consolação e a desolação.A consolação é um estado em que nos sentimos profundamente unidos a Deus.Já a desolação é um estado em que nos sentimos radicalmente separados de Deus. O fato é que há uma alternância inevitável entre consolação e desolação em nossa vida de fé.
O que você pode fazer então no tempo da consolação?
Antes de tudo,agradecer a Deus.Ela é um dom d”Ele para você.Você pode também anotar o que você experimenta no tempo da consolação, para isso ser lembrado quando a desolação vier.Isso equivale a guardar os 20 % do seu suprimento espiritual para você não morrer de fome no tempo da sua aridez espiritual.outra coisa importante: não se deixe encher de soberba. Você não vai ficar sempre “no alto”.
Se é assim, o que fazer, então, no tempo da desolação?
Primeiramente,não tome nenhuma decisão importante sobre o rumo da sua vida. O momento mais errado para se decidir sobre coisas importantes é quando não estamos bem, quando as coisas não estão claras dentro de nós.Em segundo lugar, dedique-se com mais intensidade `a oração, apesar da secura espiritual que você sente. Quem se mantém fiel à oração mesmo quando se sente separado de Deus, está reagindo positivamente à sua desolação e deixando o terreno preparado para Deus lançar nele as novas sementes de consolação. Em terceiro lugar, não se deixe vencer pelas tentações – elas são fortes no tempo da desolação! Tenha paciência e espere pela consolação que virá, sabendo,porém, que ela virá quando e como Deus quiser que venha.

Refletindo sobre o trecho da história de José no Egito e sobre os conselhos de Santo Inácio sobre a consolação e a desolação, você deve ter percebido que o pacote da vida não contém só abundância, mas também necessidade; não contém só consolação mas também desolação. Há pessoas que perdem o humor – e às vezes até a fé – quando têm que lidar com os “baixos” da vida. São pessoas imaturas,tanto psicológica e espiritualmente. Aprendemos com a maturidade psicológica e espiritual do apóstolo Paulo: “ aprendi a adaptar-me às necessidades; sei viver modestamente, e sei também como me comportar na abundância; estou acostumado com toda e qualquer situação: viver saciado e passar fome; ter abundância e sofrer necessidade.Tudo posso naquele que fortalece”(Fl4,11-13).
Saciedade e fome, alegria e tristeza,vitória e derrota, consolação e desolação, tudo isso faz parte do pacote chamado Vida.
Aceite essa realidade e aprenda a tirar proveito dela para o seu crescimento humano e espiritual.
Deus te abençoe e te fortaleça.
Pe Paulo C. Mazzi

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O amor não termina, o amor é abandonado.
Deixa-se de cuidar dele, de alentá-lo, de provocá-lo. É largado de lado, como uma bicicleta que perde o fio luminoso das correias. A bicicleta continua na mesma garagem, mas há preguiça de consertá-la. Qualquer um vive sem a bicicleta, recorre ao carro, ao ônibus, ao trem, às próprias pernas. Mas não existe como apagar a sensação dos cabelos voando para trás em uma lombada, a vertigem da alegria. O amor é insubstituível, ainda assim é possível fingir que ele não existe.

Ninguém deixa de amar e me arrisco ao fazer essa afirmação. Deixa-se, entretanto, de alimentar o amor. O corpo se condiciona a jejuar. O corpo aceita o que damos a ele. O corpo é um indigente. Acostuma-se a receber esmolas quando poderia trabalhar para se sustentar. É um faz-de-conta. Mais fácil acreditar que acabou o amor do que resolvê-lo, do que arriscar as aparências.



As pessoas, muitas vezes, se preocupam em dizer que estão felizes, em provar que estão felizes, do que em aceitar a espontaneidade das relações. Os erros espontâneos das relações. As virtudes espontâneas das relações. O amor não depende de provas. Ele é invisível, pede somente que sejamos visíveis por ele. Quando é amor (e não atração ou carência) não há como enterrar. Ele fica pairando sobre as fotografias, os costumes, os nomes das coisas e dos lugares, pronto para falar. Amor verdadeiro manda na gente.


Por isso, não se explica o fim dele. Quem ama pode até se enganar para continuar vivendo, mas viverá recalcado e confuso. O amor não depende do que é certo ou errado, do que é normal ou direito, escapa ileso do julgamento. Ele permanecerá dentro, com a argola pronta para ser puxada. Ainda que seja uma granada ou uma aliança. O amor é a linguagem que se criou para nomear o mundo. Como fugir da linguagem fundada por dois amantes em segredo? O amor não precisa morrer para se reencarnar. Conheço casais que viveram separados por anos e, sempre que se encontram, tremem de susto por um beijo ou uma aproximação. Vão viver à espera de uma coincidência. Que triste, né? O amor não renasce, nós que renascemos para ele. Vive-se para se proteger do amor, a verdade é esta, dura e particularmente impessoal. Somos educados a reprimir o amor, a não deixar que ele entre, porque ele incomoda e desarticula. Somos educados a dizer não às verdades, a deixar para depois, a pensar primeiro na estabilidade financeira.
Não esqueço uma lição da minha avó. Ela lia os obituários do jornal. A primeira seção que consultava. Observava com atenção a história e as fotografias dos falecidos para encontrar semelhanças com a sua. Um dia perguntei porque ela fazia isso. Respondeu: "para ficar com medo da morte ao invés de ficar todo o tempo com medo da vida".
fonte:
blog, carpinejar :Fabrício Carpinejar

domingo, 11 de outubro de 2009


"Sorrir, amar, perdoar, compreender, relaxar...
Esses são remédios poderosíssimos, e que não estão à venda
nas farmácias.
O efeito colateral é a felicidade".
Hermógenes
Certas coisas.
Certas coisas não se podem deixar para depois.
Muitos poemas perdi pensando: "depois escrevo","agora estou almoçando"ou "consertando a porta".
Assim, adiei - perdi o melhor de mim.
Certas coisas não podem deixar para depois, e nisto incluo; frutos no galho,mudanças sociais,certas coxas e bocas e esta manhã que se esvai.
Certas coisas não podem deixar para depois :
o amor não se adia como se adiam o imposto, a viagem, a utopia.o desejo sabe o que quer,detesta burocracia.
Feito depois, o amor é murcha lembrança do que, não - sendo, seria.
Certas coisas não podem deixar para depois,
como o amor e as pessoas, não se pode recuperar a poesia.
Fonte: Affonso Romano de Sant'Anna

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Tempo de Graça!
O Tempo de graça é Kairós. Os gregos usaram esta palavra significando o “tempo certo”. A outra palavra grega que serve para dizer do tempo é “Cronos". Esta refere-se ao tempo sequencial enquanto que Kairós se diz de um momento indeterminado que acontece no “cronos” em que tudo é especial. É um tempo qualificado; o tempo de Deus acontecendo no tempo dos homens.
Embora esse tempo de qualidade seja o de Deus, e mesmo Deus sendo onipotente, pela liberdade concedida ao homem, Kairós só pode acontecer para o humano se assim for permitido. É preciso que o ser humano queira Deus em sua vida. Enquanto conseguimos medir o tempo humano, o tempo de Deus, Kairós, nunca é medido, mas esse tempo divino pode ser experimentado se entendermos essa experiência como um acontecimento que parte do interior, do mais profundo que há no homem, e de sua essência; lá onde não há rancor, nem ódio, mas um profundo conhecimento do próprio homem e da vida humana.
Então se torna fácil e seguro dizer: é “tempo certo!” Tempo certo para tomar decisão ao entender a finalidade de nossa vida, para que fomos criados e porque existimos. Quando se entende qual é a primeira vocação humana e qual o plano de Deus para cada um, deve-se acreditar; “é tempo certo, da graça”.
Em síntese falo que o Tempo da Graça é contemplação da vida e de como ela acontece; nessa vida contemplamos algo a mais e entendemos o porque somos felizes. Pois a finalidade desse tempo da graça é proporcionar ao humano a felicidade plena sem que isso signifique negar o que se vive no cronos.
Restam-nos, como humanos e seres dotados de inteligência, permanecer atentos aos acontecimentos da Vida e da história para perceber que a ação de Deus aconteceu e que sempre acontecerá em nosso tempo. Tudo como um ciclo sem fim que culminará na realização total do ser humano enquanto PESSOA; um ser de relações!
Enfim, que possamos perceber a vida sempre marcada pelo tempo de Deus que é “graça” e como o cantor Gonzaguinha cantava: “viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”.
Essa belíssima reflexão é de Rosinei Erasmo, seminarista, aluno do terceiro ano de Teologia do Seminário Nossa Senhora do Carmo de Jaboticabal.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sexta-feira passada foi um dia histórico para o Brasil.


As olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro representam uma oportunidade única para mostrar ao mundo nossa alegria, beleza e talento – o Brasil será o centro das atenções do mundo inteiro. Mas as olimpíadas significam mais do que o prestígio internacional: mais de 88 bilhões serão investidos na nossa economia.

É muito dinheiro e ele poderá ser usado para criar serviços públicos decentes, gerar empregos e ajudar a tirar crianças do tráfico de drogas. Mas enquanto o Brasil ainda festeja a vitória do Rio, políticos e empreiteiros já estão rateando os 88 bilhões que serão investidos.Para o as Olimpíadas sejam realmente incríveis, temos que dizer NÃO para a corrupção e SIM para o espírito olímpico de excelência e honestidade. Se nós agirmos agora podemos passar a lei “Ficha Limpa” que irá banir políticos corruptos das eleições de 2010.

Clique no link para apoiar esta campanha – vamos ganhar o ouro Olímpico e mudar a política brasileira para sempre: http://www.avaaz.org/po/olimpiadas_rio2016

Com a descoberta do pré-sal, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 o Brasil está vivendo um momento de oportunidades sem precedentes – poderemos nos igualar às nações mais fortes e desenvolvidas do mundo. Poderemos erradicar a pobreza, ter uma economia forte e solucionar nossos problemas ambientais. Mas para isso precisamos primeiro garantir que as nossas grandes riquezas e os cofres públicos não serão mais esvaziados por uma classe política criminosa.

A Campanha Ficha Limpa foi desenvolvida pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral que apresentou ao Congresso semana passada um projeto de lei que vai impedir que políticos condenados por crimes graves se candidatem nas próximas eleições. Esta campanha é uma revolução na cultura política brasileira. Depois de décadas testemunhado indignados a roubalheira dos políticos no nosso país, nós brasileiros finalmente podemos excluir das próximas eleições -nas quais iremos escolher os “gestores” da Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016 - políticos notoriamente envolvidos em atos de corrupção. Clique no link para fazer a sua parte. Sem corrupção o Brasil vai longe.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

MICO x CURINGA
O jogo faz parte da nossa infância e também da nossa maturidade.
Ele é universal e é sinal de saúde, pois facilita o crescimento, os relacionamentos, a comunicação, a criatividade.
Os jogos são nossos companheiros lúdicos.Com eles nos divertimos, aprendemos, e quando não tomamos cuidado nos viciamos.
A psicologia o tem como instrumento de avaliação e de tratamento , pois acredita que através da atividade lúdica elaboramos nossos conflitos e emoções.
Sempre há jogos novos que vão se adequando as necessidades dos novos tempos; se antes brincávamos de pião, amarelinha e jogávamos bugalha ou banco imobiliário hoje os jogos de computador estão com tudo e são os mais procurados por pessoas de todas as idades
Mas alguns jogos permanecem , são clássicos como o baralho.
Gostaria nesse momento de refletir sobre duas cartas: o mico e o curinga, que são usadas no Jogo do Mico e no Jogo do Buraco respectivamente.
O Mico é um jogo de criança. Consiste em distribuir todas as cartas e os jogadores devem formar pares de bichos (casal) e quem ficar com o mico perde o jogo.
Analisando esse jogo, percebemos que há uma mensagem embutida nessa brincadeira: devemos buscar fazer par com alguém, buscar o igual , essa é a regra.Ser diferente é ser sózinho e daí perdedor.
O macaco é um animal que identificamos com movimento, com a liberdade, com ser alegre, provocativo, podemos também supor que essas características são indiretamente rejeitadas. Há implícita a mensagem de que devemos nos assemelhar uns aos outros, e que o diferente é rejeitado, excluído.
O “buraco” é um jogo para mais idade, sua exigência é que façamos canastras, isto é, que busquemos integrar cartas diferentes numa sequência determinada.O curinga, aqui tem um papel fundamental. È a carta diferente e que portanto faz a diferença. Ele é desejável, pois se liga á qualquer carta, substitui qualquer uma,daí podemos pensá-lo como símbolo da totalidade.

É a diferença que não agride, que não tem como resultado a exclusão.
Que bom seria se na vida vivessemos assim as diferenças; se ao olhar para as pessoas pensássemos como a singularidade delas poderia nos beneficiar.
Não haveria a necessidade de leis para o ingresso de pessoas negras á faculdade, de pessoas com deficiências na escola ou no mercado de trabalho,
A sociedade estaria sempre desejando e buscando o diferente, aquele que porta uma característica especial para que pudesse somar..
A moda também não seria tão ditadora em seus padrões de beleza e nós não seríamos tão infelizes com nossas características físicas.
A sabedoria traz a possibilidade de termos um olhar mais inclusivo.e então, entenderíamos que o diferente vem para acrescentar, para criar a totalidade.
Mas somos seres ainda em formação e muito a aprender. Quem sabe um dia aprenderemos a apurar o nosso olhar, ampliar o nosso coração e não sermos tão narcisistas.Como lembra Caetano Veloso: “Narciso acha feio o que não é espelho”
Quem sabe um dia o belo viverá a sua liberdade e os seres humanos serão mais felizes.
Quem sabe um dia conseguiremos olhar para as pessoas e não rotulá-las só porque são gordas, magras, porque usam pirçes, tatuagens, ou porque são negras ou homossexuais.
Quem sabe um dia possamos olhar pessoas com deficiências físicas ou mentais e desejar tê-las conosco para completar as nossas deficiências, tais como as de carinho, amizade, inocência, alegria.
Para que tudo se torne real só depende de cada um de nós. Que tal começar hoje um novo tempo.
escrito em 2005 para o Jornal da APAE de Jaboticabal

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Nesta vida temos três professores importantes:
o "Momento Feliz",
o "Momento Triste"
e o "Momento Difícil".
O "Momento Feliz" mostra o que não precisamos mudar.
O "Momento Triste" mostra o que precisamos mudar.
O "Momento Difícil" mostra que somos capazes de superar.
(Mário Quintana)
DESANDO A RIR.

É difícil explicar uma alegria. É fácil explicar uma tristeza. Uma alegria é descoberta. Tristeza é invenção. Queria dormir como uma criança que não quer dormir. Há dias tão cansados que me escapa o sono. O rosto de quem dorme demais é o mesmo rosto de quem dorme de menos. As olheiras são fundas como um convés inclinado. Quando não penso, desando a rir. Amar um corpo não é deixar acontecer, amar um corpo é concentração. É procurar no corpo o que o corpo não vê. É enxergar onde a respiração se repete em música. Ser natural é mais do que ser espontâneo. Ser natural é esquecer. Ser espontâneo é tentar esquecer. Existir é uma violência. A gente escreve para existir menos. Ao escrever, a gente escolhe. Ao existir, a gente é escolhido. Ter consciência não me fez mais prevenido. Minhas mãos são joelhos sentados. Não sou o que aprendi. Sou o que falta aprender.
Fabrício Carpinejar

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

DOS VERSOS DE ARRUMAR A CASA

Adorei ler uma matéria de Carlos Solano na revista Bons Fluídos sobre "Trovas e versos para arrumar a casa".
"Ora via quem estava, ora viva quem chegou!
quem estava é uma rosa, quem chegou é uma flor!"

"Salva eu vim, salva eu serei;
com a chave de Deus, aqui entranrei"

"Pra tudo há felicidade, prá lavar a roupa também.
Mas, no dia em que não faz sol, a roupa não cora bem".

"Santa Clara, clareai, santa Rita, espalhai:
santo Antonio, mandai sol para enxugar o meu lençol".


Eu estava na varanda quando o meu amor chegou.
Deu um vento na roseira, a sala encheu de flor!"

"E varre, vassourinha, acaricia o solo do meu bem:
"Tanta laranja madura, tanto limão pelo chão,
tanto amor se derrama de dentro do meu coração!"


"Mãe Maria, Mãe Divina, lavadeira de sinhá...
lava as chagas de seus filhos, joga nas ondas do mar..."

"Bendita seja a luz do dia e bendito Quem a cria!
Cuida de mim, se adoeço, vele por mim, se adormeço,
e me acorda devagar..."

"Adeus, meu filho, vou-me embora!
Você fica aí com Deus,
que eu vou com Nossa Senhora!"










Apontadora de Idéias

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São Paulo, Brazil
"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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