O Amor em tempos de sobrecarga Recentemente encontrei uma matéria muito interessante escrita por Sandra R. S. Baldessin ,no blog abaixo citado, sobre uma palestra proferida em Rio Claro , pelo psiquiatra Ivan Capellato, profissional do qual admiro muito e estou tomando a liberdade de transcrevê-la , com o objetivo de que estas ideias girem para todos que visitam este blog.
"Ivan Capellato psicanalista trouxe a definição do que seria esse “tempo de sobrecarga”, o momento que vivenciamos na contemporaneidade: tempos difíceis onde, em todas as áreas da vida em sociedade prevalecem o individualismo, a competitividade e a violência, dificultando o estabelecimento de vínculos afetivos e comprometendo o pleno desenvolvimento emocional de crianças e adolescentes.
Algumas das estatísticas predominantes nesse “tempo de sobrecarga”, apresentadas por Ivan, são muito alarmantes, como por exemplo, a informação da Organização Mundial de Saúde de que o Brasil é o segundo país do mundo no que se refere ao consumo de drogas pesadas e também em relação ao suicídio de crianças e jovens (só na região de Campinas foram 208 mortes entre janeiro e maio).
Para o psicanalista, essa questão do suicídio está intimamente ligada aos desequilíbrios afetivos.O único antídoto possível contra esse desequilíbrio é o amor que se traduz na “mesmice do cuidado” – expressão usada por Ivan, para quem, cuidar é a única forma de amor possível.
Nesse contexto, o amor-cuidado surge como a maior herança que os pais podem deixar aos filhos.
Não se trata de somente “investir” nos filhos, visando torná-los individualistas e competitivos, mas de estar presente e cuidando, de não ser indiferente à necessidade de apego e à angústia que deriva dessa necessidade e precisa ser satisfeita no vínculo afetivo que permite “estruturar uma identidade capaz de suportar a sobrecarga”.Essa espécie de amor-cuidado é ridicularizada nos tempos de sobrecarga. Os pais que cuidam, muitas vezes são acusados de não contribuírem com a autonomia, a independência dos filhos que, por sua vez, também se tornam alvo de piadinhas. A verdade é que a insegurança dos tempos de sobrecarga e a falência da afetividade têm levado os adolescentes e os jovens à prática de um comportamento cada vez mais destrutivo, demonstrando que os vínculos humanos não podem ser substituídos por mercadorias, as quais, supostamente, supririam necessidades que só o amor pode suprir.
Ivan Capellato finalizou sua explanação afirmando que os tempos de sobrecarga configuram a “sociedade da descrença”: não se acredita mais na ética, nos valores, nos princípios de convivência e reciprocidade, inclusive no seio das famílias".
