
Sobre relacionamentos conjugais
..."Observemos um casal que vive uma relação de casamento. O desequilíbrio maior surge quando um dos dois dá um passo à frente em direção à sua vida. Esse passo que é muito transgressivo em relação à sua situação acomodada, deveria gerar um passo também do cônjuge. Se isso acontecesse, ambos estariam equilibrados e sua dinâmica seria natural. No entanto, o que mais acontece como reação a um passo à frente é que o outro dá um passo para trás. O desequilíbrio então se estabelece e uma situação não-dinâmica atravanca o processo vital.

...Quando um cônjuge esboça transformações em sua pessoa, implicando transformações na relação, o outro muitas vezes cobra justamente os compromissos assumidos, dando um passo para trás. Não reconhece que seus direitos de apego não têm o menor valor numa relação em que o compromisso explícito é o relacionamento. Se, numa relação, alguém se modifica, o pacto é este: todos devem se colocar em movimento. A reação de dar um passo para trás- expondo carências, coletando justificativas ou evocando direitos- é um apego que, em si,é a maior das traições ao sonho assumido em pacto".
Nilton Bonder em A ALMA IMORAL