
Artigo publicado em: 20/03/08 por Antonio Ricardo Nahas
Picolé da alma
Quando criança adorava os picolés.
O meu recorde foram oito picolés em poucos minutos. Cada um de um sabor! Morango, abacaxi, creme holandês, limão, chocolate, coco queimado e uva. Que delícia!
Os picolés são mágicos. O vendedor de picolés é um grande vendedor de cores e sabores, quem sabe de verdades metafísicas.
Aquele carrinho carregava dentro de si sonhos e paisagens. Cada gosto me levava para um lugar diferente.
Enquanto chupava o picolé, minha mente viajava pelo mundo todo. Meditava nos mistérios da vida e do universo.
Cada pingo que caia fazia-me lembrar o quanto a vida é transitória.
Quando a gente chupa picolés não se pode perder tempo. Isso porque o calor também gosta dos picolés.
Talvez sejamos picolés! Cada um tem o seu sabor e a sua cor. Alguns são doces como o creme holandês, outros azedos como tamarindo.
Ou quem sabe somos todo o carrinho, lotado de picolés com todos os sabores e cores.
Mas todos os picolés têm o seu tempo. Alguns derretem mais rapidamente, outros demoram mais.
O fato é que todos nós derretemos no calor do tempo e da vida.
A cada dia um pingo de vitalidade se perde no calor da temporalidade.
Ficamos mais velhos e mais líquidos. O tempo tem o poder de derreter a solidez de nossos egos picolés.
O sólido ego no fluxo da existência vai transformando-se no líquido “self” da essência.
Todos os dias nós derretemos um pouquinho mais no calor da vida. E a vida é quente, muito quente.
Alguns derretem com sabedoria. Mas a maioria briga com os pingos coloridos que caem na terra.
Envelhecer não é nada fácil. Aceitar a transitoriedade da vida e o fato de que somos “hebreus”, para muitos, é experiência de terror.
Hebreu significa aquele que está de passagem. Somos passantes. Somos picolés.
A única coisa que não derrete é o palito. Mas o que é o palito?
O palito é a estrutura dos picolés. A coluna vertebral que dá suporte e base para o sólido que tem como destino o líquido.
O palito não derrete e pode até ser reaproveitado.
O que em nós não derrete com o tempo?
O que em nós permanece quando tudo é transitório?
Naqueles tempos já sabia que os picolés eram metáforas humanas. Brincar com os picolés é arte iniciática. É penetrar nos mistérios da vida e da morte.
Cabe a nós derreter com sabedoria e amor.
Porque cada gota que cai na terra será um dia uma nuvem no céu.
http://www.intirp.com.br/index.php
O meu recorde foram oito picolés em poucos minutos. Cada um de um sabor! Morango, abacaxi, creme holandês, limão, chocolate, coco queimado e uva. Que delícia!
Os picolés são mágicos. O vendedor de picolés é um grande vendedor de cores e sabores, quem sabe de verdades metafísicas.
Aquele carrinho carregava dentro de si sonhos e paisagens. Cada gosto me levava para um lugar diferente.
Enquanto chupava o picolé, minha mente viajava pelo mundo todo. Meditava nos mistérios da vida e do universo.
Cada pingo que caia fazia-me lembrar o quanto a vida é transitória.
Quando a gente chupa picolés não se pode perder tempo. Isso porque o calor também gosta dos picolés.
Talvez sejamos picolés! Cada um tem o seu sabor e a sua cor. Alguns são doces como o creme holandês, outros azedos como tamarindo.
Ou quem sabe somos todo o carrinho, lotado de picolés com todos os sabores e cores.
Mas todos os picolés têm o seu tempo. Alguns derretem mais rapidamente, outros demoram mais.
O fato é que todos nós derretemos no calor do tempo e da vida.
A cada dia um pingo de vitalidade se perde no calor da temporalidade.
Ficamos mais velhos e mais líquidos. O tempo tem o poder de derreter a solidez de nossos egos picolés.
O sólido ego no fluxo da existência vai transformando-se no líquido “self” da essência.
Todos os dias nós derretemos um pouquinho mais no calor da vida. E a vida é quente, muito quente.
Alguns derretem com sabedoria. Mas a maioria briga com os pingos coloridos que caem na terra.
Envelhecer não é nada fácil. Aceitar a transitoriedade da vida e o fato de que somos “hebreus”, para muitos, é experiência de terror.
Hebreu significa aquele que está de passagem. Somos passantes. Somos picolés.
A única coisa que não derrete é o palito. Mas o que é o palito?
O palito é a estrutura dos picolés. A coluna vertebral que dá suporte e base para o sólido que tem como destino o líquido.
O palito não derrete e pode até ser reaproveitado.
O que em nós não derrete com o tempo?
O que em nós permanece quando tudo é transitório?
Naqueles tempos já sabia que os picolés eram metáforas humanas. Brincar com os picolés é arte iniciática. É penetrar nos mistérios da vida e da morte.
Cabe a nós derreter com sabedoria e amor.
Porque cada gota que cai na terra será um dia uma nuvem no céu.
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