segunda-feira, 17 de junho de 2013


Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.


Pablo Neruda

domingo, 9 de junho de 2013

LEE SIEGEL, - O Estado de S.Paulo/09/06/2013
 
A FACE OCULTA DO NOVO

 
notícia causou frisson na minha cidade suburbana ao lado de Nova York. Um rapaz de 17 anos, a poucas semanas de concluir o ensino secundário, parou diante de um trem de subúrbio em movimento, Teve morte instantânea.
 
Como sempre ocorre quando se noticia um suicídio, a questão de por que ele o fez torturou familiares e amigos do jovem. Atormentou estranhos, também, porque o suicídio é o mais íntimo dos tipos de violência. Ele nos faz perguntar não somente por que determinada pessoa o cometeu, mas por que alguém o faria, confrontando-nos assim com o aspecto mais despojado da existência. Mas desta vez a tentativa de entender o mistério por trás de um suicídio cobriu-se de especial urgência. É que, segundo estudo divulgado algumas semanas atrás, o número de americanos que estão se matando atingiu um nível sem precedentes.
No período de 1999 a 2010, o suicídio de americanos entre 35 e 64 anos de idade cresceu quase 30%. Mais pessoas nos Estados Unidos morrem hoje pelas próprias mãos do que em acidentes de carro. Entre homens na faixa dos 50 anos, a taxa de suicídio cresceu 50%.
Os intelectuais imediatamente se lançaram à tarefa de tentar entender a nova e assustadora estatística. Quando tiverem terminado, o crescimento da "autochacina" nos Estados Unidos terá sido eclipsado por confortadoras explicações racionais:
há mais pessoas solitárias do que nunca; há mais gente armada que nunca; pessoas em áreas rurais são mais propensas a se matar do que em lugares mais densamente povoados; os chamados baby-boomers - pessoas nascidas durante a onda de prosperidade do pós-2ª Guerra entre 1946 e 1964 - têm expectativas impossivelmente altas que simplesmente não podem se realizar no mundo real.
Todos esses fatores são difíceis de provar, e têm importância apenas limitada.
As verdadeiras razões por que o suicídio está em ascensão, em especial entre homens na faixa dos 50, são desconcertantes demais para serem abordadas diretamente. Isso porque são o lado escuro de tendências que estão sendo constantemente comemoradas.
Comecemos pela desintegração familiar. De cada canto da sociedade comercial, ser solteiro é projetado como a existência ideal. O mercado prefere os consumidores apressados, propensos a gastar, a membros de famílias que tendem a poupar para o futuro. E gratificar os sentidos, todos os sentidos, é bem mais fácil quando não se está comprometido com outra pessoa.
Depois, há a internet, a invenção social mais impactante desde o automóvel. A web é direcionada para o indivíduo solitário, não para a família, ou mesmo o casal. As pessoas se conectam na rede por várias razões, é claro, algumas de cunho prático ou mundano, mas quem se conecta quase sempre o faz sozinho, para satisfazer um ou outro impulso. Nesse contexto, não é a solidão que pode levar alguém ao suicídio. É o fato de que ficar solitário se tornou uma condição tão normal que está ficando cada vez mais difícil estar com outras pessoas. Os desafios e complicações decorrentes de se estar envolvido com outros estão se tornando insuportáveis para psiques acostumadas à existência solitária, vivida diante de suas telas.
Isso não significa que o capitalismo americano, incansavelmente inventivo, seja culpado do crescimento da taxa de suicídios ou algo assim. Países socialistas como os do norte da Europa têm taxas de suicídio notoriamente altas. As pessoas nessas sociedades com frequência têm tantas coisas de suas vidas decididas e administradas em seu favor que sua força de vontade se atrofia e um tédio mortal se instala. Mas o consumismo insanamente acelerado nos Estados Unidos, que de maneiras sutis e explícitas faz do celibato uma condição heroica, isola o indivíduo quando torna mais difícil para ele ou ela lidar com outros indivíduos.
Além das décadas de desintegração familiar, as décadas de erosão de simplesmente todo tipo de autoridade também separaram as pessoas das estruturas sociais que antes as sustentavam em tempos de dificuldade emocional. Tanto na cultura popular como na intelectual elevada, o padre, o ministro, o médico, o policial, o estadista foram todos expostos como fraudes ocultando a luxúria e a ganância por trás da fachada de autoridade enquanto abusavam cruelmente de seu poder.
 Algumas maçãs podres estragaram toda uma colheita da humanidade. Antigamente, uma pessoa angustiada podia recorrer a uma figura consoladora cuja competência fora sancionada pela sociedade. Agora, quando os salva-vidas sociais são todos acusados de não saber nadar, a sensação de não ter a quem recorrer ficou ainda mais aguda.
O preço proibitivo da assistência médica também joga com certeza um papel. Não poder pagar um profissional da saúde tem um efeito extremamente danoso em pessoas deprimidas propensas ao suicídio. Elas nem sequer conseguem obter uma receita de antidepressivo porque, ou não podem pagar a consulta de um médico que o receitaria, ou não podem pagar o próprio remédio.
Mas como a maioria dos suicídios parece ser de homens na faixa dos 50 anos, a principal razão do seu desespero é a rápida obsolescência de seu tipo social. A obsessão americana pela juventude tornou esses homens invisíveis. A rápida sucessão das novas ondas de tecnologias os fez sentir que já não se enquadram em seu ambiente. As mazelas econômicas dos últimos anos os privaram do emprego e da autoestima. E a intensificação da historicamente atrasada ascensão das mulheres - boa, positiva e necessária - tomou-lhes mais um pouco de terreno.
É difícil falar de todos esses desdobramentos como fatores por trás do aumento da incidência de suicídios porque tais fatores - cultura jovem, tecnologia, a mudança para uma economia de informação, a capacitação (de um certo grupo) de mulheres - são tendências de ponta das quais os Estados Unidos se orgulham. E quando as estatísticas de uma sociedade contradizem sua autoimagem, torna-se uma tarefa urgente dessa sociedade manter seu estado de espírito feliz justificando e esquecendo as estatísticas. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK



 

quarta-feira, 5 de junho de 2013


Quando eu era jovem, a

corrente que me arrastava corria forte e

rápida. A brisa da primavera derrotava-se

a si mesma, as árvores ardiam em flores e

os pássaros não dormiam, cantando sem

parar.


Naveguei vertiginosamente,

Arrebatado pelo dilúvio da paixão. Eu não

tinha tempo para ver, sentir ou deixar que

o mundo entrasse em meu ser.


Agora que a maré da juventude

Baixou e eu restei na praia, posso ouvir a

Profunda música de todas as coisas, e o céu

abre para mim o seu coração cheio de estrelas.

(Tagore, 1991,p.38)

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Consolo Na Praia

Carlos Drummond de Andrade

 
 
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humor?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
 
..."A ideia da perda é um dos polos básicos da construção poética, referindo-se a etapas da existência considerada míticas na tradição literária romântica ocidental: a infância e a juventude. O que está sendo perdido é o tempo idílico da inocência e da ingenuidade: é a fantasia de um mundo durável e claramente organizado.
Além de continuidade do substrato orgânico, há também a ideia de vida, como força, ânimo e entusismo para resistir e sobreviver ao naufrágio de certas ilusões".
Livro: Solidão-Solitude
Passagens Femininas do Estado Civil ao Terítório da Alma de Luci Helena Baraldo Mansur. Editora Edusp
 



segunda-feira, 27 de maio de 2013

 
 
Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto (…) elas nos surpreendem e nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando de penhascos. Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de dança. Quanto mais a gente convive com elas mais pesados ficamos.

quinta-feira, 2 de maio de 2013


MEGAFONES
Denise Fraga

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
 
Acho que muitas namoradas não conseguiram terminar seus falidos namoros adolescentes por culpa da famosa e melosa frase de Saint-Exupéry. Se o namorado fosse loiro como o Pequeno Príncipe, então, era quase impossível. Lá vinham os campos de trigo se misturando aos cabelos do rapaz e o rompimento ficava de novo para o sábado seguinte.
 
Fui uma delas. E, quando finalmente consegui dar adeus ao meu namoradinho cansado, ele deixou a frase grudada por fora no vidro da janela do meu quarto para que eu nunca mais pudesse olhar o horizonte sem a culpa necessária pelo que eu estaria deixando para trás.
Alguns anos de análise cuidaram disso. Esqueci a frase, perdoei Saint-Exupéry e devo ter acumulado, como qualquer um de nós, uma lista de pessoas cativadas abandonadas por minha responsabilidade.
Mas, dia desses, o Pequeno Príncipe apareceu em minha cabeça num curioso embate com Carlinhos Brown e Marisa Monte. "Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem..."
 
Assim, isolados, os versos da canção dos Tribalistas me pareceram a trilha perfeita para as redes sociais. Nós nos livramos do peso da frase do Pequeno Príncipe ao seu cativante aviador, mas, mesmo se assim desejássemos, não daríamos mais conta de nutrir tantos seres cativados por nossos posts, tuitadas e cliques. Nossa responsabilidade pelo que cativamos já pode até ser medida em número de "curtidas", mas o retorno personalizado ao curtidor fica cada vez mais raro.
 
Viramos todos oradores em praça pública.
 
 Outro dia, ouvi numa conversa: "Não dá mais pra falar para uma pessoa só. É perda de tempo". E foi aí que a frase adolescente ressurgiu para mim cheia de sentido e desprovida de todo o açúcar.
Nós nos tornamos responsáveis pelo que cativamos porque é no outro que nos reconhecemos. Como que refletidos em espelhos variados, garantimos a certeza da nossa existência a partir de onde reverberamos. É a partir do outro que tomamos posse de quem somos. Do outro. E não dos outros. Um de cada vez montando o rico mosaico que compõe nossa personalidade.
 
Porque não existe Fulano. Existe o Fulano que se lê nos olhos de quem o recebe. Dois olhos e não milhares. Porque senão não é pessoa, é persona. Uma imagem de si que se irradia sem se alterar pela convivência, pelo recebimento, pela relação com o alheio. Um Fulano a partir de si, que mal se reconhece, mesmo com um bilhão de curtidas.

 
Denise Fraga é atriz e autora de "Travessuras de Mãe" (ed. Globo) e  Globo). Escreve a cada duas semanas na versão impressa do caderno "Equilíbrio".
fonte: "http://www1.folha.uol.com.br/colunas/denisefraga/1270511
 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

A harmonia oculta
é superior à aparente.


A oposição traz concórdia.
Da discordia
nasce a mais bela harmonia.
 
É na mudança
que as coisas encontram repouso.

As pessoas não compreendem
como o divergente
consigo mesmo concorda.
 Há uma harmonia de tensões contrárias
assim como a do arco e da lira.
o nome do arco é vida
Mas sua função é a morte.
(Heráclito)
 



segunda-feira, 1 de abril de 2013

 
 
Viajando num carro confortável
 
Viajando num carro confortável
Por uma estrada chuvosa do interior
Avistamos ao cair da noite um homem rústico
Solicitando-nos condução com um gesto humilde.
Tínhamos teto e tínhamos espaço e seguimos em frente
E ouvimos a mim dizer num tom de voz árido:"Não,
Não podemos levar ninguém conosco".
Tínhamos avançado já boa distância, um dia de viagem talvez
Com este comportamento meu
E todo este mundo.
Bertold Brecht

quarta-feira, 27 de março de 2013

Definição

O corpo é onde
é carne:

o corpo é onde
há carne
e o sangue
é alarme.

O corpo é onde
é chama:

o corpo é onde
há chama
e a brasa
inflama
.

O corpo é onde
é luta:

o corpo é onde
há luta
e o sangue
exulta.

O corpo é onde
é cal:

o corpo é onde
há cal
e a dor
é sal.

O corpo
é onde
e a vida
é quando.


Publicado no livro Canto e palavra (1965).
Affonso Romano de Sant'Anna

quinta-feira, 21 de março de 2013

 
 
Francisco

Marca, design, conduta, relações públicas, alinhamento interno: "habemus papam"

Que coisa mágica é a vida. Estava eu chegando a Buenos Aires na semana passada para uma reunião de trabalho e jamais poderia imaginar que estivesse ali naquele dia para presenciar a mão do Espírito Santo e da história.

Saí do Aeroparque, o belo aeroporto ribeirinho da capital argentina, e fui até o meu hotel trocar de roupa antes de minha reunião. Liguei a televisão e, para a minha surpresa, o papa já havia sido escolhido.

Durante a próxima hora, eu e o mundo esperamos para ver que novo papa a fumaça branca nos traria. E eis que ele chegou. Surpreendente como a vida. Um argentino. E eu em Buenos Aires.

Começava ali uma aula de comunicação para o mundo que resume e mostra de maneira instintiva tudo o que os teóricos enchem a paciência e perdem um tempo enorme para explicar: a comunicação de 360 graus.

O cardeal Jorge Mario Bergoglio mostrou sem PowerPoint nem lero-lero como uma palavra pode mudar tudo, como um nome pode ser capaz de transmitir para o mundo todo uma mensagem tão poderosa e precisa.

A palavra é Francisco.

Francisco é uma palavra rica de significados num mundo pobre de significado.

Francisco quer dizer coma moderadamente num mundo obeso. Francisco quer dizer beba com alegria num mundo que enfia a cara no poste. Francisco quer dizer consumo responsável em sociedades de governos e consumidores endividados. Francisco quer dizer o uso responsável do irmão ar, do irmão mar, do irmão vento e de todas as riquezas debaixo do irmão Sol e da irmã Lua.

Francisco é um freio de arrumação não só na Igreja Católica Apostólica Romana, mas na sociedade a quem ela deve guiar. Em 24 horas, Bergoglio pegou uma instituição que estava emparedada e a tirou da parede, transportou-a dos intramuros do Vaticano para o meio da rua, para o meio do rebanho.

Comunicar é o papel da igreja. Para isso, foram escritos o Velho Testamento e o Novo Testamento, e Jesus não deixa dúvida quando disse aos apóstolos: "Ide e anunciai o Evangelho".

Ide, ao contrário do que faz a gorda Cúria Romana, quer dizer ir, não quer dizer ficar em Roma. Quer dizer ir e anunciar.

E anunciar hoje é muito mais do que o comercial de 30 segundos. Anunciar hoje é usar todas as ferramentas disponíveis, todos os pontos de contato com seu público. Papa Francisco sabe disso muito bem.

Tanto sabe que muito antes de se apresentar ao mundo na sacada do Vaticano baixou um Steve Jobs nele, e, quando o monsenhor veio lhe oferecer uma veste toda rebuscada, Francisco Jobs retrucou: Se o senhor quiser, pode vesti-la, monsenhor, eu, não. O carnaval acabou.

É digno de reparo que Francisco não fez pesquisas nem testes antes de criar tudo isso. Não precisava. Foi buscar sua mensagem no DNA da igreja. E está escrevendo certo por linhas tortas.

Mesmo as coisas conservadoras que têm dito, coisas com as quais eu pessoalmente não concordo, são muito relevantes. A igreja não pode querer agradar a todo mundo. Ela tem que marcar territórios e significar coisas, e, ao fazê-lo, naturalmente exclui almas de seu rebanho.

Marca, design, conduta, relações públicas, endomarketing, alinhamento interno: "habemus papa".

Francisco se utilizou de todos os recursos do marketing para passar sua mensagem rapidamente, com alto impacto e precisão, para o público interno e para o público externo.

Parece até que o 3G Capital assumiu o comando da igreja. Choque de gestão, orçamento base zero, alinhamento com a cultura perdida, volta às raízes, fé no trabalho, administração franciscana e disciplina de jesuíta de santo Inácio e professor Falconi.

Paradoxalmente, Francisco hoje acredita numa gestão mais parecida com Lutero do que com a tradição romana. Mas a igreja só teve que se enfrentar com Lutero porque ao longo do tempo se esqueceu da palavra Francisco.

NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC.

quarta-feira, 20 de março de 2013

CANÇÃO DE OUTONO


Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meireles

segunda-feira, 18 de março de 2013



Igreja de Santa Sabina , em Roma
imagem do site:www.ecclesia.com.br/...
Veja a nave retangular, flanqueada aos lados por duas filas de colunas e fechada ao fundo por uma abside que acolhe o altar-mor. Se você conhecer a linguagem arquitetônica, refletirá profundamente sobre tudo isso e captará o "âmbito espiritual" que os primeiros cristãos quiseram instaurar.É um âmbito de união de um grupo de peregrinos que caminha para a pátria verdadeira.
...Quando lhes foi permitido edificar templos, os cristãos de Roma olharam ao seu redor a fim de se inspirar. O templo romano por excelência- o Panteão- possui uma planta circular e uma cúpula esférica. O círculo e a esfera são figuras "perfeitas" para os antigos, mas convidam ao estatismo, porque a partir do centro domina-se perfeitamente todo o espaço. Nada convida a percorrê-lo.Essa atitude estática corresponde muito bem à concepção romana de vida, mas se opõe ao espírito de peregrinos que caracteriza os cristãos, para quem essa  vida não é senão um prelúdio da vida verdadeira. Os primeiros cristãos rejeitaram o modelo do Panteão e tomaram a dos salões nobres denominados "basílicas". Sua forma retangular, com duas absides nos lados mais curtos e duas filas de colunas de mármore ao redor, suscitava também uma atitude estática. Para passar dessa atitude a uma que fosse dinâmica, os cristãos suprimiram uma das absides e abriram nela a porta de entrada. Eliminaram as séries de colunas correspondentes aos lados curtos e fecharam as laterais. O altar, eles o situaram diante da abside restante. E dessa forma conseguiram criar uma linha diretriz horizontal que dirige o olhar do cristão para o altar, que é o ponto de confluência comum.
Alfonso López Quintás- Inteligência criativa/descoberta pessoal de valores

quinta-feira, 14 de março de 2013

 
 
"Para chegar ao outro lado, é preciso abandonar o barco seguro dos hábitos e seguranças anteriores e andar sobre a água,como Pedro. Isso só funciona enquanto Pedro está orientado para Cristo. No momento em que percebe a ventania e as ondas, ele afunda".
Andreas Ebert

segunda-feira, 11 de março de 2013

"Onde não se admite a tristeza, ela bloqueia o fluxo da vida, e surge a depressão.Muitas vezes ela é encoberta com comprimidos ou extravasada com álcool. Assim não é possível deter o círculo vicioso. A tristeza precisa de um "container"uma pessoa ou um grupo onde possa existir e tenha lugar". Andreas Ebert

segunda-feira, 4 de março de 2013

Poder, dinheiro e sexo
Folha de São Paulo/04/03/ 2013
 
imagem da internet
 
"Meu Deus, eu queria tanto ouvir um pecado novo." Esta frase me foi dita por uma amiga minha, uma verdadeira dama, citando um padre amigo seu.
Esta fala revela a repetição dos temas humanos: dinheiro, poder, sexo. Nada há de novo embaixo do sol, como diz a Bíblia Hebraica. Iniciantes acham que há.
Posso imaginar a monotonia do confessionário. Para nós, mero mortais, a ideia, por exemplo, de uma mulher contando suas infidelidades, reais ou imaginárias, é uma delícia de luxúria. Para o apreciador do sexo frágil, o segredo do mundo está entre as pernas das mulheres.
Aliás, a luxúria é um dos sete pecados capitais. E pecado é coisa séria, apesar de hoje estar na moda achar que não existem mais pecados. Eu, que sou um medieval, creio mais neles do que nas ciências humanas.
Ingênuos acreditam que a vida mudou em sua "essência". Mesmo o caso do Vatileaks repete a velha história de poder, dinheiro e sexo.
Mesmo Jesus, em seus 40 dias no deserto (que por sua vez simbolizam os 40 anos do povo hebreu perdido no Sinai, pós-Egito), foi tentado nesta velha chave: poder, ouro, mulheres.
Mas existe uma hierarquia nesta estrutura. Por exemplo, ninguém nunca perdeu mulher perseguindo dinheiro (ouro), mas sim perdeu muito dinheiro perseguindo mulher, portanto, dinheiro é mais essencial e seguro do que começar por mulheres. Uma vez tendo o dinheiro, elas virão.
"Sabedorias" como essa falam do pecado, essa marca de nossa natureza humana.
Prever o comportamento humano a partir do pecado é quase uma ciência exata.
Uma coisa chata sobre essa ciência exata do pecado é justamente ela furar nossas utopias.
E o mundo moderno, assim como é o tempo da técnica e da ciência, é também o tempo da mentira moral generalizada que se diz utopia.
Adianto que não uso pecado aqui como algo necessariamente religioso, mas sim como traço de comportamento verificável do tipo "ratinho do Pavlov": os sete pecados capitais funcionam "cientificamente" melhor do que a luta de classes.
Lembre, por exemplo, da inveja que seu colega de trabalho tem quando você tem mais sucesso do que ele.
E se ele não reagir de modo banal, isto é, babar de inveja, saiba que você está diante de alguém de caráter. Coisa rara.
As feias querem matar suas colegas mais bonitas. A única esperança das feias é que as bonitas sejam mesmo burras e superficiais.
Mas a luxúria é top. Depois da revolução sexual pensamos que a luxúria não existe mais e que "sexo salva". Pensar isso é coisa de iniciante.
O que caracteriza o pecado é que ele extenua a pessoa. A ideia mais perto disso é a ideia de vício. Vício em drogas, álcool. Luxúria seria o vício no sexo.
Alguns especialistas acham que não existe vício em sexo e que falar disso é simplesmente ser "moralista" ou ter inveja de quem faz muito sexo.
Eu suspeito de que quem acha que não existe vício em sexo é que não faz sexo o suficiente, por isso não sabe o que é estar submetido a um desejo que destrói a alma.
Neste caso, a simples visão de uma mulher, suas pernas, sua voz, seus gestos, implica no silêncio do resto do mundo.
Os antigos e medievais entendiam mais da natureza humana do que nós, principalmente porque eram menos utópicos e não sofriam dessa bobagem de achar que é a "ideologia" que determina quem somos.
A "crítica da ideologia" é uma das pragas contemporâneas e virou uma espécie de fetiche do pensamento, que nos impede de ver o óbvio: poder e dinheiro trazem sexo, seja homem ou mulher, isso não é "ideológico".
Quase todo mundo faz quase o tempo todo quase tudo por poder, dinheiro e sexo.
Sobre o risco de conceitos virarem fetiche, o livro de Luís de Gusmão, "O Fetichismo do Conceito" (Topbooks), é uma pérola. Recomendo para quem acredita em "mitos".
Autores como Evagrio Pônticos (345-399), Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274) podem nos ensinar bastante sobre natureza humana.
Saia da moda e leia os antigos e os medievais. Para eles, o pecado é a perda da autonomia da vontade. Quem nunca viveu isso, que se cale e vá brincar.
 
Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo, religião, niilismo, ciência. Autor de vários títulos, entre eles, "Contra um mundo melhor" (Ed. LeYa). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".

sábado, 2 de março de 2013

Como é bom saber que ainda há jovens que acreditam no Amor.
Esse texto é de Guilherme Palazzo

     imagem: Leonid_ Afremovi_by

"E assim o filho ia vivendo. Vivia apenas por viver? Acredita-se que não, mas não tinha emoção. Todo dia, quando chegava da escola, era a mesma
ideia sobre as coisas. Nada parecia mudar sua percepção. Nada parecia fazer com que ele olhasse para uma maçã e percebesse o que estava além da maçã.
 Você percebe? Certo dia chegou da escola e não só ele, como também sua mãe, perceberam que algo havia mudado. Foi uma mudança tão repentina quanto o breve olhar que fitou em
uma garota na escola. Apesar da brevidade, aquela imagem ficou martelando em sua cabeça até a hora ue chegou em casa.
Nada pôde fazer naquele momento em que não houve troca de olhares, pois já era hora de ir embora. Mas falaremos disto
depois. Almoçou normalmente e adivinha o que havia de sobremesa? Maçã. Pegou-a como quem pega algo muito frágil. Ficou ali, parado, olhando e apreciando uma beleza que jamais
soubera ver. Para ele o tempo não estava passando, mas na verdade estava e estava tão rápido, que ele não conseguia acom-
panhar...então preferiu se sentir estático para eternizar aquele momento. Sua mãe passou e não mais que por impulso perguntou :
"Você ainda está ai filho? O que está acontecendo?" Ele nem se quer ouviu o que sua mãe disse pois estava muito concentrado, mas logo a indagou:
 "Mãe, o que é o amor?" Ela não sabia exatamente o que responder, aquela pergunta a havia deixado surpresa e, ao mesmo tempo,
não sabia se era a hora certa para tentar explicar. Pestanejou. Hesitou. "Bem filho, o amor é...como posso lhe explicar...o amor é por si só, a sua plenitude."
- Disse. Pensou rápido que se ele havia feito tal pergunta, era porque estava sentindo algo diferente e mesmo pensando que
ele não havia entendido sua explicação, saiu de perto e o deixou pensando. O garoto nem ao menos sabia o que era plenitude e, instigado pelo momento, foi logo ao dicionário que guardava no
 criado-mudo de seu quarto. Procurou. Achou. Leu. Entendeu. Entendeu? Ah, sim! Entendeu a oalavra, mas e o amor?"
Você o entende? Você o quer entender? Não seria melhor senti-lo? Não se ateve mais ao que sua mãe disse, apenas olhou
para a maçã e sentiu, mesmo sem entender. Já estava tarde, apesar de não parecer aquele momento solene o roubara a tarde e parte da noite.
Deitou-se e sua única pretensão aquela noite era sonhar com aquele belo rosto. No dia seguinte, fitou novamente a garota com seu olhar tímido e solitário, mas agora com uma certeza.
A certeza de que ela lhe remetia a algo que aconteceu anteriormente, mesmo não a conhecendo de lugar algum.
 Ficou muito confuso apesar de tal certeza e, entendeu menos ainda, mas sentiu. Era o amor. Era o olhar diferente para a maçã. Era o olhar para qualquer objeto eo transformá-lo para
sua realidade, para algo que te faz bem. Ele amou aquela garota, a amou com os olhos. Amou com a certeza da incerteza do que iria acontecer e era isso que brotava o sentimento a cada dia. A vontade de não entender, para ai sim entender
como o amor era belo, singelo.
 Sua garra e determinação pelo sentimento eram tamanhos, que levaram tal garota à idolatria. Sim, ele conseguia amar com os
olhos! Voltou para casa com um sorriso estampado em seu rosto que jamais ousara mostrar. Apenas sentou à mesa como um dia normal e, mesmo sentindo tudo que queria sentir, não
pediu conselhos à sua mãe, pois não queria tentar entender. Sua maior vontade daquele momento em
diante, era que alguém lhe perguntasse se sua vida teria valido a pena, para que ele pudesse encher o peito de orgulho e dizer: sim, pois eu amei."

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Às vidas na UTI


É comum ouvir por aqui e por acolá: “Fulano está nas últimas. Foi parar até na UTI, coitado”. É como se o destino de quem precisasse da unidade de emergência máxima de um hospital já estivesse selado e o calcanhar do cidadão já começasse a afundar na cova. Parar ali seria como se apresentar na antessala de são Pedro.
Essa aberrante história da médica do Paraná que, ao que tudo indica, dormia fora da casinha e adotava procedimentos heterodoxos na unidade que chefiava, pelo menos pode servir para chamar mais a atenção para aqueles que precisam, em algum momento, ficar em um local de tratamentos intensivos.
Como ex-hóspede de UTIs por três vezes (após serviços de funilaria na coluna e nas pernas tortas), penso que as unidades não devem jamais ser vistas como o pavilhão da morte, como a porta de entrada do além.
Os locais são, sim, as esferas máximas da ciência e da inteligência humana em prol da vida, em prol da recuperação da carcaça abatida, da mente desgastada, de ajuste após uma pane no sistema de controle de poder acordar e fazer tudo igual ou não.
É na unidade de terapia intensiva que os médicos mais profundamente agarrados aos valores humanos deveriam trabalhar. Para eles, fazer diferenciação no modo de tratar os que ali estão seria impensável, impraticável e impossível.
No sangue desses profissionais só correria garra de fazer mais, os batimentos cardíacos só gritariam “para a frente, para a frente” e suas pressões arteriais, equilibradíssimas, empurrariam para caminhos de esperança, de novas possibilidades.
Na UTI, só deveriam entrar aqueles capacitados para serem incansáveis em acreditar na recuperação dos outros, aqueles mais sensíveis para entender que, para cada um dos internos de sua unidade, há uma família aflita por esperança e por boas-novas.
Quando alguém entra em um serviço de tratamento intensivo, fica do lado de fora um caminhão de dúvidas: quantas vezes vão escovar seus dentes e cuidar dos cabelos? Quem fará os movimentos do seu corpo enquanto a mente estiver descansando? O clima lá dentro é de esperança ou é insosso?
Já ouvi relatos de barbaridades ditas por profissionais que atuam com pessoas que supostamente estavam “para lá de Bagdá”, entubadas, aparelhadas, sedadas ao máximo, mas, em alguns casos, conscientes.
Mais uma vez, aqui, penso que essa área hospitalar teria de, permanentemente, relembrar entre a equipe suas funções, suas missões, suas obrigações médicas, morais e de humanidade.
Ir “parar na UTI” deveria ser entendido como o momento em que tudo será feito para que você tenha uma nova chance de seguir adiante. E quem é bem acolhido em uma situação dessas, quem resgata a existência após uma experiência dessas, tende a ser agraciado com pacotes imensos de esperança a ser distribuída.
Há vidas nas UTIs. Há pessoas agarradas à fé de que a evolução do homem é tão maravilhosa que é capaz de resgatar qualquer um de seu suposto ponto final. Xô aos incrédulos que querem abreviar o caminho de quem brecou em uma curva, mas que ainda tem muita estrada adiante!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


Santo Antão vivia no deserto, quando se aproximou um jovem:
“Padre, vendi tudo que tinha e dei aos pobres. Guardei apenas umas poucas coisas para me ajudar a sobreviver aqui. Gostaria que me ensinasse o caminho da salvação”.
Santo Antão pediu que o rapaz vendesse as poucas coisas que havia guardado, e – com o dinheiro – comprasse carne na cidade. Na volta, devia trazer a carne amarrada em seu corpo.
O rapaz obedeceu. Ao voltar, foi atacado por cachorros e falcões, que queriam um pedaço da carne.
“Eis-me de volta”, disse o rapaz, mostrando o corpo arranhado, mordido, e as roupas em frangalhos.
“Aqueles que dão um passo novo e ainda querem manter um pouco da vida antiga, terminam dilacerados pelo próprio passado”, foi o comentário do santo.
 “Melhor livrar-se de tudo, antes de dar o próximo passo, e acreditar que pode sobreviver apenas porque teve coragem”.
Paulo Coelho

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Lado Obscuro de cada um de Nós
 
Passou no seu casamento por aquilo que é quase um facto universal - os indivíduos são diferentes uns dos outros.
 Basicamente, constituem um para o outro um enigma indecifrável. Nunca existe acordo total. Se cometeu algum erro, esse erro consistiu em ter-se esforçado demasiadamente por compreender totalmente a sua mulher e por não ter contado com o facto de, no fundo, as pessoas não quererem saber que segredos estão adormecidos na sua alma. Quando nos esforçamos demasiado por penetrar noutra pessoa, descobrimos que a impelimos para uma posição defensiva e que ela cria resistências porque, nos nossos esforços para penetrar e compreender, ela sente-se forçada a examinar aquelas coisas em si mesma que não desejava examinar. Toda a gente tem o seu lado obscuro que - desde que tudo corra bem - é preferível não conhecer.

Mas isto não é erro seu. É uma verdade humana universal que é indubitavelmente verdadeira, mesmo que haja imensas pessoas que lhe garantam desejar saber tudo delas próprias. É muito provável que a sua mulher tivesse muitos pensamentos e sentimentos que a tornassem desconfortável e que ela desejava ocultar de si mesma. Isto é simplesmente humano. É também por este motivo que tantas pessoas idosas se refugiam na própria solidão, onde não serão incomodadas. E é sempre sobre coisas de que elas não desejariam estar muito cientes. O senhor não é, obviamente, responsável pela existência destes conteúdos psíquicos. Se, apesar disto, ainda for atormentado por sentimentos de culpa, reflicta então sobre os pecados que não cometeu e que gostaria de ter cometido. Isto poderá eventualmente curá-lo dos seus sentimentos de culpa relativamente à sua mulher.

Carl Jung, in 'Cartas'

figura: da intenet

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Quaresma - Frei Beto/2012






 
Entro nessa Quaresma sem fantasia, disposto às abstinências que resgatam, no mais íntimo de mim mesmo, a minha verdadeira identidade.
Calarei a língua ferina e não macularei a fama alheia exposta em público no varal de minhas cordas vocais.
Não darei ouvidos a inconfidências, nem ao ruído ensurdecedor das palavras vãs de quem só escuta a própria voz.
Fecharei o olhos para ver melhor e abrirei as janelas à revoada dos anjos.
Contemplarei as montanhas ocas de minha terra e derramarei uma lágrima por seus úteros arrancados e sonegados ao meu povo.
Nesta Quaresma, riscarei de meu dicionário o vocábulo competitividade e com aquarelas de utopias gravarei no coração solidariedade.
Irei ao encontro de quem ainda luta por direitos animais: comer, beber, educar a cria e abrigar-se das intempéries.
Só assim costurarei minha humanidade esgarçada.
Jejuarei da ânsia consumista e ofertarei meu supérfluo tão necessário ao próximo.
Abrirei a janela do carro e afagarei as crianças de rua, filhos de minha imobilidade frente a tantas injustiças.
Pagarei, com juros, a minha dívida social.
Farei de Jesus parceiro de aventuras e deixarei que o seu Espírito engravide o meu.
Buscarei o silêncio orante e meditarei para inebriar-me da espiritualidade do conflito.
Adotarei o Sermão da Montanha como estatuto pessoal e acertarei meus passos nas trilhas de Gandhi, Che Guevara e Luther King.
Arrancarei toda erva daninha - ciúme, inveja, ira - do canteiro de meus amores e cultivarei copas frondosas de quaresmeiras coloridas de ternura.
Serei perdulário com o bom humor e espalharei alegria como o ar que nos é dado a respirar.
Nesta Quaresma, participarei da Campanha da Fraternidade e direi não às drogas - as que me consomem horas de vida no cuidado envaidecido de meu corpo e as que me aprisionam no medo de lutar contra as iniqüidades.
Desfraldarei a bandeira de minha indignidade e revelarei esperanças que, olhos no futuro, me fazem acreditar num belo horizonte.
Peregrino solitário e solidário, irei às fontes do transcendente.
Ao encontrar meu próprio poço,mergulharei como um menino em suas águas profundas, até que o Pai de Amor me acolha em seus braços, dando-me de beber o vinho pascal do homem novo.













Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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