domingo, 13 de novembro de 2011








A beleza, conquanto avara e rara, não é nunca amarga.







Assim como dizem que o riso faz bem à saúde, acho que um dia descobrirão que, servida desde cedo em doses certas, a beleza debela o cancêr da alma.



Tempo de delicadeza/Affonso Romano de Sant'Anna
Meu Deus, dai-me olhos e mãos amorosas para amar e servir a quem está proximo de mim.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011



"O que é doloroso demais lembrar, simplesmente escolhemos esquecer". O inconsciente pessoal se revela em lapsos da língua e em reações emocionais fortes (tanto positivas como negativas) a outras pessoas. Na maioria das vezes, expressa o seu conteúdo na produção de sonhos, arte, poesia e outros símbolos espontâneos.



Fonte: Despertando na meia-idade(Tomando consciência do seu potencial de conhecimento e mudança) de Kathleen A. Brehony

terça-feira, 8 de novembro de 2011



Quando quero ficar humilde eu visito os açougues,entro em um em um, pra ver as mulheres de chinelo de borracha, apertando os pedaços com aqueles dedos grossos que não merecem anéis.

Dizem que todo mundo tem uma crucificaçãozinha particular que é muito boa pra abaixar o orgulho e é mesmo.



A simplicidade é aquela que em todas as leis divinas deixa para os que vão perecer toda verbosidade, ostentação e preciosidade, enfeites e curiosidade, e vai atrás da medula e não da casca, do conteúdo e não do continente".(escritos de São Francisco).



Fonte: Adélia Prado /Solte os cachorros / Record editora








sexta-feira, 4 de novembro de 2011






A boa manhã
Rubem Braga




Apenas passo os olhos pelos jornais; jogo-os fora, alegremente, porque eles pretendem dar-me notícia de muitos problemas, e eu não tenho nem quero problema nenhum.


Acordei um pouco tarde, abri todas as janelas para o sábado louro e azul, e o mar me deu bom-dia. Passa um pequeno barco branco no mar de safira: como vai ligeiro, como vai contente, com seu bigodinho de espumas brilhantes! Uma ave se detém um instante peneirando, depois mergulha na vertical em grande estilo; quando volta, um pequeno peixe brilha em seu bico.


Chupo uma laranja, e isto me dá prazer. Estou contente. Estou contente da maneira mais simples - porque tomei banho e me sinto limpo, porque meus braços e pernas e pulmões funcionam bem; porque estou começando a ficar com fome e tenho comida quente para comer, água fresca para beber.


Nenhuma tristeza do mundo nem de meu passado me pega neste momento. Tenho prazer em ver que a Ilha Rasa está lá direitinha, em seu lugar, com o farol branco. Vejo ao longe, saindo da praia, dois amigos; estão conversando e rindo. Tomaram seu banho de mar, vão almoçar; estou contente porque os amigos vão bem e suas mulheres esperam crianças. Saúde e prosperidade! Estou contente porque recebi uma boa notícia. Nada de extraordinário, mas uma notícia muito simpática.

Sei que o mundo está cheio de horríveis problemas - e eu mesmo, pensando bem, tenho alguns bem chatos. Mas não estou pensando neles; estou vivendo nesta fresca manhã um momento de bem-estar, de felicidade.
Ora, considerando que a felicidade é uma suave falta de assunto, eu me despeço de todos com um cordial bom-dia e vou almoçar.



Não quero contar prosa, mas tenho arroz, feijão, carne, alface, laranja, pão, tudo o que um ser humano necessita para viver bem.


Um velho amigo vem honrar a minha mesa; falaremos com simpatia das mulheres bonitas desta formosa capital. Conversa de brasileiros! Bom dia, passem bem todos com suas mulheres, com seus amigos, com suas amantes também.

(“Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

imagem da internet




Do que eu preciso?

Anna Veronica Mautner*


A fronteira entre acumular pensando no futuro e o vício de guardar coisas inúteis parece tênue e é preciso saber reconhecê-la. Desde pequenos, quando ganhamos nossa primeira caixinha ou gaveta para guardar brinquedos, até adultos, donos de nossas casas, temos de exercer constantemente o poder de decisão -saber o que guardar e o que jogar fora, sem chorar depois.


Viver rodeado do passado pode ser confortável, mas afundar nele é pesado e acaba tendo como resultado a sensação de que o nosso futuro -os sete palmos de terra- já está aqui. Com espaço, é fácil manter ordem e encontrar o que procuramos. Cada coisa tem um tempo de vida -e há também a hora certa de se desfazer delas.


Vivendo em tempos de obsolescência precoce, como no caso dos aparelhos eletroeletrônicos, desfazer-se é imposição, com tempo previsto pelos fabricantes. Rádio velho poucos guardam. De roupas, louças e engenhocas ninguém sabe quando é hora de se desfazer. Nem estou falando ainda sobre o mar de papéis a nos inundar o cotidiano, cujo prazo de guarda é estabelecido pelo governo e por estatais.


A Receita Federal exige que todo cidadão guarde por uns tantos anos recibos de tudo que descontou. Eis um campo em que não se confia em computador. Para recibos ou procurações, é o papel que vale. E, quando o cidadão morre, cabe aos herdeiros, no que costuma ser um dia dos piores, remexer as intimidades oficiais do falecido. Aí, os sobreviventes decidem o que fica com quem e o que vai.


Nós, vivos, donos únicos das nossas coisas, resolvemos a cada dia o que vai e o que fica. "Será que um dia ainda vou receber para jantar ou posso passar adiante as minhas travessas?" Esse tipo de pergunta faz parte do amadurecimento, não só do envelhecimento. Quando é hora de jogar fora velhas cartas de amor? É sempre triste imaginar que ninguém vai curtir as fotografias que tanto significam para mim.


Viraram notícia os casos extremos de inutilidades acumuladas por certas pessoas, sempre gente solitária. O mau cheiro, os insetos e as queixas dos vizinhos acabam decidindo pelo indeciso acumulador. Li até um caso de uma pessoa que dormia na garagem, dentro do próprio carro (que também não era usado), por falta de outro espaço livre.

Não é só a morte a ameaça temida por aquele que acumula. Criança odeia quando jogam fora seus brinquedos, mesmo os velhos e quebrados. Freqüentemente o espaço privativo dos jovens vira depósito de camisetas, tênis, meias, CDs e engenhocas que eles pretendem reciclar um dia -que nunca chega. Numa kitchenette de jovem, encontramos dois copos e dois pratos, mas no corredor estão penduradas dez mochilas pelo menos.

O apego nem sempre resulta de escassez, traumas ou carência. É muito mais uma forma de protelar a chegada do dia de amanhã e de continuar fazendo de conta que hoje é ainda ontem.


A síndrome de "juntar coisas" com a falta de espaço gera um estresse que nos torna mais indecisos ainda e menos seguros para jogar fora. O que importa para usar amanhã, esse dia tão desconhecido?


Para não jogar nada fora, basta ter medo do amanhã.

[...] Cada coisa tem um tempo de vida, e há também a hora certa de se desfazer delas

*Anna Veronica Mautner, psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, é autora de "Cotidiano nas Entrelinhas" (ed. Ágora)
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Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0507200701.htm

terça-feira, 1 de novembro de 2011



Artigo publicado em: 20/03/08 por Antonio Ricardo Nahas


Picolé da alma

Quando criança adorava os picolés.
O meu recorde foram oito picolés em poucos minutos. Cada um de um sabor! Morango, abacaxi, creme holandês, limão, chocolate, coco queimado e uva. Que delícia!
Os picolés são mágicos. O vendedor de picolés é um grande vendedor de cores e sabores, quem sabe de verdades metafísicas.
Aquele carrinho carregava dentro de si sonhos e paisagens. Cada gosto me levava para um lugar diferente.
Enquanto chupava o picolé, minha mente viajava pelo mundo todo. Meditava nos mistérios da vida e do universo.
Cada pingo que caia fazia-me lembrar o quanto a vida é transitória.
Quando a gente chupa picolés não se pode perder tempo. Isso porque o calor também gosta dos picolés.
Talvez sejamos picolés! Cada um tem o seu sabor e a sua cor. Alguns são doces como o creme holandês, outros azedos como tamarindo.
Ou quem sabe somos todo o carrinho, lotado de picolés com todos os sabores e cores.
Mas todos os picolés têm o seu tempo. Alguns derretem mais rapidamente, outros demoram mais.
O fato é que todos nós derretemos no calor do tempo e da vida.
A cada dia um pingo de vitalidade se perde no calor da temporalidade.
Ficamos mais velhos e mais líquidos. O tempo tem o poder de derreter a solidez de nossos egos picolés.
O sólido ego no fluxo da existência vai transformando-se no líquido “self” da essência.
Todos os dias nós derretemos um pouquinho mais no calor da vida. E a vida é quente, muito quente.
Alguns derretem com sabedoria. Mas a maioria briga com os pingos coloridos que caem na terra.
Envelhecer não é nada fácil. Aceitar a transitoriedade da vida e o fato de que somos “hebreus”, para muitos, é experiência de terror.
Hebreu significa aquele que está de passagem. Somos passantes. Somos picolés.
A única coisa que não derrete é o palito. Mas o que é o palito?
O palito é a estrutura dos picolés. A coluna vertebral que dá suporte e base para o sólido que tem como destino o líquido.
O palito não derrete e pode até ser reaproveitado.
O que em nós não derrete com o tempo?
O que em nós permanece quando tudo é transitório?
Naqueles tempos já sabia que os picolés eram metáforas humanas. Brincar com os picolés é arte iniciática. É penetrar nos mistérios da vida e da morte.
Cabe a nós derreter com sabedoria e amor.
Porque cada gota que cai na terra será um dia uma nuvem no céu.
http://www.intirp.com.br/index.php

domingo, 30 de outubro de 2011

foto da internet


Vista cansada
Otto Lara Resende


Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.


O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar.


Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe.


De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu.


Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho.


Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.


Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.Mais sobre Otto Lara Resende e sua obra em "
Biografias".

sexta-feira, 28 de outubro de 2011



A Cruz e o Ícone de Nossa Senhora em nossa cidade









Uma grande emoção











Alegria e muitas lágrimas de felicidade e de fé





Encontro Mundial da Juventude/Rio 2013

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

imagem: rockwellmirror



Vá em busca de si mesmo!







Entre o sono e o sonho, entre mim e o que em mim é o quem eu me suponho, corre um rio sem fim. Fernando Pessoa, inspirado poeta, leitor sensível da alma humana, pode traduzir com sutileza o desafio de cada existência.




Onde se dará nosso despertar de compreensão?


Vamos de crises em crises, aprendendo aos tropeços, sofrendo de ansiedade, estresse e cansaço. É preciso compreender que não é a crise que nos encontra, somos nós que a produzimos. Isso se dá porque não fluímos bem nos movimentos da mudança, nesse rio sem fim, que costumamos chamar de vida.


A mudança é o ritmo no qual o mundo caminha e só há um jeito de se dar bem com ela, aprendendo a mudar também. O maior paradoxo, a contradição mais coerente da mudança é que é preciso mudar para ser quem se é.




É preciso deixar de ser quem não somos, de fazer o que não queremos e viver o que não gostamos. Se olharmos atentamente nossa realidade, vamos perceber que muitas coisas em nosso dia a dia se encaixam nessa definição que é contrária à nossa natureza.É urgente nos armarmos de coragem e irmos a busca de nós mesmos.




É prioritário definir o que vamos fazer com o tempo que nos foi dado. É fundamental acordarmos do sono ilusório da realidade para vivermos na prática o sonho que nos comove. A crise é apenas um sinal na estrada dizendo que é hora de rever o caminho.



Vá em busca de si mesmo e não tenha medo dos desafios e das incertezas, pois as asas só aparecem quando o chão desaparece.



Texto retirado do site www.work.com.br de Dulce Magalhães - palestrante do Congresso Felicidade Autêntica

terça-feira, 25 de outubro de 2011



23/10/2011 10:54
Estado de São Paulo (SP)






De onde vêm as desigualdades - Suely Caldas


O Brasil é campeão em desigualdades. Exemplo: o governo investe míseros R$ 7,5 bilhões por ano em saneamento básico para atender o País inteiro, onde só 55% dos municípios coletam esgoto, mas em 2011 vai deixar de arrecadar R$ 116,1 bilhões isentando ou reduzindo tributos de empresas e instituições ricas. São as chamadas renúncias fiscais concedidas pelo governo federal a pretexto de desenvolver um setor econômico ou região, mas cujos resultados são duvidosos e nunca mensurados, já que não passam por nenhuma avaliação.

Dois estudos divulgados nos últimos dias questionam a eficácia da renúncia fiscal como meio de levar progresso ao País e à população. Baseado em números da Receita Federal, o cientista político do Instituto Universitário do Rio de Janeiro (Iuperj) Marcelo Sobreiro Maciel calculou em R$ 116,1 bilhões o tamanho da "generosidade" dos incentivos fiscais concedidos pelo Executivo federal em 2011. Em 2012 a cifra aumenta para R$ 146 bilhões. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) chegou ao mesmo número em 2011, mas o ampliou para R$ 137,2 bilhões ao adicionar isenções na área da Previdência.

Esse valor é mais que o dobro do orçamento de R$ 63,7 bilhões do Ministério da Educação, 10 vezes mais do que é gasto com 53 milhões de pobres do programa Bolsa-Família e 18 vezes o que o governo investe em saneamento. São desses nacos de distribuição perversa da renda nacional que os governantes acentuam as desigualdades sociais no País. É assim que - constata pesquisa do IBGE
- há mais de 20 anos os Estados do Pará, Piauí, Maranhão e Rondônia têm menos de dez cidades com esgoto sanitário e, nas centenas de outras, crianças sofrem de doenças infecciosas em contato com esgoto a céu aberto.

Além de campeão em banalização e tolerância com a corrupção, o governo Lula ergue também o troféu da liderança em generosidades fiscais. Segundo a pesquisa de Maciel, em 2003, quando Lula chegou ao poder, os incentivos fiscais somavam R$ 23,2 bilhões. Desde então foram multiplicados em ritmo acelerado e, em 2012, a conta chegará a R$ 146 bilhões, um salto de 529%. A renúncia por meio da Cofins, por exemplo, foi de R$ 1.182 bilhão, em 2002, para R$ 41.278 bilhões, em 2012, um crescimento de 4.400% em apenas dez anos.

Em geral os beneficiados são empresas de setores industriais com força política e acesso fácil ao Planalto. Formam-se lobbies em que empresários se aliam aos sindicatos de trabalhadores fortes e barulhentos e conseguem aprovar seus privilégios, com custo alto para todo o resto da população. O exemplo mais recorrente é o da indústria automobilística atuando em dobradinha com os metalúrgicos do ABC, de onde saiu Lula.

A caneta do presidente basta para conceder o incentivo, já que a decisão não passa pelo Congresso. E a eficácia do resultado é desconhecida porque o governo, único com poder de aferi-la, não se preocupa em avaliar. É o que o cientista político chama em sua pesquisa de "renascimento do capitalismo de Estado". Ou seja, o poder do Estado - aí representado pelo presidente - em distribuir generosidades de capital fiscal, logicamente com dinheiro do contribuinte, que, aliás, não é o único a perder.

O Ipea constatou que 59,42% das renúncias fiscais vêm do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados, justamente os tributos que o governo federal divide com Estados e municípios, por meio dos fundos de participação. Portanto, governadores e prefeitos também perdem dinheiro.

Há, ainda, outros riscos. Além de premiar empresas poderosas, a renúncia também financia a classe política. Como se trata de um benefício setorial, pontual, em que a escolha dos eleitos é feita sem critérios transparentes e deixa a maioria de fora, o incentivo fiscal abre janelas para a corrupção e o suborno da troca de favores entre o público e o privado, que acabam abastecendo os cofres dos partidos políticos. Foi o que a ex-governadora do Rio Benedita da Silva encontrou, por exemplo, ao rastrear os incentivos fiscais concedidos por seu antecessor, Anthony Garotinho. E, infelizmente, não é um caso isolado.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

imagem da internet


O custo das coisas é a quantia do que chamo vida que se paga em troca dessas coisas,imediatamente ou a longo prazo.



Henry David Thoreau, Walden

sábado, 22 de outubro de 2011



"Arthur Rubinstein, um grande pianista do séc.XX certa vez foi questionado sobre como conseguia usar as notas com tanta maestria, de maneira calma ele respondeu: "Eu uso as notas do mesmo jeito que os outros pianistas, mas as pausas...Ah!


É aí que está a arte.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011



"Redes de segurança genuínas deveriam atuar como um trampolim".


Zygmunt Bauman em A sociedade individuallizada:Vidas contadas e histórias vividas

quarta-feira, 19 de outubro de 2011



Impossível deixarmos de nos lembrar de J.P. Sartre e aquilo que designou como má-fé; a ilusão à qual a pessoa se apega de que tem um destino predeterminado, procurando assim eximir-se de qualquer responsabilidade sobre seus atos. Essa atitude dificulta, impede e é, ao mesmo tempo, uma defesa contra a necessidade de escolher o próprio destino, o que torna a pessoa um escravo em potencial das circunstâncias , dos papéis sociais e profissionais, de outro ser humano, de um certo "Deus" tirano, de si própria, perdendo a ascendência sobre tudo, tornando-se uma "coisa".


Livro: Psicologia do Sagrado/Psicoterapia Transpessoal de Eliana Bertolucci

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Achei muito interessante a afirmação do poeta sueco ganhador do Nobel de 2011, Tomas Transtömer em entrevista a Antonio González Iglesias, publicada ontem no jornal O Estado de São Paulo. Photo © Ulla Montan. Courtesy: Albert Bonniers Förlag




"Existe aquele que é bom

existe aquele que pode ver tudo sem odiar".

Do livro No Delta do Nilo

sexta-feira, 14 de outubro de 2011



"Uma flor nasceu na rua


Uma flor ainda desbotada


Ilude a política, rompe o asfalto.


Façam completo silêncio


Paralisem os negócios


Garanto que uma flor nasceu


Furou o asfalto e o tédio."



DRUMMOND

quinta-feira, 13 de outubro de 2011




Lao-tse dizia: "As cinco cores tornam um homem cego.Os cinco tons tornam um homem surdo."



Isso significa que, se você acha que só existem cinco cores, você está cego e, se acha que só existem cinco tons, está surdo. Como você sabe, existe um contínuo infinito de som e de cor, e o espectro é simplesmente uma questão de conveniência na classificação.


Livro:Taoísmo:muito além da busca Alan Watts

terça-feira, 11 de outubro de 2011






O Deus de bondade que pelo Filho da Virgem Maria quis salvar todos os homens, vos enriqueça com sua benção.

Seja-vos dado sentir sempre e por toda parte a proteção da Virgem, por quem recebestes o autor da vida.

Amém




foto: Basílica Nossa Senhora Aparecida

Eliete

Oração:Edições PRG-SP

domingo, 9 de outubro de 2011

Uma menina no caminho simples, disse à sua mãe:



"Estou seguindo as suas pegadas, mãe, e não quero cair.



Algumas vezes eu as vejo nítidamente.



Outras, mal posso enxergá-las



Caminhe um pouco mais firme, mãe!



Para eu poder segui-la.




Eu sei que há muitos anos você percorreu caminhos



Que não queria percorrer.



Conte-me tudo sobre este tempo, mãe,



Pois eu preciso saber.



Porque, às vezes, quando eu duvido,



Eu não sei o que fazer.



Caminhe um pouco mais firme, mãe!



Para eu poder seguí-la.





Um dia, quando eu crescer,



Você é quem eu gostaria de ser.



Então, terei uma pequena garotinha,



Que vai querer me seguir.



Eu quero poder saber conduzí-la à verdade!



Caminhe um pouco mais firme, mãe!



Para eu poder segui-la".






Livro: Normose/A patologia da normalidade



Pierre Weil/Jean -Yves Leloup/ Roberto Crema



Verus Editora






Como é bom ter mãe


Como é bom ser mãe


Como é bom ter filha


Como é bom ser filha

quarta-feira, 5 de outubro de 2011





Mas quem foi acostumado a não enfrentar problemas, tem dificuldade de se sacrificar por alguma coisa. Sacrifício, conforme definiu Jung em Símbolo da transformação na missa, é o ato de renúncia consciente, em que por opção abrimos mão de algo em nome de outra coisa mais relevante e de maior significado. Sacrifício, portanto, é o "sagrado ofício" que conduz à libertação.








...A imposição de limites, expressão de amor, de cuidado, função paterna fundamental para a estruturação do ego, são valores senex, que famílias com características puer
têm dificuldade de assimilar e, portanto, de transmitir.

(puer-criança/senex-velho)



livro: Puer-Senex/Dinâmicas relacionais de Dulcinéia da Mata Ribeiro Monteiro(organizadora)



Editora Vozes

segunda-feira, 3 de outubro de 2011



Falai de Deus com a clareza - Cecília Meireles
Falai de Deus com a clareza
da verdade e da certeza:
com um poder

de corpo e alma que não possa
ninguém, à passagem vossa,
não O entender.

Falai de Deus brandamente,
que o mundo se pôs dolente,
tão sem leis.

Falai de Deus com doçura,
que é difícil ser criatura:
bem o sabeis.

Falai de Deus de tal modo
que por Ele o mundo todo
tenha amor

à vida e à morte, e, de vê-Lo,
O escolha como modelo superior.

Com voz, pensamentos e atos
representai tão exatos
os reinos seus

que todos vão livremente
para esse encontro excelente.
Falai de Deus
.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011







O desenvolvimento para W. Winnicott não é linear e sim em espiral. Sua progressão é quase sempre seguida de uma regressão temporária que não é patológica, mas que, ao contrário, proporciona um local de descanso, uma volta à base do lar.







O amadurecimento não é sinônimo de progresso; amadurecer inclui a possibilidade de regredir a cada vez que a vida exige descanso, em momentos de sobrecarga e tensão, ou para retomar pontos perdidos. Isto se deve ao fato de que nenhuma conquista fornece título ou garantia tendo sido alcançada de novo. Por isso em uma pessoa de qualquer idade, pode-se encontrar todos os tipos de necessidades, das mais primitivas as mais tardias.




Livro: Natureza humana/Donald W. Winnicott

Muito obrigada a todos que visitam este blog

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011



Os sentimentos humanos são assim mesmo. Em se tratando de sentimentos nós não temos a impressão de "poder" que temos com os pensamentos, porque, enquanto nos parece que fazemos os pensamentos irem e virem quando nós queremos, os sentimentos têm outra autonomia, eles vão e vêm quando eles querem.



Estação Desembarque(Referências existenciais para o jovem contemporâneo) José Ernesto Bologna/Editora De Leitura

segunda-feira, 26 de setembro de 2011



Sem manutenção, a casa cai; sem semeadura , os campos morrem; e sem cultivo nossas vidas interiores ficam vagarosas e seguramente desgovernadas, de forma que quando mais precisarmos delas, quando as circunstâncias de nossas vidas experientes mais lhes exigirem, nossa fibra moral, nossa sabedoria, nossa compaixão e nosso amor não estarão mais à nossa disposição.



Livro: De volta para casa de Norman Fischer(Editora Rocco)

Imagem: Internet/ tela K. Atkinson



domingo, 25 de setembro de 2011



No filme Sociedade dos poetas mortos há uma cena exemplar a respeito dessa visão filosófica. No Welton Academy, o professor de literatura interpretado pelo ator Robin Willians pergunta aos alunos: Vocês sabem por que o homem faz ciência, medicina , química, engenharia? Para viver mais. E para que viver mais? Para ter mais tempo para usufruir da arte, da poesia, do amor".






Livro: Preciso dizer o que sinto de Eugenio Mussak



Foto: Eliete Cascaldi Sobreiro



Local: Rio de Janeiro

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Na vida

o que importa é respirar

a beleza que há em cada lugar.


as amizades que fazemos


as alegrias que vivemos



os encontros que temos Mas a vida não espera



Foto: Eliete Cascaldi Sobreiro

Local:Rio de Janeiro

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Amanheci mais






Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data.

Texto: João Guimarães Rosa:Grande Sertão:Veredas



Foto: Eliete Cascaldi Sobreiro




Local: Rio de Janeiro











segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.


João Guimarães Rosa/ Grande Sertão: Veredas


sábado, 17 de setembro de 2011



O que aprendemos até agora–Affonso Romano de Sant’Anna

"A vida vai nos levando e, às vezes, a gente pára e se pergunta: "Mas o que foi que aprendi de essencial até agora?

"Essas rugas, esses cabelos brancos, esses filhos, esses netos, todos esses corpos, casas e países habitados, todos os jornais e livros que lemos ( ou que nos leram), os animais que tivemos, tudo o que nos exibiram nos museus do espanto, enfim, tanta alegria e perplexidade, tudo isto, para quê?…

Salomão foi sintético demais quando resolveu, já no ocaso dizer"vaidade das vaidades, tudo é vaidade".Há algumas sutilizas nessa aprendizado.


Talvez o verdadeiro aprendizado comece quando descobrimos que certas perguntas não têm respostas, que a arte da vida não está em achar respostas, mas em trocar de perguntas, que as fundamentais são irrespondíveis, e que as perguntas são mais viscerais do que as respostas.

Então, como naqueles jogos em que se vai lançando dados e avançando nas casas a percorrer, a gente pode dizer para outro:"Ah! Você ainda está nessa pergunta? Olha , eu já estou nesta aqui, é ótima, ela tem me enriquecido , mobilizado, me feito viver intensamente".


Sobre o amor a julga ter aprendido algo, mas sempre se surpreende que está repetindo as lições. Ah! O amor-esse interminável aprendizado. Cada amor é um amor, cada amor um jeito de amar o próprio amor. E reconhecendo que o amor é a essência das essências, então a gente pode reconhecer que erraram os que disseram que era o trabalho, a luta de classes e a guerra que moviam a história. O que move a história e nossos pequenos gestos é o desejo. O desejo e seus desdobramentos: amor e paixão. O resto são máscaras do mesmo.

Aprendemos, então, que se ama diferentemente em cada idade. E a perícia maior na arte de amar é descobrir as sutilezas do amor que em cada idade o amor nos doa.


Aprende-se com isto que o amadurecimento tem o som, o ritmo do adágio. Para trás vai ficando o saltitante "allegro vivace", chega um tempo em que assumimos o ritmo do discreto outono. E a nossa figura incorpora aquilo que se chama a pátina do tempo. Aprende-se que as amizades são delicadas. São muito delicadas as amizades, e muitas podem se romper ao mínimo descuido, e cultivá-las está entre a arte do ikebana e a arte da porcelana.


Aprende-se também que país é mais que um mapa, mais que um conjunto de forças econômicas e sociais, que um país, no fundo, é um desejo, uma fantasia que não se realizará jamais. Que cada um tem um país na cabeça, e do confronto de todas essas fantasias com as impossibilidades é que se faz o país possível.

Aprende-se que, na verdade, precisaríamos de poucas coisas, que a volúpia de possuir e de acumular é uma perversão dos civilizados. Precisamos de uma casa, do amor, da família, de meia dúzia de objetos e de amigos, precisamos que nos respeitem e, no entanto, meu Deus! como é difícil obter isto. Em certos livros clássicos há sempre uma cena em que alguém experimentado dá conselhos a um jovem que parte para a vida. Adianta pouco. O jovem só vai entender aquilo quando tiver feito metade da travessia.


Às vezes tenho a pretensão de achar que já estou começando a entender certas coisas. Há muito que tenho esta sensação,de que um certo sentido vai se configurando.Daqui a uns cem anos, quando eu morrer, vou pedir para me colocarem esse epitáfio entre duas reticências:



"...logo agora que eu estava começando a compreender...".

foto: Geraldo Cascaldi

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

GERAÇÕES...

Nós somos histórias e não biologia


Geraldo e Maria Ignez/1952


Flávio e Eliete/1979



Luis Octávio e Ana Carolina/2011











Apontadora de Idéias

Minha foto
São Paulo, Brazil
"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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