quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Isso também faz parte do pacote
Na história de José no Egito encontramos um fato que nos faz pensar como funciona a vida e como podemos lidar com seus altos e baixos.

O Faraó Do Egito teve um sonho:”sete espigas subiam de uma mesma haste, granuladas e belas. Mas eis que sete espigas mirradas e queimadas pelo vento oriental nasciam atrás delas. E as espigas mirradas devoraram as sete espigas granuladas e cheias”(Gn41,5-7).José explica o significado do sonho ao Faraó: “ Eis que vêm sete anos em que haverá grande abundância em toda a terra do Egito; depois lhe sucederão sete anos de fome e se esquecerá toda a abundância na terra do Egito...”(Gn41,29-30). Juntamente com a explicação do sonho, José aconselhou o faraó a guardar 20% de tudo o que era produzido anualmente no Egito durante os sete anos de fartura(cf.Gn41,33-36).Assim,quando vieram os sete anos de fome, o Egito conseguiu sobreviver a ela (cf.Gn41,53-57).
Esse fato nos ensina que a vida é feita de altos e baixos, e o nosso desafio é compreender que também nos momentos difíceis é possível crescer. Os altos e baixos fazem parte não só da nossa vida física(saúde),psicologia(emoção),profissional(financeira),mas também espiritual. Santo Inácio de Loyola fala dos dois estados de espírito que costumam se alternar em nós: a consolação e a desolação.A consolação é um estado em que nos sentimos profundamente unidos a Deus.Já a desolação é um estado em que nos sentimos radicalmente separados de Deus. O fato é que há uma alternância inevitável entre consolação e desolação em nossa vida de fé.
O que você pode fazer então no tempo da consolação?
Antes de tudo,agradecer a Deus.Ela é um dom d”Ele para você.Você pode também anotar o que você experimenta no tempo da consolação, para isso ser lembrado quando a desolação vier.Isso equivale a guardar os 20 % do seu suprimento espiritual para você não morrer de fome no tempo da sua aridez espiritual.outra coisa importante: não se deixe encher de soberba. Você não vai ficar sempre “no alto”.
Se é assim, o que fazer, então, no tempo da desolação?
Primeiramente,não tome nenhuma decisão importante sobre o rumo da sua vida. O momento mais errado para se decidir sobre coisas importantes é quando não estamos bem, quando as coisas não estão claras dentro de nós.Em segundo lugar, dedique-se com mais intensidade `a oração, apesar da secura espiritual que você sente. Quem se mantém fiel à oração mesmo quando se sente separado de Deus, está reagindo positivamente à sua desolação e deixando o terreno preparado para Deus lançar nele as novas sementes de consolação. Em terceiro lugar, não se deixe vencer pelas tentações – elas são fortes no tempo da desolação! Tenha paciência e espere pela consolação que virá, sabendo,porém, que ela virá quando e como Deus quiser que venha.

Refletindo sobre o trecho da história de José no Egito e sobre os conselhos de Santo Inácio sobre a consolação e a desolação, você deve ter percebido que o pacote da vida não contém só abundância, mas também necessidade; não contém só consolação mas também desolação. Há pessoas que perdem o humor – e às vezes até a fé – quando têm que lidar com os “baixos” da vida. São pessoas imaturas,tanto psicológica e espiritualmente. Aprendemos com a maturidade psicológica e espiritual do apóstolo Paulo: “ aprendi a adaptar-me às necessidades; sei viver modestamente, e sei também como me comportar na abundância; estou acostumado com toda e qualquer situação: viver saciado e passar fome; ter abundância e sofrer necessidade.Tudo posso naquele que fortalece”(Fl4,11-13).
Saciedade e fome, alegria e tristeza,vitória e derrota, consolação e desolação, tudo isso faz parte do pacote chamado Vida.
Aceite essa realidade e aprenda a tirar proveito dela para o seu crescimento humano e espiritual.
Deus te abençoe e te fortaleça.
Pe Paulo C. Mazzi

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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