domingo, 28 de junho de 2009

Escreva suas ideias, manifeste seus sentimentos e mande para esse blog , para que possamos saborear. Estou esperando por você!
A inspiração foi Drummond, e é lindo...

Carlos Drummond de Andrade, em um dos seus poemas, questiona o “como podemos aliviar a dor do que não foi vivido”, das coisas que deixamos de fazer e gostaríamos de ter feito, dos amores não vividos, dos planos não realizados, das palavras não ditas. Reflete sobre tudo isso, por que parece que são essas “coisas” que nos tiram a vida e a força de viver; nos “tiram de nós mesmos”.
É a resposta pra não viver assim? Ele mesmo a da: devemos viver ”Se iludindo menos e vivendo mais”.
Interessante o que este poeta pensou... mas aí vem uma inquietação, para que também isso não nos torne pessoas céticas ou frívolas: onde esta o limite do sonho e da ilusão? Ate onde vai um , até onde chega o outro? Isso por que não podemos viver na ilusão mas também não podemos deixar de ter sonhos.
Talvez uma resposta interessante, mas não a única, seria que a diferença está nas possibilidades. Ter sonhos, ou planos (como muita gente chama), implica haver possibilidades para que isso aconteça.
Pensamos isso porque se percebe hoje um mundo que não sonha mais, duvida até dos grandes valores como o amor. A maioria das pessoas preferem viver na ilusão, se contentam com migalhas, sendo que, tem sempre um banquete a sua frente.
Martin Luter King assim escreve: “Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque a gente não pode desistir da vida”
Também não podemos viver somente nos sonhos, gastando toda nossa força neles. Ai seria fuga da realidade...
Que bom seria se começássemos a enxergar as possibilidades que estão a nossa frente, e começássemos a viver com mais intensidade cada momento de nossas vidas, descobrindo que para ser feliz hoje é preciso muita luta, determinação, fé...
Pe. Paulinho

SEMANA MUNDIAL DOS AMIGOS




fonte: http://pequenosgrandessentimentos .blogspot.com/

Você amigo que entra nessa blog, deixe seu comentário, participe deste Giro de Ideias. Escreva sobre sua cidade, mande fotos, fale do assunto que você gosta ou estuda.Espero sua participação.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O AMOR PRECISA DA RAZÃO?
O amor teme a razão; a razão teme o amor,afirma o sociólogo Zygmunt Bauman em seu livro: A Sociedade Individualizada.
A separação deles significa desastre , embora cada um tente viver sem o outro, ou então quando conversam geralmente gritam um com o outro e esses duelos terminam sempre com a razão triunfante e o amor ferido.
Mas o "coração tem razões que a própria razão desconhece".Existe uma matemática do coração só que as ordens lógicas não se dirigem aos mesmos aspectos da experiência e não buscam os mesmos objetivos.


Existem pelo menos 3 razões convergentes para que a comunicação deles falhe, de acordo com o filósofo:
O amor trata de valor/a razão trata do uso
O mundo , visto pelo amor, é uma coleção de valores: visto pela razão, é uma coleção de objetos úteis.A razão tenta anexar o "valor" a serviço do "uso", transformar o valor num criado ou num derivado do uso.Mas o valor é a qualidade de uma coisa, enquanto a utilidade é um atributo de quem utiliza tal coisa."Usar" significa melhorar a condição do utilizador, reparar uma deficiência;usar significa estar preocupado com o bem-estar do utilizador.
"O que você deseja, você quer usar: consumir, despir de alteridade, tornar sua possessão".
"Amar significa valorizar o outro por sua alteridade, desejar reforçá-la nele, proteger essa alteridade, fazê-la florescer e prosperar, estar pronto para sacrificar o próprio conforto, inclusive a própria existência mortal,se isso for necessário para satisfazer essa intenção".
O "uso" significa um ganho para a própria pessoa: o valor indica sua auto negação,afirma Bauman.

Usar é tirar
Valorizar é dar
.A razão inspira a lealdade ao próprio self.
.O amor, por outro lado, apela para a solidariedade pelo Outro, e assim implica a subordinação da própria pessoa a algo dotado de maior importãncia ou valor.
Bauman conclui afirmando que o amor precisa da razão mas precisa dela como instrumento, não como desculpta , justificativa ou esconderijo.
O amor pode ser entendido como um molde para o eu ético e o relacionamento moral.
Gostei muito dessas ideias e concordo plenamente com elas. Penso que precisamos aprender a amar.

Inspiração
SOBRE O AMOR
Eu tinha lá meus treze anos de idade quando o amor se revelou e a minha alma acordou.
O coração fez alvorada festiva e meus olhos abriram-se para o meu interior.
Eu tinha lá meus treze anos de idade quando as bonecas foram guardadas e a menina- moça apaixonada ,cantarolava e ensaiava declarações de amor.
Eu tinha lá meus treze anos de idade quando passei a amar a mesma paisagem, beber da mesma fonte e caminhar numa única direção.
Eu tinha lá meus treze anos de idade quando aprendi a conjugar o verbo amar e desejar ardentemente ficar grudada na primeira pessoa do plural. O sujeito da minha vida não era oculto nem composto mas definido e singular.
Eu tinha lá meus treze anos de idade , quando meu corpo respirava,inspirava, expirava, transpirava, suspirava e alucinava desvairado. Nada mais importava só o amor.
Eu tinha lá meus treze anos de idade quando soluçava de saudade, sonhava ,devaneava e esperava ele passar. depois contava toda prosa o que era um grande amor.
Eu tinha lá meus treze anos de idade quando o amor se revelou e minha alma acordou.
Eu era feliz e sabia.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

FOME NO MUNDO: UMA VERGONHA E UMA TRISTEZA IMENSA... O número de pessoas que passam fome no mundo aumentou em 2008 para 963 milhões, contra 832 milhões registrados em 2007, afirmou na manhã desta segunda-feira o diretor da FAO, o braço da ONU (Organização das Nações Unidas) para Alimentação e Agricultura, Jacques Diouf. (folha on-line) Foto:Henk Braam


EMBORA NOS ÚLTIMOS 50 ANOS AS RIQUEZAS DO PLANETA TENHAM SIDO MULTIPLICADAS POR 7, ELAS NUNCA ESTIVERAM TÃO MAL DISTRIBUÍDAS POIS 20% DA POPULAÇÃO MUNDIAL DETÊM 82,7% DAS RIQUEZAS, ENQUANTO OS 20% MAIS POBRES VIVEM MERGULHADOS NA MISÉRIA, TENTANDO SOBREVIVER COM MENOS DE US$ 1 DIÁRIO.
Em setembro de 2000, na chamada Cúpula do Milênio, realizada na ONU, estiveram reunidos cerca de 150 chefes de Estado e de governo. Na oportunidade, foram divulgados os seguintes dados – que ratificam cifras anteriores - sobre a FOME NO MUNDO: - 2,8 bilhões de pessoas vivem com menos de US$ 2 por dia;
- desse total, 1, 2 bilhão sobrevive com menos de US$ 1 diário;
- nos próximos 25 anos nascerão mais 2 bilhões de pessoas. Desse total, cerca de 97% nascerão em países em desenvolvimento;
- nos países ricos, menos de 5% das crianças menores de 5 anos estão mal nutridas;
- nos países mais pobres, 50% das crianças têm algum problema de saúde por não comer o suficiente;
- a renda média nos países mais ricos é 37 vezes maior do que a renda média nos países mais pobres. E essa diferença duplicou nos últimos 40 anos;
- no Brasil, segundo dados de 1997, a população que vive com menos de US$ 1 diário é de 5,1%. Os que vivem com menos de US$ são 17,4%;
- na América Latina, o número dos que sobrevivem com menos de US$ 1 diário passou de 63,7 milhões em 1987, para 78,2 milhões em 1998
O Níger é um dos países africanos que apresenta a maior taxa de mortalidade infantil do mundo. O Centro de Epidemiologia filiado aos Médicos Sem Fronteiras (MSF) mostrou que a morte de crianças menores de cinco anos já ultrapassou o triplo da taxa de emergência humanitária. O último comunicado à imprensa feito pelo United Nations Children's Fund (Fundo das Nações Unidas para a Infância - Unicef) aprontou para cerca de 32 mil crianças em perigo por causa da desnutrição. De acordo com o relatório da ONU, no Níger, as crianças representam metade da população. http://missoesvidasparajesus.blogspot.com/2009/01/evanglicos-so-004-no-nger.html


- Há 800 milhões de pessoas desnutridas no mundo.
- 11 mil crianças morrem de fome a cada dia.
- Um terço das crianças dos países em desenvolvimento apresentam atraso no crescimento físico e intelectual.
- 1,3 bilhão de pessoas no mundo não dispõe de água potável.
- 40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas e encontram-se abaixo do peso.
- Uma pessoa a cada sete padece fome no mundo

http://www.youtube.com/watch?v=fpwxCQvheJ0
Gente Humilde
Composição: Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Como um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a tudo
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar


sábado, 20 de junho de 2009


Hoje quero agradecer aos meus amigos, que são muitos, graças a Deus.
À todos vocês que enriquecem meu viver .Obrigada!
Vocês são especiais e únicos...

dão colorido à minha vida Que vossas vidas sejam sempre abençoadas e muito perfumadas...

Meus amigos são todas as minhas estações.
Eles passam pela minha vida em ciclos e cada
um traz consigo, alguma coisa vital à minha
sobrevivência
Meus amigos primavera são as flores que enfeitam
minha vida, perfumam também.
Há aqueles discretos, que preferem não perfumar
muito, mas quanta beleza me passam!!!
Os mais exuberantes chegam e irradiam tudo, tornando
minha vida repleta.
Meus amigos verão são meus raios de sol. Eles me
iluminam, e como se isso ainda não fosse suficiente,
iluminam meu caminho, indo sempre adiante para evitar
que eu me machuque nas estradas da vida.
Eles trazem calor humano, tão essencial ao meu,
crescimento como pessoa!
Meus amigos outono são meus frutos maduros.
Eles sempre, pela suas experiências, me ensinam
alguma coisa.
São aqueles que me dizem às vezes é necessário se
repousar um pouco, se dar um tempo, parar, respirar,
ganhar novas forças. E são eles que me preparam para as rudezas da vida.
E meus amigos inverno? Esses são meu casaco, minhas
luvas, meu chapéu.! Eles me protegem contra as
tempestades e me apóiam quando eu mais preciso.
Eles têm sempre uma mão bem quentinha para segurar
a minha para que eu não sinta solidão, eles têm sempre um
lenço de reserva para enxugar minhas lágrimas.
Finalmente nas variedade das estações eu me encontro.
Deus, que é perfeito e é tudo em si mesmo, sabia que eu
não poderia viver sem as flores que me enfeitam, os raios
que me aquecem, os frutos que me sustentam e os casacos
que me protegem.
(Letícia Thompson).


OBRIGADA!






quarta-feira, 17 de junho de 2009

Essa história, “o rei e omeleta” ou “omeleta de amoras”, pertence a Walter Benjamim.
“Era uma vez um rei que chamava a si os tesouros da Terra, mas apesar disso não se sentia feliz. Então, um dia, mandou chamar seu cozinheiro predileto e disse-lhe: “Por muito tempo tens trabalhado para mim com fidelidade e tens-me servido à mesa as mais esplêndidas iguarias.
Porém, desejo agora uma última prova do teu talento.
Deves fazer-me uma omoleta de amoras igual àquela que saboreei há 50 anos, em minha mais tenra infância.
Naquela época meu pai travava guerra contra seu perverso inimigo a oriente.
Este acabou vencendo, e tivemos de fugir.
E fugimos, pois, noite e dia, meu pai e eu, através de uma floresta escura, onde afinal acabamos por nos perder.
Aí morava uma velhinha que amigavelmente convidou-nos a descansar, tendo ela própria, porém, ido ocupar-se do fogão.
Não muito tempo depois estava à nossa frente a omeleta de amoras!
Mal tinha levado à boca o primeiro bocado, senti-me maravilhosamente consolado, e uma nova esperança entrou no meu coração.
Já era rei quando mais tarde mandei procurá-la, vasculhei todo o reino, não encontrei nem a velha nem qualquer outra pessoa que soubesse preparar a omeleta de amoras.
Agora, quero que atendas este meu último desejo: faz-me aquela mesma omeleta de amoras!
Se o cumprires, farei de ti meu genro e herdeiro de meu reino.
Mas, se não me contentares, deverás morrer”. Então o cozinheiro disse: “Majestade, podeis chamar logo o carrasco.
Conheço, é verdade, o segredo da omeleta de amoras e todos os seus ingredientes, desde o trivial agrião até o nobre tomilho.
Sei empregar todos os condimentos.
Sem dúvida, há também o verso mágico que se deve recitar ao bater os ovos, e sei que o batedor de madeira de buxo deve ser sempre girado num só sentido.
Contudo, ó rei, terei de morrer!
Minha omeleta não vos agradará ao paladar, jamais será igual àquela que vos veio pelas mãos da velhinha.
Faltará o perigo da batalha e o seu picante sabor, a proximidade do pai na floresta desorientada, a emoção e a vigilância do fugitivo perdido.
Não será omoleta comida com o sentido alerta do perseguido.
Não terá o descanso no abrigo estranho e o calor do fogo amigo, a doçura da inesperada hospitalidade de uma velha.
Não terá o sabor do presente incomum e do futuro incerto”.
Assim falou o cozinheiro.
O rei, porém, calou um momento e não muito depois consta haver dispensado dos serviços reais o cozinheiro, rico e carregado de presentes”.
Folha de São Paulo, Folhetim-22/01/84
O desejo humano , tal como entendido pela psicanálise, não é a mesma coisa que a necessidade.
O desejo é da ordem puramente psíquica, é como tal pertence a ordem do simbólico.
O desejo é a enunciação da falta e sendo singular produz a solidão.

Sua satisfação é sempre parcial e realiza-se no movimento do querer mais e mais.
Essa história nos diz que ninguem é capaz de satisfazer nossos desejos, e buscarmos incessantemente o Outro como aquele que vai nos trazer a completude e a felicidade tem como resultado a frustração.

domingo, 14 de junho de 2009

O IMPULSO
Sou o que se chama de pessoa impulsiva.Como descrever? Acho que assim: vem-me uma ideia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio,ajo quase que imediatamente.O resultado tem sido meio a meio:às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham,às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição,mas de simples infantilidade. Trata-se de saber se devo proseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. Há um perigo:se reflito demais deixo de agir.E muitas vezes prova-se depois que eu deveria ter agido.Estou num impasse.Quero melhorar e não sei como.Sob o impacto de um impulso, já fiz bem a algumas pessoas.E,ás vezes, ter sido impulsiva me machuca muito.E mais: nem sempre meus impulsos são de boa origem.Vêm, por exemplo, da cólera.Essa cólera às vezes deveria ser desprezada; outras,como me disse uma amiga a meu respeito, são cólera sagrada.às vezes minha bondade é fraqueza, às vezes ela é benéfica a alguém ou a mim mesma.Ás vezes restringir o impulso me anula e me deprime; às vezes restringi-lo dá-me uma sensação de força interna. Que farei então? Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E tambem tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura.Vou pensar no assunto.E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso.Não sou madura bastante ainda.Ou nunca serei.
fonte: Clarice Lispector/Aprendendo a viver/editora Rocco
Que reflexão linda sobre "ser autêntico". Clarice foi capaz de escrever sobre a alma humana de um jeito profundo e ao ler sua obra confirmamos o que ela dizia: "Ser sangra".

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Minha Pedagogia
Dom Hélder Câmara
Não ensines a teu filho que as estrelas não são do tamanho que parecem
ter: maiores do que a terra!
São lâmpadas que os anjos acendem todos os dias assim
que o sol começa a escurecer...
Não digas a teu filho que as asas dos anjos só existem na imaginação.
Já vi meu anjo em sonho e posso jurar que ele tem asas
claras que até parecem feitas de luz.
Não enchas a cabeça de teu filho ensinando-lhe hipóteses precárias que
amanhã de nada servirão.
Povoa de beleza o olhar inocente de teu filho.
Dá-lhe uma provisão de bondade que chegue para a marcha da vida.
Infunde-lhe na alma o amor de Deus e tudo o mais, por
acréscimo, ele terá."

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O ENCONTRO
Amanhece...
A brisa é suave e fria, o céu de um azul intenso, o silêncio só é quebrado pelo canto dos passarinhos e um cheirinho de “junho” está no ar.
É o primeiro dia de um feriadão .Tempo para descansar, cuidar do jardim, estar com a família e com alguns amigos.
Respiro profundamente e agradeço a Deus por mais um dia , e baixinho digo:”Bom dia alegria”.
Por volta das dez horas saio de casa, pois quero estar com a minha mãe. Procuro fazer o mesmo caminho, mas tem várias ruas interditadas por causa da procissão de Corpus Cristhi.
Percebo uma pontinha de perturbação, um discreto incômodo por ter que ir mais longe para chegar ao meu destino.
Pouco tempo depois, estamos nós (eu e minha mãe), caminhando pela rua central observando as pessoas trabalhando no grande tapete, onde o Santíssimo Sacramento passará.
O tempo parece voltar. Aquela adolescente ajoelhada que vejo, sou eu colocando tampinha, espalhando serragem e pó de café até surgir um lindo desenho.
Tudo é maravilhoso. A rua central é uma enorme colcha de retalhos, sendo feita com muito amor e por muitas mãos.
A singularidade desse momento é marcada também pelo encontro com várias pessoas conhecidas e amigas. Sorrisos, uma palavra ligeira, um abraço apertado, um calor no coração. Não há carros, nem buzinas, não há auto-falante anunciando uma grande promoção. Não há pressa. Todos os olhares convergem para o mesmo ponto, tudo é vivido com muita intensidade.
Por volta das quinze horas aumenta o número de pessoas que a pé dirigem-se ao ginásio de esportes, local em que acontecerá a missa.
Só sinto a ausência do repicar dos sinos da Catedral!
Minha alma registra como que em flashes cada momento dessa experiência sublime.
Uma grande paz inunda todo o meu ser e tenho certeza que todos sentem o mesmo. Estamos vivendo o nosso melhor; estamos mais felizes, mais bondosos, em estado de graça.
Graça por poder perceber claramente a Presença real do Senhor, do Deus Vivo no meio de nós, e no centro da nossa cidade- vida.
Por algumas horas saímos da grande hipnose cultural a que estamos submetidos, acordamos e vivenciamos esse milagre.
Agora só desejo não esquecer essa verdade: as promessas de caminhos curtos, fáceis ou funcionais, capazes de retirar todos os obstáculos, não nos levam ao nosso destino, pois o destino tem mão única e se chama JESUS CRISTO: CAMINHO, VERDADE e VIDA.
Inspiração: Procissão de Corpus Cristhi em minha cidade em 08/06/07

quinta-feira, 4 de junho de 2009

DOCES SONHOS
Às vezes quando sinto -me cansada, sem brilho e mecânica em minhas ações e pensamentos; quando percebo meus olhos secos e monótonos para as novidades da vida, vou correndo para aquele cantinho que só eu posso chegar, pois está dentro de mim.
È um cantinho arejado mesmo quando passo muito tempo sem visitá-lo. Está sempre vivo e esperando-me de portas abertas.
Não consigo perceber-me claramente, mas tudo que existe ali reluz. O castelo da Cinderela com ela descendo correndo os degraus para pegar a carruagem que poderá a qualquer momento transformar-se em abóbora,um carrossel girando bem devagar com seus cavalinhos brancos.Tem também a fada Sininho com o Peter Pan na janela prontos para voar à terra do Nunca, o coelho da Alice correndo com o seu relógio, o Papai Noel
descendo o chaminé da casinha, os três porquinhos dançando e minha boneca preferida.
Há um magnetismo e um dinamismo enorme nessas imagens. Tudo está acontecendo - lá é sempre “agora”- e quando volto sinto-me mais leve e mais forte .
É a fantasia com o seu poder de avivar a vida e de permitir o transcender a outras paragens.
A fantasia e os sonhos são ingredientes fundamentais para o nosso desenvolvimento psíquico, por isso foi e é objeto de estudo da psicanálise.
Mas nos dias atuais infelizmente damos pouco valor à essas questões, até nossos folhetins (novelas) estão cada vez mais realistas.
Tornamo-nos racionais, lógicos, regidos por verdades científicas, muito ocupados para perdemos tempo com essas “basbaquices”.
Pensamento também cada vez mais predominante junto às crianças, onde o brincar tem que ter sempre uma funcionalidade.
Quando orientamos nossos jovens na escolha de suas profissões, sempre utilizamos critérios baseados no mercado de trabalho. Essa profissão dá dinheiro, status, reconhecimento social?
Pouco nos atentamos em perguntar-lhes: como sonham seu futuro ,como esperam contribuir para o aperfeiçoamento do mundo com o seu trabalho .
Ficamos presos no chão, cautelosos, pragmáticos e como consequência vamos esterilizando sonhos, fantasias e criando um grande sertão.
Talvez seja essa uma das razões que levam nossos jovens ao delírio quando são convocados a “tirarem os pés do chão”, ou quando buscam nas drogas e bebidas a maior diversão.
A vida teria mais valor e nós seríamos mais felizes se entendêssemos o sentido maior das nossas existências, se conseguíssemos ultrapassar a epiderme e chegar ao mistério profundo do Ser.
Ah! Como seríamos mais interessados e engajados com os estudos se n
ossos mestres nos mostrassem a beleza e a sabedoria que estão nas poesias , nas músicas e na religião.
Que gratificante seria se todos nós fossemos estimulados em nossos sonhos e fantasias e ouvíssemos frequentemente coisas assim tão lindas ,como essas ditas por Ivan Lins.

Se teu sonho for maior que ti
Alonga tuas asas
Esgarça os teus medos
Amplia o teu mundo
Dimensiona o infinito
E parte em busca da estrela...
Voa alto!

Voa longe!
Voa livre!
Voa!
E esparrama pelo caminho
A solidão que te roubou
Tantas fantasias
Tantos carinhos
e tanta vida!



http://www.youtube.com/watch?v=PDHKAt5_1Mk









terça-feira, 2 de junho de 2009


A MÁSCARA DO MEU ROSTO

Nélida Pinõn
ESTOU PRESTES A SAIR DE CASA.Abro o armário.Urge escolher a máscara, das muitas que tenho, para ir á rua.Com ela enfrentarei os dissabores e as aventuras do meu cotidiano.Afinal, ela é a ponte que cruzo para alcançar os demais seres.Minhas máscaras acomodam-se na prateleira, em meio às bolsas.Todas parecidas, elas diferenciam-se entre si apenas em detalhes imperceptíveis aos olhos alheios.São raros aqueles que surpreendem a natureza da minha máscara.Reconhecem que rio, choro, ou encontro-me na iminência de velejar para um hemisfério longíquo,de onde, quem sabe, não regresso tão cedo. Enquanto muitos confessam, em consonância com triste adágio, que suas vidas são um livro aberto, nada tenho a esconder dos homens, sou justo o contrário, não sei viver sem as máscaras, que me protegem, são a salvaguarda da minha liberdade.E ainda que se provem elas em muitos momentos incapazes de me proteger, não importa. Afinal, a vida não permite previsões, lances antecipados.para enfrentar certos conflitos, seria necessário revestir-se da máscara de ferro, que traz consigo o sopro da morte.
Duvido que alguém prescinda do uso da máscara. Ande inadvertido pelo mundo, oferecendo o rosto cru dos seus sentimentos.Desajeitado e pobre, quando poderia dispor, a qualquer hora, de mais de mil máscaras, capazes todas de impulsionar o espetáculo humano, de corresponder a natureza secreta do seu dono, de encharcar de vinagre e esperança qualquer coração. As máscaras que levo pelas manhãs coladas à pele têm recursos múltiplos.Fogem ao meu controle.Fazem-se de gestos, do franzir da testa, das rugas em torno dos olhos, dos sulcos próximos à comissura dos lábios.Integram um sistema que esconde e revela ao mesmo tempo quem sou.Desgovernada, inescrupulosa, cheia de razão e de fúria, padecendo como os demais, da enfermidade dos sentimentos.E que embora esteja sob a guarda das máscaras, não está a salvo dos que nos observam com luneta.Donos de um olhar que semeia,a respeito de quem seja, uma versão contrária à que queríamos.As máscaras, sem dúvida, ajudam-me a viver. Levam-me às cerimônias solenes, onde confirmo a educação recebida.Acompanham-me nos momentos em que sangro, a despeito da minha aparente indiferença.E são elas ainda que me perguntam qual das máscaras usar em determinada festa. Acaso a máscara que engendrei ao longo dos anos, e que me serve como um chinelo velho? Aquela que é dissimulada, cujo desassombro asusta-me, pois revela aos vizinhos o que eu mantinha sob resguardo? Ou a outra, que aspira sobrepor-se à tirania das convenções, que rasgar o véu da hiprocrisia, emitir as palavras acomodadas no baú dos enigmas? Será a máscara que alardeia, arrogância, ansiosa por deixar consignada nas paredes do mundo uma única mensagem que justifique sua existência?Olho-me ao espelho.Estarei usando máscara mesmo quando estou sozinha?Acaso já não vivo sem ela, só respiro por meio de seus artifícios?È ela que me deixa ser alada e terrestre, me permite voar e contornar seres e objetos de cristal? É a máscara que pousa desajeitada no meu próprio rosto, onde há de ficar para sempre, até derreter um dia como se fora feita de cera?

Fonte:O Estado de São Paulo,suplemento feminino/1997

Apontadora de Idéias

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São Paulo, Brazil
"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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