sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A colonização das Américas e o Sujeito Moderno
Quando começa a modernidade?
Para Contardo Calligaris no livro "Psicanálise e Colonização" ,a modernidade começa em 1492 com as grandes explorações, entre elas, a viagem de Colombo que tem um lugar muito especial, como metáfora do fim do mundo fechado, do abandono da casa materna e paterna.

A viagem, pelo menos no Norte da América, aconteceu sob o signo de se fazer valer.
Os navegadores vieram para fazer fortuna não para recompor uma caricatura das hierarquias deixadas atrás. Eles foram nesse sentido resolutamente modernos.
Para Hegel a humanidade(modernidade) começa quando acaba o reino da necessidade, ou seja, quando o desejo não encontra mais sua satisfação nos objetos procurados e finalmente consumidos mas se projeta e prolonga indefinidamente na procura de reconhecimento.

Para o homem moderno não há mais necessidade, só desejos.
Qualquer objeto desejado é em primeira instância um meio para se fazer valer.
No capítulo "A Psicanálise e o sujeito colonial", Contardo Calligaris , refere-se as duas ordens de explicações para as grandes descobertas e sobretudo -para a viagem de Colombo.
materialista: procura de novas riquezas e necessidade de conquistas.
ideológica: indomável desejo de saber e conhecer novas coisas.
"A modernidade substitui o ser pelo ter e pelo aparecer que acaba sendo permitido pelas posses."
O ser pré-moderno é um efeito de nascença e tradição.
O ser moderno "é feito de ter e de aparecer.
Isso não quer dizer que a substituição do Ser pelo Ter implique que no passado o ser humano fosse alguma coisa e hoje esteja reduzido a apenas ter objetos e aparências. Significa que o Ser pré-moderno era feito de regras tradicionais e o Ser moderno é sustentado pela distribuição de bens.

"Me dizes o que tens e fazes, assim te direi quem tu és"
Qualquer bem, por mais necessário que seja à subsistência, vale hoje antes de mais nada por seus efeitos sociais.
Assim o luxo é o pai e a mãe da modernidade.
Qualquer bem é um luxo, pois é um diferenciador social e não mais
uma meio de satisfação das necessidades.

A modernidade é uma nova organização psíquica. E a colonização das Américas é a metáfora de uma nova subjetividade.
"Trata-se de uma subjetividade eminentemente histórica: O sujeito moderno não se define pelo mundo que encontra, mas pelo mundo que ele mesmo faz ou transforma.Não se define pelo lar onde nasce, mas por suas aventuras."

È o sujeito saído de casa.
De um mundo onde o passado determina o presente, passa-se a um mundo onde o futuro é a verdade do presente. Seu ser está no futuro e no projeto.

Referência Bibliográfica: Psicanálise e Colonização :Leituras do Sintoma Social no Brasil
Edson Luiz André de Sousa (org).Artes e Ofícios/1999
A Psicanálise e o sujeito colonial/Contardo Calligaris

Caros amigos, para enriquecer suas reflexões não deixem de ler o comentário
de Shoenstatt. Que legal saber que as palavras que nos tocam voam para tocar outras pessoas. Muito obrigada por sua participação nesta postagem.
Nosso Giro de Idéias está realmente polinizando outras pessoas muito especiais , cono é o caso do Pe. Paulinho que tambem deixou seu comentário e um lindo pensamento de Rubem Alves.Obrigada amigo!

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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