segunda-feira, 2 de abril de 2012


Abrimos um álbum e mostramos aos amigos as fotos da viagem. Paisagens. Aqui um lago. Ali um pôr-do-sol. A foto é a mesma. Mas quem garante que as paisagens das almas sejam as mesmas?
Aquilo que sinto, vendo o lago e o pôr-do-sol, não é a mesma coisa que você sente, vendo o mesmo lago e o mesmo por-do-sol. “O que sinto, a verdadeira substância com que o sinto, é absolutamente incomunicável; e quanto mais profundamente o sinto, tanto mais incomunicável é”, diz Bernardo Soares.
As paisagens da alma não podem ser comunicadas. A alma é um segredo que não pode ser dito. Por isso, quanto mais fundo entramos nas paisagens da alma mais silenciosos ficamos. A alma é o lugar onde os sentimentos são profundos demais para palavras. “Calamos”, diz Sor Juana, “não porque não tenhamos o que dizer, mas porque não sabemos como dizer tudo aquilo que gostaríamos de dizer”.
(Rubem Alves. In: As cores do crepúsculo: a estética do envelhecer. Campinas [SP]: Papirus Editora, 2001, p. 153.

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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