sexta-feira, 28 de maio de 2010


ESCONDE –ESCONDE
O psicanalista inglês Donald W. Winnicott expressou certa vez o seguinte pensamento: “Esconder-se é um prazer, não ser encontrado é um desastre”.
Penso que, nesta frase, encontram-se aspectos fundamentais para nossas relações pessoais.
Na infância, com certeza, todos nós brincamos de esconde-
-esconde. Buscávamos lugares difíceis, como esconderijos para que ninguém nos achasse, e assim nos sentíamos vitoriosos. Mas, se depois de algum tempo, ninguém viesse à nossa procura , íamos sentindo medo ou tristeza e passávamos a acreditar que as pessoas haviam-nos esquecido. Assim, aquela brincadeira tornava-se um desastre.
Acontece de pessoas já adultas, sem muita consciência do mecanismo utilizado, continuarem a “brincar” de esconde-
- esconde com seus amigos. Distanciam-se de pessoas de que gostam, agora, não mais como diversão, e sim com o propósito de “checar” se elas serão procuradas. Acontece que o” Outro” com quem estas pessoas “jogam”, não tem a mínima ideia dos seus propósitos, e entendem o sinal emitido (afastamento) como uma manifestação do desejo de ficar só, e assim não buscam a aproximação, respeitando o companheiro.
Instala-se, assim, um desastre.
Este mecanismo tende a repetir-se por mais vezes, e o resultado acaba sendo o isolamento, esquecimento ou mesmo o fim de uma relação prazerosa. Terminam-se amizades que eram importantes, sobrando aos envolvidos grandes mágoas e , muitas vezes, a certeza errônea de que as pessoas não são amigas e muito menos confiáveis.
É a mais pura insensatez, pois a pessoa que assim se comporta , não percebe que suas atitudes expressam o contrário dos seus desejos , e estará sempre tecendo teias que acabam por isolá-la das pessoas queridas.
A realização pessoal só é alcançada quando se é capaz de construir o lugar do singular e do coletivo em nossas vidas.
Esta construção requer atenção contínua e autoconhecimento, para agir sem ambiguidades, pois ” desejo entendido é desejo atendido”.
Muitas vezes, acabamos perdendo pessoas e situações valiosas como consequência das incoerências das atitudes e da baixa autoestima que portamos .
autoria: Eliete T. Cascaldi Sobreiro




Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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