quinta-feira, 29 de setembro de 2011







O desenvolvimento para W. Winnicott não é linear e sim em espiral. Sua progressão é quase sempre seguida de uma regressão temporária que não é patológica, mas que, ao contrário, proporciona um local de descanso, uma volta à base do lar.







O amadurecimento não é sinônimo de progresso; amadurecer inclui a possibilidade de regredir a cada vez que a vida exige descanso, em momentos de sobrecarga e tensão, ou para retomar pontos perdidos. Isto se deve ao fato de que nenhuma conquista fornece título ou garantia tendo sido alcançada de novo. Por isso em uma pessoa de qualquer idade, pode-se encontrar todos os tipos de necessidades, das mais primitivas as mais tardias.




Livro: Natureza humana/Donald W. Winnicott

Muito obrigada a todos que visitam este blog

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011



Os sentimentos humanos são assim mesmo. Em se tratando de sentimentos nós não temos a impressão de "poder" que temos com os pensamentos, porque, enquanto nos parece que fazemos os pensamentos irem e virem quando nós queremos, os sentimentos têm outra autonomia, eles vão e vêm quando eles querem.



Estação Desembarque(Referências existenciais para o jovem contemporâneo) José Ernesto Bologna/Editora De Leitura

segunda-feira, 26 de setembro de 2011



Sem manutenção, a casa cai; sem semeadura , os campos morrem; e sem cultivo nossas vidas interiores ficam vagarosas e seguramente desgovernadas, de forma que quando mais precisarmos delas, quando as circunstâncias de nossas vidas experientes mais lhes exigirem, nossa fibra moral, nossa sabedoria, nossa compaixão e nosso amor não estarão mais à nossa disposição.



Livro: De volta para casa de Norman Fischer(Editora Rocco)

Imagem: Internet/ tela K. Atkinson



domingo, 25 de setembro de 2011



No filme Sociedade dos poetas mortos há uma cena exemplar a respeito dessa visão filosófica. No Welton Academy, o professor de literatura interpretado pelo ator Robin Willians pergunta aos alunos: Vocês sabem por que o homem faz ciência, medicina , química, engenharia? Para viver mais. E para que viver mais? Para ter mais tempo para usufruir da arte, da poesia, do amor".






Livro: Preciso dizer o que sinto de Eugenio Mussak



Foto: Eliete Cascaldi Sobreiro



Local: Rio de Janeiro

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Na vida

o que importa é respirar

a beleza que há em cada lugar.


as amizades que fazemos


as alegrias que vivemos



os encontros que temos Mas a vida não espera



Foto: Eliete Cascaldi Sobreiro

Local:Rio de Janeiro

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Amanheci mais






Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data.

Texto: João Guimarães Rosa:Grande Sertão:Veredas



Foto: Eliete Cascaldi Sobreiro




Local: Rio de Janeiro











segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.


João Guimarães Rosa/ Grande Sertão: Veredas


sábado, 17 de setembro de 2011



O que aprendemos até agora–Affonso Romano de Sant’Anna

"A vida vai nos levando e, às vezes, a gente pára e se pergunta: "Mas o que foi que aprendi de essencial até agora?

"Essas rugas, esses cabelos brancos, esses filhos, esses netos, todos esses corpos, casas e países habitados, todos os jornais e livros que lemos ( ou que nos leram), os animais que tivemos, tudo o que nos exibiram nos museus do espanto, enfim, tanta alegria e perplexidade, tudo isto, para quê?…

Salomão foi sintético demais quando resolveu, já no ocaso dizer"vaidade das vaidades, tudo é vaidade".Há algumas sutilizas nessa aprendizado.


Talvez o verdadeiro aprendizado comece quando descobrimos que certas perguntas não têm respostas, que a arte da vida não está em achar respostas, mas em trocar de perguntas, que as fundamentais são irrespondíveis, e que as perguntas são mais viscerais do que as respostas.

Então, como naqueles jogos em que se vai lançando dados e avançando nas casas a percorrer, a gente pode dizer para outro:"Ah! Você ainda está nessa pergunta? Olha , eu já estou nesta aqui, é ótima, ela tem me enriquecido , mobilizado, me feito viver intensamente".


Sobre o amor a julga ter aprendido algo, mas sempre se surpreende que está repetindo as lições. Ah! O amor-esse interminável aprendizado. Cada amor é um amor, cada amor um jeito de amar o próprio amor. E reconhecendo que o amor é a essência das essências, então a gente pode reconhecer que erraram os que disseram que era o trabalho, a luta de classes e a guerra que moviam a história. O que move a história e nossos pequenos gestos é o desejo. O desejo e seus desdobramentos: amor e paixão. O resto são máscaras do mesmo.

Aprendemos, então, que se ama diferentemente em cada idade. E a perícia maior na arte de amar é descobrir as sutilezas do amor que em cada idade o amor nos doa.


Aprende-se com isto que o amadurecimento tem o som, o ritmo do adágio. Para trás vai ficando o saltitante "allegro vivace", chega um tempo em que assumimos o ritmo do discreto outono. E a nossa figura incorpora aquilo que se chama a pátina do tempo. Aprende-se que as amizades são delicadas. São muito delicadas as amizades, e muitas podem se romper ao mínimo descuido, e cultivá-las está entre a arte do ikebana e a arte da porcelana.


Aprende-se também que país é mais que um mapa, mais que um conjunto de forças econômicas e sociais, que um país, no fundo, é um desejo, uma fantasia que não se realizará jamais. Que cada um tem um país na cabeça, e do confronto de todas essas fantasias com as impossibilidades é que se faz o país possível.

Aprende-se que, na verdade, precisaríamos de poucas coisas, que a volúpia de possuir e de acumular é uma perversão dos civilizados. Precisamos de uma casa, do amor, da família, de meia dúzia de objetos e de amigos, precisamos que nos respeitem e, no entanto, meu Deus! como é difícil obter isto. Em certos livros clássicos há sempre uma cena em que alguém experimentado dá conselhos a um jovem que parte para a vida. Adianta pouco. O jovem só vai entender aquilo quando tiver feito metade da travessia.


Às vezes tenho a pretensão de achar que já estou começando a entender certas coisas. Há muito que tenho esta sensação,de que um certo sentido vai se configurando.Daqui a uns cem anos, quando eu morrer, vou pedir para me colocarem esse epitáfio entre duas reticências:



"...logo agora que eu estava começando a compreender...".

foto: Geraldo Cascaldi

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

GERAÇÕES...

Nós somos histórias e não biologia


Geraldo e Maria Ignez/1952


Flávio e Eliete/1979



Luis Octávio e Ana Carolina/2011











quarta-feira, 14 de setembro de 2011

VALOR E VALORES
Por Nilton Bonder
Não só a carência física dará valor "às coisas" do mundo,mas também as carências emocionais , intelectuais e espirituais.








A correlação entre bem-estar e honestidade é das mais profundas. Só dorme bem à noite quem foi honesto durante o dia.Essa honestidade nada tem a ver com a honestidade moral, mas com a honestidade para com seus valores-as relações que estabelecem o ser em meio a um ambiente.


A experiência de se ter todas as necessidades saciadas na fonte de seu desejo é a própria definição da morte.


Para o equilíbrio, a carência e o excesso são igualmente tóxicos.



Não existem "impulsos ao bem" per se. Esses impulsos são sempre "impulsos ao mal" trabalhados pelo valor.



A vida é, portanto , um processo de gestão. Nela cabem não só as ações por sobrevivência, mas também as estratégias para sobreviver a uma vida tão plena quanto o possa ser e que inclui também a sua continuidade por novas gerações.



O bem-estar é produzido por esses três componentes-sobrevivência, plenitude(paz) e continuidade - e não é alcançável sem a mediação dos valores.



Livro: Ter ou não ter, eis a questão:A sabedoria do Consumo

Fotos: Eliete Cascaldi Sobreiro




































segunda-feira, 12 de setembro de 2011



Tem trechos em que a vida amolece a gente.




Eu fiquei em pausas.






O que brotava em mim e rebrotava:essas demasias do coração.



Texto:João Guimarães Rosa: Grande Sertão: Veredas

Fotos: Eliete Cascaldi Sobreiro

Local: Rio de Janeiro























































sábado, 10 de setembro de 2011

Então eu vi as cores do mundo







Coração mistura amores. Tudo cabe


Tudo que é bonito é absurdo



... tempo-do-verde no coração


Viver...O senhor já sabe: viver é etcétera...

Texto: Guimarães Rosa:Grande Sertão: Veredas

Fotografia: Eliete Cascaldi Sobreiro

Local: Rio de Janeiro/Brasil


DEUS GOVERNA GRANDEZA

















quinta-feira, 1 de setembro de 2011



Abrindo espaços íntimos...

Ela sabia que a entrada daquele homem pela porta de sua casa não era uma coisa banal. Não chegava ser um terremoto, mas se preparava para alguns deslocamentos geológicos na sua alma.

Diria que ela propiciava que isto acontecesse, como se ali fosse se cumprir um ritual. E seria bom que ele também soubesse disto, que as pessoas não deviam entrar numa vida, numa casa e consequentemente num corpo de maneira desatenta e egoísta.




A casa é lugar de permanência, mais que motel ou hotel. Exige cumplicidades mais delicadas.



Contudo, precavida quanto a essa noção de permanêcia, sabendo que a vida às vezes é um deserto por onde passam caravanas e tuaregues, admitiu que já seria bom se a casa se convertesse num oásis.

Os primitivos sabem melhor que nós, pretensos civilizados, que estabanadamente banalizamos tudo que o ritual é que dá sentido aos fatos. Mínimos gestos ou certos instantes, podem se tornar históricos se estiverem entranhados desse ritmo denso de adágio que têm os rituais.

Cruzar um umbral, a soleira, ultrapassar um limite são coisas graves. Porque uma coisa é o ver, o aproximar-se, o apertar a mão, dar um sorriso e se tocar progressivamente procurando intimidade. Mais do que ocupar espaços, isto é ir povoando espaços.

Externamente é quando os amantes vão se ampliando, se alongando e habitando conjuntamente o que é público; o cinema, o restaurante, a caminhada na praia. Mas, de repente, estar na casa, na sala, na suite do outro, ver as roupas no closet, ver a escova e os grampos na bancada do banheiro, os vidros de perfume, aqueles objetos de decoração na mesa da sala, cinzeiros de prata, uma escultura da Polinésia ou cópia de uma santa barroca, isto, convenhamos, é estar com a alma exposta.

É como abrir portas, janelas e gavetas. Há o inesperado. E as pessoas e casas, que são senão gavetas dentro de gavetas, caixas dentro de caixas? Então, ir se aproximando de alguém, penetrar no espaço físico onde a figura amada habita é ir , como na estrutura da caixa chinesa, que contém outra e outras até, enfim, chegar ao latente coração do outro.

Essa mulher está rodeada de objetos que tiveram outra história, outras histórias. E durante algum tempo, como se estivesse num luto secreto adiou reinaugurar o leito, reencenar os gestos, esperar que outro homem fizesse brotar nela arrebatadamente em insuspeitadas regiões do seu corpo.

Até os objetos se deram conta que ela está oferecendo algo muito delicado. Daí uma cumplicidade entre os objetos da casa e o corpo dessa mulher. Eles também esperam que esse homem venha como um cauteloso conquistador. Há uma expectativa no ar, a comoda barroca guarda em suas volutas e elipses alguma tensão, o abajur emana uma contida luz e os tapetes parecem reanimar ternuras. Enfim, os objetos estão conscientes de seu papel de coadjuvantes.

Se ele ao invés da delicadeza do gato que é capaz de passar por taças de cristal sem quebrá-las, for do tipo invasor, um godo ou visigodo, que não controla os limites e fala preenchendo tudo egocentrica e desatentamente, então ocorrerá uma inapelável ruptura, a profanação do instante.

Ela gostaria que ele chegasse como o viajante que vindo de longe, no entanto, fala a sua língua. Alguém que não extrapolasse do presente nem invadisse seu passado e futuro. Ela o quer nos limites para os quais está preparada agora.

Ela gostaria que ele chegasse com a virilidade suave de um anjo.


E que quando despertasse no dia seguinte tivesse aquela sensação do mito antigo, de que um deus dormiu lá em casa. Tranquila ela veria que a casa e todos os objetos estariam em ordem. Só que encantados. Encantados como ela que encantada sai para um novo dia com um sorriso de posse e confiança. Feliz."
E se olhasse para trás veria que os objetos da casa a contemplam cúmplices e igualmente felizes."

Affonso Romano de Sant'Anna

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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