quinta-feira, 14 de junho de 2012


TEMPO DE CRIANÇA

 

     Valdemiro Mendonça

O tempo que as princesas tinham tempo,

se foi no tempo das horas que já passou,

entre bordados, pincéis e bailes da corte.

ficou curto o tempo para coisas que amou.

 

Até o caramanchão de erva de passarinho

que eu fiz obedecendo à sua real quimera

não rebrotou com as chuvas  deste verão

também não quer florescer nesta primavera.

 

Quem sabe seja este jardineiro sem pratica

que não sabe cuidar de flores tão belas assim,

Ou quem sabe seja o doce olhar da princesa

Que não passeia mais pelo seu triste jardim.


Por isto desesperado plantei um canteiro

trevos de quatro folhas e arruda do norte,

quem sabe a princesa se lembre do jardim

e possa vir nos dar um pouquinho de sorte.

 


Pois ela nos mais loucos desejos se espalha

e suspira inebriada em seu sonho proibido,

tenta um reencontro da alma e seu encanto

na musica antiga que não tem mais sentido.


 
Hoje a torre norte não tem aquele doce canto

a voz bem timbrada saudando o brilho do luar,

pois fizeram um feitiço para a nossa  princesa

trocar o jardim sem flores pela estrela do mar. 

 

O cavalo alado que o príncipe deu de presente

anda tristonho, com saudade no esquecimento,

pois sua princesa nunca mais desejou cavalgar

voando nas nuvens brancas ao sabor do vento.


Vou fazer promessas para o São Jorge lá da Lua

para ele quebrar o feitiço desmanchando a teia,

para que toda noite que ela olhar da torre norte

veja sempre o brilho prateado de uma lua cheia.

 

Assim ela há de ver o jardim e talvez se lembre

da gangorra que eu fiz no pé de ipê antes florido,

quando eu empurrava e ela gritava, mais alto vai,

 hoje até ele não floresce pois se acha esquecido.

 
         Acho que a culpa não é só dela, sim da mãe natureza!

Que fez a princesa mudar modificando todo o seu ser,

e agora ela só fica sonhando aqueles sonhos malucos

por culpa desta tal natureza que fez a menina crescer.


Apontadora de Idéias

Minha foto
São Paulo, Brazil
"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

Arquivo do blog