sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010


APRENDIZES DAS ESTRELAS
O caminho da vida humana geralmente é dividido em fases: infância, adolescência, maturidade e velhice.
Assim compreendido, pode dar-nos a impressão de que a vida consiste numa série de fases, perfeitamente distintas e independentes, que se movem em direção a um final- a morte.
Mas se apurarmos um pouco mais nossa percepção, vemos que cada vida é um deslizar gradual e imperceptível de condição para condição, assim como a transição do dia para a noite.
Mesmo acompanhando minuto por minuto, não somos capazes de determinar a hora exata que o dia termina e a noite começa.
Apesar disso, chega um momento em que está completamente escuro, e então sabemos que é noite, e aí é possível contrastá-la com o dia.
Assim acontece com as pessoas.
Chega um momento em que o indivíduo já adquiriu tantas características da maturidade que a juventude faz parte de suas lembranças;podemos então dizer que essa pessoa atingiu a maturidade.
E como deve ser vivido esse percurso?
Goethe dizia que “ Nós viajamos não apenas para chegar , mas para viver enquanto viajamos”.
Assim deve ser nossa postura diante da vida.
Olhar cada período de nosso viver como tendo seus encantamentos, evitando, assim, cair no senso comum de acreditar que a aurora é mais fértil que o entardecer.
São momentos diferentes, sim, mas cabe a cada um de nós descobrir e aceitar o propósito de cada momento. Entardecer em nossas vidas pode assim ser visto como uma etapa que não prenuncia a escuridão total cheia de medos, mas a beleza das estrelas.
Aprendizes das estrelas traz, metaforicamente, uma visão de como olhar e aprender com a velhice e os idosos: como estrelas que pontuam nossa existência e que , muitas vezes, nem olhamos.
Estrelas que tiveram sempre a função de orientar os seres humanos em suas viagens.
Que tem luz própria, indicando o percurso de uma vida, e que ,ao contemplá-
las , estamos também contemplando seu passado.
Velhos-estrelas: vê-los, ouvi-los, amá-los, deixar-nos envolver pela sua luz, pelo seu passado, pela sua biografia, pelo seu presente, só nos enriquece, pois indica-nos a direção que devemos tomar e... o que não devemos repetir.
Texto publicado no âmbito do desafio Velhice para Fábrica de Letras









Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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