sábado, 12 de março de 2011


AONDE QUEREMOS CHEGAR?

“Mover-se é viver,
dizer-se é sobreviver”.
Fernando Pessoa


Abre e fecha, estica e encolhe, sobe e desce, vai e vem.
Assim é o movimento das coisas aqui fora, mas longe de ser um movimento ritmado como o pêndulo do relógio.
Vivemos um momento da história da humanidade em que os movimentos parecem cada vez mais acelerados e inconstantes.
Mas... e o que dizer dos movimentos internos, das batidas da nossa alma?
Parece que acompanham os movimentos externos, pois estão também desorganizados e em desequilíbrio.
São sentimentos, os mais diversos, que abrem e logo fecham, humor que sobe e desce, um estica e encolhe de sensações e um vai e vem de pensamentos.
E, para complicar, nem sempre sabemos o que tem provocado tantas mudanças assim.
Um dia levantamos e, ao colocar os pés no chão, já sabemos que a alma está com suas janelas e portas trancadas e a vontade é ir para debaixo da cama ou dos lençóis e não ver a “cara” do mundo.
Sentimo-nos desanimados, cansados e, às vezes, infelizes. Os antigos diziam que isso era a “nhaca”.
Não sei o que é isso, você sabe?
Num outro dia levantamos saltitando, cantando e muito felizes. Achamos a vida bela, somos agradecidos por tudo o que somos e temos, e com vontade de abraçar todos os que por nós passam.
Os antigos também tinham uma explicação para esse estado d’alma. Diziam que “tínhamos visto o passarinho verde”.
Também não sei por quê. Você sabe?
E assim vamos vivendo, com palpitações e arritmias: abre e fecha, sobe e desce, vai e vem de emoções e sentimentos.
Ah! Como cansa!
Tudo isso também perturba nossas relações; afinal, ninguém aguenta tantos altos e baixos assim. Não é nada agradável participar involuntariamente de uma montanha russa.
Talvez uma explicação plausível tenha a ver com o “estica e encolhe”.
Provavelmente, o grande vilão dessa história seja esse movimento.
Estamos esticando cada vez mais os deveres para alcançar não se sabe bem o quê, e encolhendo cada vez mais o que realmente é essencial.
Penso que talvez fosse bom brincar com a vida de “estátua”, assim, quem sabe deixaríamos de pegar o trem bala que nos leva para lugar nenhum.
Eliete Cascaldi Sobreiro

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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