quarta-feira, 4 de março de 2009

A cegueira ética da humanidade
Vou abordar uma matéria do jornal "O Estado de São Paulo" , escrita por Regina Scopke, filósofa, historiadora, sobre as idéias do filósofo Vladimir Jankélévitch em seu livro: O Paradoxo da Moral.
Para Vladimir Jankélévitch(1903-1985), filósofo e musicólogo francês, "o homem é um ser virtualmente ético, que existe como tal, isto é, como ser moral". Um ser moral "de tempos em tempos e de longe em longe-de muito longe em muito longe".
Embora o ser humano tenha seus valores, ele vive uma boa parte de sua vida numa espécie de cegueira moral ou ética, ou numa espécie de anestesiamento moral. Nas palavras do filósofo um estado de "eclipse da consciência ".
Para Regina,o homem"fala uma coisa e vive outra".
A existência humana é um eterno conflito entre os desejos e necessidades individuais e os deveres para com "o outro", e o homem um ser cindido por esse dilema. Diferentemente de Nietzsche que entende a consciência como uma espécie de carcereiro do homem, o filósofo Jankélévitch fala em voxconcientiae- o outro em nós,aquela que nos alerta dos perigos,das obrigações e deveres.
A moral é o conjunto de valores, normas, preceitos, proibições,"palavras de ordem", e ideais, ou seja , é a voz do campo social que está impregnada em nós, e agindo sobre nós.
A vida interior retratada pelo filósofo é repleta de tormentos, culpa, remorsos,e sobretudo de pavor diante das paixões e dos prazeres, sempre considerados perigosos para a conservação da vida social.
Regina Schöpke questiona: Será que o "eu" é sempre privado de seus direitos à felicidade ou à liberdade em prol dos outros?
E responde: "Sim e não". "Somos seres sociais, mas sem felicidade individual também não pode haver felicidade coletiva".
Orientando-se pelo pensamento de Nietzsche, (uma renúncia total torna o homem um ser cheio de imposturas e falsidades,vivendo hipócritamente e atordoado), a autora esclarece que é "preciso estar em consonância consigo mesmo e com a vida e buscar não uma elevação moral como fala Jankélévitch mas uma elevação real ,isto é, viver de fato os valores na sua máxima potência e não só de tempos em tempos ".
fonte:O Estado de São Paulo,1 de março de 2009/Cultura/D5
Concordo que uma das causas do sofrimento humano é este eterno dilema entre desejos e necessidades individuais e a adaptação social, ou como Freud postulava o ego tendo que conciliar as demandas do id (impulsos) com as exigências do superego. No entanto, penso que temos vivido esse conflito na potência máxima,pois as exigências são muito ambíguas.Vivemos numa cultura que venera o individualismo e o imediatismo dos desejos, que apregoa a importância da autenticidade,mas ao mesmo tempo não respeita as diferenças individuais, excluindo todo aquele grupo ou pessoa que porta uma singularidade, ou que difere dos padrões tido como "normais" ou desejáveis.
E como o que o homem mais teme é a exclusão social ou o ostracismo, também passa a viver de máscaras.

UMA CORRENTE DIFERENTE (recebi de uma amiga por e-mail)
Trata-se de um movimento de apoio à idéia do senador Cristóvão Buarque, que era candidato a presidente com a proposta da educação.Ele apresentou um projeto de lei propondo que todo político eleito(vereador, prefeito, deputado, etc.) seja obrigado a colocar os filhos na escola pública. As consequências seriam as melhores possíveis..Quando os políticos se virem obrigados a colocar seus filhos na escola pública, a qualidade do ensino no país irá melhorar. E todos sabem das implicações decorrentes do ensino público que temos no Brasil.
O que você pensa sobre essa proposta?



Ele pedia pão.

Eu, salmão.

Ele queria água.

Eu, vinho.

Eu pedia amor, dinheiro, saúde, trabalho.

Ele só pedia vida.

Eu inquieta, correndo, aflita

Fugindo da chuva

Com medo do tempo

Ele sorrindo, descalço na lama

Corria pra bola

Fugia das balas

Sonhava com campos de grama verde

E o grito ecoante depois do gol
...


Tatuado por Juliana Pestana

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Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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