segunda-feira, 9 de março de 2009

REDWOODS:UM DOS MAIS ANTIGOS SERES VIVOS DO MUNDORedwoods são sequoias muito altas (entre 90 e 100metros de altura) que vivem na costa oeste americana,mas precisamente na faixa costeira entre o sul do Oregon e a Califórnia.
O Redwoods Parque Nacional foi criado em 1968, ocupa uma área de 445Km2 e foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1980.
As sequoias podem alcançar entre 2.000 e 3.000 anos, tem troncos retos e cilíndricos com 11 metros de diâmetro, com ramos horizontais ligeiramente curvado para baixo e tem uma crosta muito espessa, macia e brilhante. Essas árvores foram usadas para construir as primeiras casas em San Francisco.
A morte de uma velha sequoia significa vida para as mais jovens, que ficam dormentes por muitos anos na sobra das gigantes.Crescem de uma semente muito pequena , resistem ao fogo, se adaptam a condições climáticas diferentes. Também vivem em sua copa uma série de plantas e animais.Quando há tempestades suas raízes se entrelaçam ás das semelhantes e então se firmam.
Os madereiros estão acabando com elas.Hoje existe apenas 5% da floresta original.

Uma americana,Julian Butterfly (23 anos)subiu em uma sequoia de 55 m de altura e 600 anos de idade, apelidada de Luna , e lá ficou por 738 dias impedindo desta forma que uma empresa madereira cortasse Luna e mais 12 mil metros quadrados da floresta.


fonte de pesquisa :revista Vida Simples/Edição 75/janeiro2009

A RESIGNAÇÃO COMO CÚMPLICE


"A decadência de uma sociedade começa quando o homem pergunta a si próprio: 'O que irá acontecer?', em vez de inquirir:'O que posso fazer?"'. Denis De Rougemont.
"A decadência (seja ela na sociedade mais ampla, seja em quaisquer instâncias, como família,trabalho, política,etc) principia quando o imperativo ético da ação é substituido pela acomodação e pela espera desalentada, isto é, quando se abre mão do dever que emana da liberdade e exige, para ser exatamente livre, uma intervenção consciente", afirma Mario Sergio Cortella.
È lamentável o que está acontecendo com todos nós. Cada vez mais vamos nos acomodando com a violência, desemprego, corrupção, fome,como se tudo isso fosse normal.
Dizemos que nada fazemos pois somos impotentes perante os fatos e daí a prostração se torna um hábito.
Fernando Pessoa diza "na véspera de não partir nunca, ao menos não há que arrumar malas".
Cortella nos lembra o pensamento do inesquecível Paulo Freire, que dizia que não se pode confundir esperança do verbo esperançar com esperança do verbo esperar.
Nessa reflexão o filósofo afirma algo extremamente importante:
Esperançar é levantar,
esperançar é ir atrás,
esperançar é construir,
esperançar é não desistir!
Esperançar é levar adiante,
esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo".
Acrescentaria que esperançar é falar, apontar, trazer à luz todas estes fatos e ideias.
Cortella ainda vai mais longe ao afirmar"Resignar-se é, de forma contundente, concordar invluntáriamente ou até ser cúmplice passivo".
fonte: matéria publicada na Folha de São Paulo/outras ideias/A resignação como cumplice/ por Mario Sergio Cortella, filósofo e professor da PUC-SP.
Peço desculpas por não citar a data dessa matéria, por não tê-la aqui comigo.


Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz.
E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos.
E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.
E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer fila para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagar mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes.
A abrir as revistas e ver anúncios.
A ligar a televisão e assistir a comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar.
À lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)

Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.
O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

























Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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