segunda-feira, 4 de abril de 2016




Viagem
 
Vim me esticar, relaxar e fugir da indecisão entre ter de ser e ter de fazer.
Vim circular, respirar, soltar as asas, escutar o silêncio e viver intensamente cada segundo.
Vim contemplar a noite a qual seduz a luz do dia, a relva ser acariciada pelo vento e os pássaros saírem em revoada.
Entro em pausa...
Respiro o lento correr do tempo, escancaro minhas portas e janelas para tragar o cheiro do jasmim, ouço o trepidar do fogo na lareira e o assovio do vento; tudo embala meu coração!
Vida sentida, refletida e renovada vai brotando, lentamente, tal como uma flor que se abre ao nascer do sol.
Há dias em que estou aqui seguindo o movimento da natureza, aprendendo a delicadeza e a força da vida que se manifesta em cada árvore, em cada bichinho que tem como única preocupação o ser.
Há dias em que converso com Deus, com o meu companheiro de vida, com o sol, com as estrelas e escuto a poesia concreta das montanhas...
Agora a chuva bate no telhado e eu a recebo alegremente. Exponho-me totalmente; quero que ela me lave e purifique. Sinto que dissipei minhas nuvens negras e densas; a saudade me diz que é hora de voltar.
Outra estação está chegando, o tempo de aflição e cansaço se foram.
Vim, agora voo, sou ave migratória...

Jornal O Combate/ 25/03/2016

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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