sábado, 23 de janeiro de 2010

O Amor em tempos de sobrecarga
Recentemente encontrei uma matéria muito interessante escrita por Sandra R. S. Baldessin ,no blog abaixo citado, sobre uma palestra proferida em Rio Claro , pelo psiquiatra Ivan Capellato, profissional do qual admiro muito e estou tomando a liberdade de transcrevê-la , com o objetivo de que estas ideias girem para todos que visitam este blog.
"Ivan Capellato psicanalista trouxe a definição do que seria esse “tempo de sobrecarga”, o momento que vivenciamos na contemporaneidade: tempos difíceis onde, em todas as áreas da vida em sociedade prevalecem o individualismo, a competitividade e a violência, dificultando o estabelecimento de vínculos afetivos e comprometendo o pleno desenvolvimento emocional de crianças e adolescentes.

Algumas das estatísticas predominantes nesse “tempo de sobrecarga”, apresentadas por Ivan, são muito alarmantes, como por exemplo, a informação da Organização Mundial de Saúde de que o Brasil é o segundo país do mundo no que se refere ao consumo de drogas pesadas e também em relação ao suicídio de crianças e jovens (só na região de Campinas foram 208 mortes entre janeiro e maio).

Para o psicanalista, essa questão do suicídio está intimamente ligada aos desequilíbrios afetivos.O único antídoto possível contra esse desequilíbrio é o amor que se traduz na “mesmice do cuidado” – expressão usada por Ivan, para quem, cuidar é a única forma de amor possível.
Nesse contexto, o amor-cuidado surge como a maior herança que os pais podem deixar aos filhos.

Não se trata de somente “investir” nos filhos, visando torná-los individualistas e competitivos, mas de estar presente e cuidando, de não ser indiferente à necessidade de apego e à angústia que deriva dessa necessidade e precisa ser satisfeita no vínculo afetivo que permite “estruturar uma identidade capaz de suportar a sobrecarga”.Essa espécie de amor-cuidado é ridicularizada nos tempos de sobrecarga. Os pais que cuidam, muitas vezes são acusados de não contribuírem com a autonomia, a independência dos filhos que, por sua vez, também se tornam alvo de piadinhas.
A verdade é que a insegurança dos tempos de sobrecarga e a falência da afetividade têm levado os adolescentes e os jovens à prática de um comportamento cada vez mais destrutivo, demonstrando que os vínculos humanos não podem ser substituídos por mercadorias, as quais, supostamente, supririam necessidades que só o amor pode suprir.

Ivan Capellato finalizou sua explanação afirmando que os tempos de sobrecarga configuram a “sociedade da descrença”: não se acredita mais na ética, nos valores, nos princípios de convivência e reciprocidade, inclusive no seio das famílias".

Apontadora de Idéias

Minha foto
São Paulo, Brazil
"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

Arquivo do blog