sexta-feira, 15 de outubro de 2010


Alguma coisa acontece...
Alguma coisa acontece em nossos corações, eles parecem pouco ensolarados, apertados e solitários.
Alguma coisa acontece com nossos olhares, pois espreitam perigos em tudo que lhes é estranho, diferente.
Alguma coisa acontece com nossos braços, que não mais suportam amparar o Outro.
Alguma coisa acontece com nossas relações, pois estão cada vez mais frias, desconfiadas e violentas.
Há um mal-estar geral em viver num mundo tão desencantado, tão carente de gentileza, de amor, de olho no olho.
Onde todos os pés estão atolados pelo medo, todas as mãos trancadas pelo narcisismo.
Onde o movimento é sempre afastar-se, duvidar, fechar-se, recusar o que não conhece ou o que lhe é estranho.
A dura realidade nas filas, nas vilas, favelas,nas casas belas é viver subtraindo, deixando de partilhar, de trocar, de tocar, de contar, de falar com o Outro.
Nas duras poesias concretas de nossas esquinas é que vamos somando defesas, preconceitos, crenças que reduzem os encontros.
As deselegâncias discretas dos nossos gestos vão dividindo o mundo de tal forma que todos acabam sentindo-se forasteiros, estranhos em sua própria terra.
Multiplicamos medos, angústias, solidão.
Há de chegar o dia em que nossos corações abrirão avenidas amplas de mão dupla para as relações, nas quais a verdade irá muito além do que se vê.
Há de chegar o dia em que não abriremos fendas naquilo que é diferente, em que ouviremos o som de nossas almas e não nos nortearemos por sinais superficiais. Seremos, enfim, éticos, seres que respeitam a alteridade, que são compromissados com a vida e regidos por uma razão pautada pelo respeito. A ética da alegria, da partilha, da liberdade criativa, da fraternidade.
Uma estrela surgirá no céu. Seremos, então, capazes de nos guiar por ela e descobriremos o verdadeiro caminho: o nascedouro do amor.
autoria: Eliete T. Cascaldi Sobreiro
Inspiração: SAMPA : Letra e música de Caetano Veloso


Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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