quarta-feira, 10 de março de 2010


PENSAMENTO
Pensamento vem de fora
e pensa que vem de dentro,
Pensamento que expectora
O que no meu peito penso
Pensamento a mil por hora,
tormento a todo momento.
Por que é que eu penso agora
Sem o Meu Consentimento?
Se tudo que comemora
tem o seu impedimento,
se tudo aquilo que chora
cresce com o seu fermento;
O pensamento de Fora,
Saia do meu pensamento.
Pensamento, vá embora,
desapareça no vento.
E não jogarei sementes
Em Cima do seu cimento.

Explicação do texto: A ideia central do poema é o fato de o homem não conseguir, estritamente falando, controlar sempre seu pensamento. O mundo exterior sugere pensamentos que brotam dentro de nós e ficam fora de nosso controle. O cerne do problema está no fato de que pensamos,às vezes, mesmo sem o desejar. O drama humano está exatamente em não se poder dominar o pensamento, mandá-lo embora, por exemplo, quando ele nos atormenta. O final do poema é um ato de expulsar opensamento. Que ele desapareça, levado pelo vento, e o poeta não tentará trazê-lo à tona, não atirando "sementes/em cima do seu cimento".
Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena
Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena
como é azul o oceano
e a lagoa, serena
como um tempo de alegria
por trás do terror me acena
e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena
sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena.
Ferreira Gullar

Explicação do texto: O poema é uma afirmação de amor à vida, cujo valor é tão certo "Como dois e dois são quatro". Aqui a ideia central gira em torno de uma afirmação matemática (ùnica "indiscutível). Não se trata de negação da transitoriedade, mas da afirmação da realidade do momento presente.
Fonte: Antologia Comentada de Literatura Brasileira
Poesia e prosa
Magaly T. Gonçalves
Zélia T. de Aquino
Zina C. Bellodi
(organizadoras)
Editora Vozes
Um livro que vale a pena conferir

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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