sábado, 19 de março de 2016


Lembranças são como vaga-lumes que acendem e apagam dentro de nós. Basta um perfume, uma música, um sonho, para que lembranças  adormecidas acendam, transportando-nos aos momentos vividos.
Outras, se apagam para sempre, levando um pouco de nossa vida.

Eliete T. Cascaldi Sobreiro

quinta-feira, 17 de março de 2016



No outono da vida quero florir como um ipê, ser leve como o vento e deixar cair os excessos que um dia carreguei.

Eliete T. Cascaldi Sobreiro

imagem: internet

terça-feira, 1 de março de 2016







A quem confiar a nossa tristeza?


Ninguém tem ombro para suportar sozinho o peso de existir”, escreveu Mia Couto, escritor moçambicano. Mas não é isso que estamos vivendo e propagando por aí.

 O alerta “Sorria, você está sendo filmado” ou como escutei recentemente: “Sorria, que o outro não aguenta o seu sofrimento” é uma indicação do quanto temos que esconder nossas dores para que possamos ser aceitos e reconhecidos como alguém de sucesso.

 A expressão de um sentimento de tristeza, geralmente, não encontra ouvidos  e ombros que a suporte por alguns momentos. Estamos cada vez mais sozinhos nas esquinas da vida.

Querem nos fazer acreditar em que, ao falar de nossos sofrimentos, seremos pessoas chatas, pesadas, e que acabaremos sozinhos, pois ninguém quer saber de lamúrias e reclamações.
A revista Super Interessante trouxe esse tema no artigo “A busca da felicidade” por Barbara Axt, em 2005: “Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação – as pessoas tristes são indesejadas, vistas como fracassadas completas. A doença do momento é a depressão”. 
 “A depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço”, afirma o escritor francês Pascal Bruckner, autor do livro A Euforia Perpétua.
São muitas as pessoas que se sentem inferiorizadas e solitárias por não conseguir esconder a sua dor. Não quero, com isso, dizer que é bom passar a vida fazendo-se de “coitado”, ou mesmo, acreditando que o nosso problema é o maior do mundo. Mas também viver sem poder expressar a tristeza para pessoas próximas é extremamente decepcionante.
Não seria essa a verdadeira solidão? Donald. W. Winnicott, psicanalista inglês, ao orientar as mães sobre seus bebês, esclarecia-as que ajudar seus filhos, em alguns momentos, é, simplesmente, segurar a mamadeira; querendo dizer que não é preciso atos heroicos ou uma grande sabedoria no momento de ajudar alguém.
 Basta estar perto, segurar a mão, dar um abraço, escutar sem querer dar conselhos. Esquecer-se de si mesmo e se colocar em sintonia com o sentimento do outro é o mais importante. E aquele que sofre também precisa acreditar que não irá incomodar seu amigo ou familiar caso precise “desabar” por alguns momentos.
 Recentemente, um jovem relatou-me, com alívio, algo que considero triste e muito preocupante. Só após iniciar um tratamento medicamentoso para debelar uma fobia social, é que as pessoas passaram a acreditar e serem mais compreensivas  com  sua dificuldade .  Quando é que passaremos a acreditar que as dores emocionais existem e nem sempre precisam ser medicamentadas para terem créditos?  A cura vem da capacidade de conseguir expressá-las para que possam ser compreendidas e ressignificadas.

Eliete T. Cascaldi Sobreiro 
 


Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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