segunda-feira, 21 de junho de 2010


Tenho comigo que chorar é nobre, expressão maior dos melhores sentimentos que habitam nosso interior.
Quando as lágrimas insistem em cair, quando os olhos ficam vermelhos e o nariz dá sinais de que fez seu esforço máximo para conter tal emoção, é a linguagem mais clara de que aquela pessoa está em contato com sua alma. As máscaras vão, como geleiras, despencando gradativamente.
É a pessoa em seu estado nu e cru; à flor da pele. Totalmente sem defesas, entregue, demasiadamente humana.
Talvez seja por sentir-se assim que, ao chorar, escondemos nossos rostos com as mãos; uma tentativa de proteger-nos frente a fragilidade que rompe : imperativa e retumbante.
Os olhos fecham-se, tentam comprimir-se com muita intensidade, mas os soluços saem do peito como vulcão. Nesses momentos, as lágrimas parecem gotas resignadas e caladas, que evadem envergonhadas daquela tempestade assustadora, procurando ,quem sabe, pelo mar...
Chorar é o melhor do nosso Ser; é como o dormir, onde todos são inocentes e puros.
É a alma que, com o seu soluço, tenta expressar a angústia perante o viver; é a confirmação da fragilidade ; é o entregar as armas.
Talvez, cobrir o rosto seja uma tentativa para que o outro não fique contagiado com essa aflição ou, quem sabe, porque desejamos viver nossa dor intimamente.
De qualquer forma, penso que não devemos dizer para uma pessoa não chorar, ou que pare com seu choro. Permita a expressão desse milagre ,e se quiser dizer alguma coisa, diga: chore quanto quiser ou precisar,e saiba que estarei aqui, bem perto de você.
Eliete Cascaldi Sobreiro


“Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne,e sangra todo dia.”
José Saramago (R.I.P.)

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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