quinta-feira, 14 de maio de 2015




OUVIR ESTRELAS

E um campo de estrelas irá brotando
atrás das lembranças ardentes.
Cecília Meireles

Ouvir o outro está muito difícil em nosso dia a dia. É motivo de riso o comentário: ”Que pessoa chata, eu só perguntei como ela estava e ela se pôs a explicar”.
Não há mais tempo para o outro, não há mais por que ficar perdendo tempo com “conversa fiada”, afinal tempo é dinheiro.
É interessante observarmos nossa irritação com adolescentes , quando ficam horas ao telefone ou ao computador, conversando com seus amigos; vamos logo chamando-os , para “irem tratar da vida”.
Há vários motivos que explicam esta dificuldade em ouvir as pessoas. Frequentemente, ouvimos de uma forma muito seletiva ou distorcida. Escolhemos alguns pontos que nos são convenientes e ignoramos todo o resto. Isso quando não caímos no velho hábito de julgar, ou tentar convencer que  nosso ponto de vista é o correto. Geralmente, carregamos preconceitos, entendendo-os como sendo verdades.
Ouvir de uma forma sensível, empática, concentrada e imparcial é cada vez mais raro, mesmo porque isto requer um tempo maior, e este tem sido objeto raro!
Está distante o tempo em que as pessoas se sentavam na varanda para conversar, ou paravam no vizinho para um cafezinho e um bocadinho de conversa.
Às vezes, sentimos até o desejo de ir à casa do amigo, mas logo hesitamos, pois poderemos atrapalhá-los, ou tirá-los do descanso, ou,  então, nós é que ficaremos atrasados,  e no outro dia é preciso acordar cedo.
É triste constatar que estamos, cada vez mais, sem disponibilidade interna para cultivar amizades, parcerias, e  os encontros vão sendo frequentemente adiados.
Talvez, precisássemos  criar escolas com janelas bem amplas, para que aprendêssemos novamente contemplar o céu, ouvir estrelas e ver a banda passar .
Será que é uma utopia, será que não mais teremos a paz que tínhamos?
 Será que mudamos tanto assim?
Será....
Escrito por Eliete T. Cascaldi Sobreiro
imagem: Internet


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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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