quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

CONVERTER O CORAÇÃO

Estou relendo um livro lindo de Henri Nouwen-"TRANSFORMA O MEU PRANTO EM DOR" e transcreverei aqui alguns de seus ensinamentos.

Todos nós enfrentamos ou vamos enfrentar perdas que sempre nos tornam prisioneiros de rejeição, vergonha ou culpa.Sem falar do sofrimento que às vezes custa ir embora.
Nouwen escreve que "nossas excessivas ocupações transformam-se em maldição", pois ultracarregados de afazeres ficamos impossibilitados de enfrentar a inevitável dificuldade que temos.
Um velho sacerdote disse:
"Eu sempre me queixava das constantes interrupções ao meu trabalho, até que entendi que minhas interrupções é que eram o meu trabalho."
As coisas desagradáveis, os momentos difíceis, os reveses inesperados carregam em si maior potencial do que imaginamos.

Perdas sem Danos ?
O tempo pode ser um santo remédio para muitas situações na vida,mas não quando perdemos alguém que amamos .A saudades, poderosa dama, confronta este senhor impiedoso e lhe mostra que não é absoluto.
É como se a vida fosse desbotando,perdendo o vigor de sua aquarela e em um cinza sem graça vamos "levando". Aí, escutamos poesias ,frases, assistimos filmes que falam que a vida deve ser DESFRUTADA,e nos questionamos: O que é exatamente desfrutar da vida?
È carnaval e eu não fui em bailes, não vi o carnaval de rua, não o vi nem pela TV. Estarei eu deixando minha vida passar sem desfrutá-la? É natal, as ruas e lojas estão cheias e os supermercados lotados. Eu não fui no centro,evitei shoppings e comprei o que precisava em novembro. Estarei eu deixando minha vida passar sem desfrutá-la?
Não tenho a resposta,pois somente com o tempo, saberemos a verdade.Aí sim,ele exercerá o seu poder absoluto e impiedoso, caso haja arrependimentos.
O que sei, hoje,em minha pouca existência é que saudades é o amor que fica e que a maior liberdade do ser humano é seu encontro com Deus.Neste encontro ,há paz, há sentido, e o tempo, passa a ser um bom camarada, e a vida, ora a vida, Colorida!
Pensamentos escritos pela minha irmã Mariangelina Cascaldi Figueiredo, convidada a falar um pouquinho sobre esse assunto.

"Podar, que é o mesmo que cortar, dá nova forma, remove o que reduz a vitalidade."

"A poda não é mera punição,mas preparação.Submetendo-se à poda que Deus realiza em nossa vida não ficaremos tristes, e sim, esperançosos por aquilo que ele irá fazer em nós e através de nós."

A colheita terá suas próprias bençãos.
TUDO É GRAÇA
"Mas Jesus diz que maturidade significa crescer em disposição para ser conduzido, até a lugares que não escolheríamos com entusiasmo".
Paulo,o apóstolo, afirma:"Transformem-se pela renovação da sua mente". (Romanos 12:2)

Esses ensinamentos são muito difíceis e espero conseguir um dia aprendê-los, com muita oração com certeza. E o dia de hoje é muito adequado para começarmos a renovar nossos corações, não acham?

Oração do Século XX

Senhor, fazei de mim
um instrumento da vossa comunicação

Onde tantos enviam bombas e destruição,
Que eu leve uma palavra de união!

Onde tantos procuram ser servidos,
Que eu leve a alegria de servir!

Onde tantos fecham a mão para bater,
Que eu abra meu coração para acolher!

Onde tantos adoram a máquina,
Que eu saiba venerar o homem!

Onde tantos endeusam a técnica,
Que eu saiba humanizar a pessoa!

Onde a vida perdeu o sentido,
Que eu leve o sentido de viver!

Onde tantos me pedem peixe,
Que eu saiba ensinar a pescar!

Onde tantos me pedem pão,
Que eu saiba ensinar a plantar!

Onde tantos estão sempre distantes,
Que eu seja alguém sempre presente!

Onde tantos sofrem de solidão que faz morrer,
Que eu seja o amigo que faz viver!

Onde tantos morrem na matéria que passa,
Que eu viva no espírito que fica!

Onde tantos olham para a terra,
Que eu saiba olhar para o céu!

(Pe. Atílio Hartmann, S.J.)



Um site que frequento para rezar todos os dias é LUGAR SAGRADO

http://sacredspace.ie/pt

vale a pena conferir





















































segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

não me leve a mal, hoje é carnaval... Se você é como eu , adora o carnaval, mas aqueles de outrora , os das marchinhas, então cantarole bem alto !

SACA-ROLHA(Zé da Zilda-Zilda do Zé-Waldir Machado, 1953)
As águas vão rolar
Garrafa cheia eu não quero ver sobrar
Eu passo mão na saca saca saca rolha
Eu bebo até me afogar
Deixa as águas rolar
Se a polícia por isso me prender
Mas na última hora me soltar
Eu pego o saca saca saca rolha
Ninguém me agarra ninguém me agarra.


MÁSCARA NEGRA(Zé Keti-Pereira Mattos, 1966)
Quanto riso oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Está fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou e te beijou meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval
CHUVA SUOR E CERVEJA(Caetano Veloso, 1971)
Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
A chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo de perder a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrô molhado
E vamos embolar
Ladeira abaixo
Acho que a chuva
Ajuda a gente a se ver
Venha veja deixa beija seja
O que Deus quiser
A gente se embala, se embola
Se enrola, só pára
Na porta da igreja
A gente se olha
Se beija, se molha
De chuva suor e cerveja.

A JARDINEIRA(Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938)
Ó jardineira porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu
Vem jardineira vem meu amor
Não fiques triste que este mundo é todo seu
Tu és muito mais bonita
Que a camélia que morreu
PASTORINHAS (Noel Rosa-Braguinha, 1934)
A estrela d'alva no céu desponta
E a lua anda tonta com tamanho esplendor
E as pastorinhas pra consolo da lua
Vão cantando na rua lindos versos de amor
Linda pastora morena da cor de madalena
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar
Linda criança tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre sempre te amar


EU CANSEI E VOCÊ?
TCHAU.....

domingo, 22 de fevereiro de 2009

"Tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu...", disse acertadamente Chico Buarque.
Tem dias que o meu coração não bate feliz, parece querer sair apressadamente fugindo da tempestade que se anuncia lá dentro, as "águas vão rolar" e a onda do medo parece que vai me engolir.

O único movimento possível vem do desejo de colocar a seguinte placa:"FECHADA PARA BALANÇO".

Nesses momentos a arte é um presente de Deus .
Os poetas com suas poesias, com suas músicas tem o poder de acalentar o coração e afugentar os medos.
Uma música que considero uma prece, um hino de esperança é LUZ MAIOR de Marcos Paiva/Jorge Simas e cantada pelo saudoso João Nogueira.
Essa dor que sangra, a gente estanca
pois o próprio mal também se cansa
o punhal que fere a gente arranca
basta não perder a esperança.
Manter acesa a fé
e não olhar para trás
que a vaga da maré
vai trazer a paz.
È resistir
enquanto o vento mais empurra contra o cais
é renascer
se um velho sonho se desfaz.
Se o tombo acontecer
saber se levantar
deixar correr
que novas águas vão rolar.

Quem dá a mão, quem faz o bem
quem tem amor pelo que faz.
Sabe pedir quando não tem
e dividir se tem demais.Pra ter a luz maior
A força de um clarão
sempre brilhando
no seu coração.




























sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009





Dizem os blogueiros,que "ENTRAR NUM BLOG, LER O TEXTO E NÃO COMENTÁ-LO, É COMO IR A CASA DE UMA PESSOA E SAIR SEM SE DESPEDIR".
Confesso que já fiz isso até viver a experiência de fazer o meu blog. É muito gostoso ficar esperando as visitas, saber quem entrou e o que achou. Tão gostoso como isso , é receber convidados queridos para que publiquem suas ideias e faça este giro de ideias voar .

Hoje a minha convidada é Adriane Fenerich e o assunto abordado por ela é
PENSAR...

“ De pensar morreu um burro.”
“ Quem pensa muito não faz....”
S E R Á ????????

O pensar constrói o pensamento. Confere ao homem "asas" para mover-se no mundo e "raízes" para aprofundar-se na realidade.
Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido amplo, podemos dizer que o pensamento tem como missão tornar o ser pensante, avaliador da realidade.
Segundo Descartes (1596-1650), filósofo de grande importância na história do pensamento, a essência do homem é pensar. O pensamento faz a grandeza ou a pequenez do homem.

" Só sei que nada sei.” ( Sócrates – filósofo grego )
A ignorância – ou, se preferirem, a consciência de nossa própria ignorância – não nos é dada gratuitamente; a ignorância tem um preço.
Nossa tendência é crer que as coisas de fato sejam como elas de início nos parecem ser. É preciso esforço para colocar em questão as aparências. É o exercício da dúvida que nos permite alcançar a ignorância. O valor da ignorância é extraordinário. Defrontar a autêntica ignorância é o único terreno sobre o qual o autêntico conhecimento poder ser erigido. Ter constantemente presente a necessidade desse trabalho e lembrar aos demais disso com uma persistência que beire a provocação – como o fazia o próprio Sócrates – pode ser uma boa maneira de se começar a filosofar.




Filosofar é pensar. Não um pensar qualquer.
Filosofar é pensar dia a dia no dia-a-dia.
Pensar é desfiar o fio da meada. Penso, logo desconfio. Pensar a prece, a pressa, o peso, o passo, a pizza, o poço, o prato, a prata, o porquê do epitáfio¹, as razões do rififi².
Sem filosofia...
Nem pensar!
Pensar é uma questão de atitude!
O pensar prepara nossa liberdade e nossa autonomia.
tanto quanto nos faz reconhecer as responsabilidades
que nos cabem.

Liberdade e autonomia, convenhamos, não são comportamentos muito bem vindos porque ameaçam o poder. Responsabilidade pode criar encargos e compromissos e, por isso, muitas vezes, é temida.
O pensar põe em perigo. E, em grande parte, por isso mesmo, ele é estrategicamente convertido em objeto de escárnio. Ensinar a pensar. É esse o único projeto que poderia nos tirar do atoleiro de pobreza, de violência e de impotência em que vivemos.
"Para saber que nós sabemos o que nós sabemos, e para saber que nós não sabemos o que nós não sabemos, isso é o conhecimento verdadeiro." -
Nicolau Copérnico

Pense tudo isso!!!!.....
1- Sobre epitáfio vide: http://pt.wikiquote.org/wiki/Epit%C3%A1fio
2- “Rififi” era uma gíria dos anos 1950, na França, para confusão envolvendo luta corporal
www.cinereporter.com.br/dvd/rififi/
www.bitlogger.blogspot.com/2008/01/o-momento-antes-do-roubo-perfeito.html Outras fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento
Revista Espaço Acadêmico nº 50 – julho/2005 –“ O Valor da ignorância “ – Julio César Burdzinski, professor do Depto. de Filosofia e Psicologia Unijuí-RS
Gabriel Perissé – doutor em Filosofia da Educação e escritor – website: www.perisse.com.br
Folha de São Paulo de 25/outubro/2007 – “Ensinar a pensar”
Agora a peteca está comigo e eu aproveito para convidá-los :

PENSE COM CARINHO:

Como anda escrevendo sua vida?
Tem repetido os mesmos erros , ou aprende com eles?
Tem conseguido pontuar adequadamente os parágrafos da vida ou tem atropelado com impulsividade , auto-engano ou mesmo preguiça mental?

Leia com muita atenção este pensamento:
"NÃO QUERO OLHAR PARA TRÁS, LÁ NA FRENTE, E DESCOBRIR QUILÓMETROS DE TERRENO BALDIO QUE EU NÃO SOUBE CULTIVAR".
escrito por Ana Jácomo (
http://anajacomo.blogspot.com/)
Conheça esse blog-vale a pena


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

GUIA PRÁTICO DA CIÊNCIA MODERNA:
1. Se mexer, é Biologia.
2. Se feder, é Química.
3. Se não funciona, é Física.
4. Se ninguém entende, é Matemática.
5. Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia.
6. Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer sentido, é INFORMÁTICA.

2- LEI DA PROCURA INDIRETA:
1. O modo mais rápido de se encontrar uma coisa é procurar outra.
2. Você sempre encontra aquilo que não está procurando
.

3- LEI DA TELEFONIA:
1. Quando te ligam: se você tem caneta, não tem papel. Se tiver papel, não tem caneta. Se tiver ambos, ninguém liga.
2. Quando você liga para números errados de telefone, eles nunca estão ocupados.
Parágrafo único: Todo corpo mergulhado numa banheira ou debaixo do chuveiro faz tocar o telefone.
4- LEI DAS UNIDADES DE MEDIDA:
Se estiver escrito 'Tamanho Único', é porque não serve em ninguém, muito menos em você...

5- LEI DA GRAVIDADE:
Se você consegue manter a cabeça enquanto à sua volta todos estão perdendo, provavelmente você não está entendendo a gravidade da situação.

6- LEI DOS CURSOS, PROVAS E AFINS:
80% da prova final será baseada na única aula a que você não compareceu, baseada no único livro que você não leu.

7- LEI DA QUEDA LIVRE:
1. Qualquer esforço para se agarrar um objeto em queda, provoca mais destruição do que se o deixássemos cair naturalmente.
2. A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.

8- LEI DAS FILAS E DOS ENGARRAFAMENTOS:
A fila do lado sempre anda mais rápido.Parágrafo único: Não adianta mudar de fila. A outra é sempre mais rápida.

9- LEI DA RELATIVIDADE DOCUMENTADA:
Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do manual.

10- LEI DO ESPARADRAPO:
Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda e o que não sai.

11- LEI DA VIDA:
1. Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.
2. Tudo que é bom na vida é ilegal, imoral, engorda ou engravida.

12- LEI DA ATRAÇÃO DE PARTÍCULAS:Toda partícula que voa sempre encontra um olho aberto.

Recebi por e-mail


tchau...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


O Bêbado e o Equilibrista

Começa assim!
De repente um nó na garganta e um pequeno desassossego; a sensação é de que o tênue fio, o fio condutor, o fio mestre, aquele que lhe dá a razão de existir,que lhe segura, está prestes a romper.
Sorrateiramente uma voz começa a lhe questionar: Para que tudo isso?
Aumenta o atordoamento, a confusão. Um ligeiro desequilíbrio e um grande cansaço de tudo. Agora não mais uma voz e sim uma nuvem espessa cresce paulatinamente, encobrindo todas as cores, toda a alegria. O fio condutor por uns momentos, parece fugir de seus pés, e perto da exaustão sai de suas entranhas um grito rouco: “ Pare, isso vai lhe levar para dentro do buraco!”

“Hoje é domingo, pé de cachimbo,
o cachimbo é de ouro, bate no touro
o touro é fraco, cai no buraco,
o buraco é fundo, acabou-se o mundo”.

Movimento estranho, um redemoinho vai carregando tudo para o buraco sem fundo.
A estranha força, o fio condutor que assegura a tranquilidade e as cores da
vida , por pouco não rompe.
O grito rouco, um pequeno sopro mais uma vez salva esse equilibrista da vida.
Loucura, depressão, acídia, marasmo que nome dar para isso?
Com certeza ”embriaguez do mundano”, síndrome ocasionada toda vez que nos afastamos e perdemos o contato com o Provedor da vida-DEUS.

escrito em janeiro de 2008

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Exclusão

Ainda sobre exclusão social....
Renato Luiz F. Conceição tem apelido de Sorriso.
Éresponsável pela varreção de três ruas na Tijuca, no turno matinal. Desde 1997, o seu sorriso entrou para a galeria de imagens clássicas do carnaval.
Ele diz:"O gari pede um copo de água numa casa e ouve que não tem copo, que não tem água.Aquela pessoa que negou não sabe que foi você que limpou a rua dele".
Fonte: Do Portal IG/Blog do Maurício Stycer

'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social. Plínio Delphino, Diário de São Paulo.
O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida: 'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari,pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão',diz.
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e> serviu o café ali, na latinha suja e grudenta.
E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar. O que você sentiu na pele, trabalhando como gari? Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado. E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou? Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão. E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, frequento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'. *Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!
'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'
recebi por e-mail de uma amiga/Rosinha

"A ética é a ótica espiritual"
Emmanuel Levinas


O código genético disso a que, sem pensar muito, nos temos contentado em chamar natureza humana, não se esgota na hélice orgânica do ácido desoxirribonucleico, ou adn, te muito mais que se lhe diga e muito mais paranos contar, mas essa, por dizê-lo de maneira figurada, é a espiral complementar que ainda não conseguimos fazer sair do jardim-de-infãncia, apesar da multidão de psicólogos e analistas das mais diversas escolas e calibres que têm partido as
unhas e tentar abrir-lhe os ferrolhos.
José Saramago (Ensaio sobre a Lucidez,29)




fonte: google

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Exclusão


O Evangelho (Marcos 1,40-45) deste domingo relata o encontro do leproso com Jesus. O homem de joelhos, pediu:"Se queres, tens o poder de curar-me".Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse:"Eu quero:fica curado!"No mesmo instante, a lepra desapareceu e ele ficou curado.
Este ensinamento ainda não conseguimos aprender: Não discriminar, não excluir pessoas, segundo critérios que consideramos certos, verdadeiros, bons ou maus.
Escrevi um artigo para o jornal da APAE de Jaboticabal em 2007, que continua atual ,e portanto postarei aqui.


NO PAÍS DAS JOANINHAS
Guardo há algum tempo o livro “Uma Joaninha Diferente” de Regina Célia Melo, das edições paulinas.
É a história de uma joaninha que por nascer sem bolinhas, foi rejeitada por seu grupo.
Inconformada com a exclusão busca a ajuda do besouro preto, e junto arquitetam um plano.
Pedem ao pássaro pintor que pinte bolinhas no corpo do besouro e então saem ao encontro das joaninhas.
Chegando ao jardim o besouro é bem recebido por elas que nada percebem.
A joaninha sem bolinhas pede então um minuto de atenção e apaga a pintura do corpo do besouro e pergunta: Qual é a verdadeira joaninha?
A história nos fala das reações frente às diferenças; da dificuldade que temos em assimilar e aceitar o diferente.
Como diz Caetano Veloso: ”... narciso acha feio o que não é espelho”.
O lamentável nessa história e em nossas vidas é o comportamento de exclusão e rejeição frente ao diferente, de tudo aquilo que sai dos padrões tido como “normais”.
Somos orientados frequentemente a acreditar em procedimento “tamanho único” no que diz respeito às pessoas, esquecendo e deixando de apreciar aquilo que é único em cada ser humano - a sua singularidade.
Quantos casos de depressão, anorexia, bulimia, obesidade, ou tantas outras doenças modernas poderiam ser evitados se não houvesse padrões tão redutíveis.
Assim tem sido com as deficiências.
A Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema: “Fraternidade e Pessoa com Deficiência” e como lema: “Levanta-te, vem para o meio!” (Mc 3,3) . È, pois um bom momento para perguntar tal como fez a joaninha.Qual é a verdadeira deficiência?
Frequentemente entendemos deficiência como doença, imperfeição, defeito ou mesmo incapacidade.
Assim como não é correto entender a deficiência como doença, também não é possível entendê-la como uma imperfeição ou defeito, uma vez que não existe perfeição ou ausência total de defeitos em qualquer ser humano.
A deficiência também não necessariamente leva a incapacidade. Algumas deficiências têm como consequência a incapacidade para alguma habilidade específica, mas não podemos esquecer que as incapacidades geradas por uma deficiência muitas vezes são maiores devido a uma situação de desvantagem do meio paras as diferenças existentes.
Pode ocorrer também de existir a falta ou a perda de alguma estrutura física e a pessoa não ser deficiente, como acontece com a joaninha da nossa história.
Daí a necessidade de prestar atenção ao uso de determinados conceitos.
A exclusão que se manifesta como preconceito, ignorância, insensibilidade ou mesmo sentimento de piedade, é a que provoca maior dor .
Lembremos que para a deficiência que compromete o corpo há tratamento, mas para aquilo que machuca a alma o dano é irreversível.
Vamos acordar e refletir : Qual é a verdadeira deficiência?




QUE A ACEITAÇÃO DAS DIFERENÇAS NÃO SEJA UM CONTO DE FADAS


QUE A DIFERENÇA SEJA UM DIFERENCIAL

É POSSÍVEL VIVER JUNTOS SE AS DIFERENÇAS VIEREM PARA SOMAR!

QUE A DIFERENÇA POSSA DESABROCHAR E SER ADMIRADA
PENSE : O QUE CABE NO SEU TODO?

As ideias voam além mar e Ana Paula é um belo presente.
Obrigada pela palavras de incentivo. Seu blog é muito lindo.
Nilza quero lhe agradecer também por sua participação,valeu!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A colonização das Américas e o Sujeito Moderno
Quando começa a modernidade?
Para Contardo Calligaris no livro "Psicanálise e Colonização" ,a modernidade começa em 1492 com as grandes explorações, entre elas, a viagem de Colombo que tem um lugar muito especial, como metáfora do fim do mundo fechado, do abandono da casa materna e paterna.

A viagem, pelo menos no Norte da América, aconteceu sob o signo de se fazer valer.
Os navegadores vieram para fazer fortuna não para recompor uma caricatura das hierarquias deixadas atrás. Eles foram nesse sentido resolutamente modernos.
Para Hegel a humanidade(modernidade) começa quando acaba o reino da necessidade, ou seja, quando o desejo não encontra mais sua satisfação nos objetos procurados e finalmente consumidos mas se projeta e prolonga indefinidamente na procura de reconhecimento.

Para o homem moderno não há mais necessidade, só desejos.
Qualquer objeto desejado é em primeira instância um meio para se fazer valer.
No capítulo "A Psicanálise e o sujeito colonial", Contardo Calligaris , refere-se as duas ordens de explicações para as grandes descobertas e sobretudo -para a viagem de Colombo.
materialista: procura de novas riquezas e necessidade de conquistas.
ideológica: indomável desejo de saber e conhecer novas coisas.
"A modernidade substitui o ser pelo ter e pelo aparecer que acaba sendo permitido pelas posses."
O ser pré-moderno é um efeito de nascença e tradição.
O ser moderno "é feito de ter e de aparecer.
Isso não quer dizer que a substituição do Ser pelo Ter implique que no passado o ser humano fosse alguma coisa e hoje esteja reduzido a apenas ter objetos e aparências. Significa que o Ser pré-moderno era feito de regras tradicionais e o Ser moderno é sustentado pela distribuição de bens.

"Me dizes o que tens e fazes, assim te direi quem tu és"
Qualquer bem, por mais necessário que seja à subsistência, vale hoje antes de mais nada por seus efeitos sociais.
Assim o luxo é o pai e a mãe da modernidade.
Qualquer bem é um luxo, pois é um diferenciador social e não mais
uma meio de satisfação das necessidades.

A modernidade é uma nova organização psíquica. E a colonização das Américas é a metáfora de uma nova subjetividade.
"Trata-se de uma subjetividade eminentemente histórica: O sujeito moderno não se define pelo mundo que encontra, mas pelo mundo que ele mesmo faz ou transforma.Não se define pelo lar onde nasce, mas por suas aventuras."

È o sujeito saído de casa.
De um mundo onde o passado determina o presente, passa-se a um mundo onde o futuro é a verdade do presente. Seu ser está no futuro e no projeto.

Referência Bibliográfica: Psicanálise e Colonização :Leituras do Sintoma Social no Brasil
Edson Luiz André de Sousa (org).Artes e Ofícios/1999
A Psicanálise e o sujeito colonial/Contardo Calligaris

Caros amigos, para enriquecer suas reflexões não deixem de ler o comentário
de Shoenstatt. Que legal saber que as palavras que nos tocam voam para tocar outras pessoas. Muito obrigada por sua participação nesta postagem.
Nosso Giro de Idéias está realmente polinizando outras pessoas muito especiais , cono é o caso do Pe. Paulinho que tambem deixou seu comentário e um lindo pensamento de Rubem Alves.Obrigada amigo!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

CON-VERSO UM PAPO REGADO A POESIA (V)
O ARCO SAGRADO
"Sua aventura não será completa se você não retornar."
Joseph Campbell

O homem é um ser complexo e fabuloso que não se esgota e que possui capacidade para transformar e criar conscientemente a própria vida, cooperando com o mundo à sua volta.
Seu crescimento não é linear, reto e direto e sim em movimento de circunvolução que busca realizar plenamente potencialidades inatas.
O objetivo maior é encontrar a autênticidade, completar-se, tornar-se inteiro, como bem disse o psicanalista Carl Gustav Jung.
..."Trago dentro do meu coração,
como num cofre que se não pode fechar de cheio,
todos os lugares onde estive,
todos os portos a que cheguei,
todas as paisagens que vi através de janelas e vigias,
ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que quero"...
Fernando Pessoa
Dentro de cada um de nós há um "cofre" com todas as potencialidades e com todas as lembranças do que vivemos.
Cheio de emoções, instantes inesquecíveis, potencialidades não desenvolvidas, sonhos...
Podemos nos referir a esse cofre, como o depositário inconsciente de Freud, ou como os alquimistas o chamavam"fonte mercurial".
O inconsciente é uma instância psíquica com vários níveis.Há aquela onde guardamos tudo o que vivemos, desde o momento em que fomos gerados, o que foi reprimido ou não cultivado: é a nossa memória esquecida.Quando não reconhecido tende a ser projetado nos outros e no mundo, através da Sombra.
Esse é o nosso inconsciente pessoal.
Mas somos muito mais, temos uma pré história, que é a a história dos nossos pais, da nossa família:nossas heranças de sombra e de luz, pois fazemos parte de uma cadeia transgeracional-o inconsciente familiar.
Carregamos ainda a humanidade dentro de nós, o substrato psíquico denominado por Jung, de inconsciente coletivo:lugar dos grandes arquétipos, das experiências de vida dos nossos ancestrais, o grande arquivo das experiências da humanidade.
Esse cofre, essa instância psíquica é infindável, e, devemos entendê-lo como um lugar sagrado. o lugar onde você pode encontrar-se sempre se assim o desejar.

Em algumas culturas americanas, quando a pessoa consegue ser ela mesma, dizem que ela está em seu Arco Sagrado.

"Arco Sagrado" é sinônimo de autenticidade, ou de estar ligado à própria espiritualidade"
Esse é um espaço que não tem como função ganhar a vida, status ou uma reputação.
É um lugar onde você experimenta alegria, onde dá plena expansão aos dons e talentos, onde você se liberta, onde consegue ser mais você- o eu sujeito.
Mas nossa forma de vida atual tem nos levado para cada vez mais longe deste arco, pois há uma falsa sabedoria, um excesso de confiança nas luzes do ego.
Somos estimulados a renunciar ao conhecimento profundo do nosso ser, sendo muitas vezes visto como "perda de tempo", pois atualmente nossos modelos não são espirituais, mas tecnológicos.
O ativismo descontrolado, mais parece um grande baile de máscaras onde há sempre uma voz comandando o espetáculo.:
-Senhoras e senhores coloquem seus sapatinhos vermelhos e dancem, rodopiem, entreguem-se ao som alucinante. Não parem, não pensem,sintam sómente o movimento.

Dançarinos que temem parar e se verem frente ao vazio; como os reis que necessitavam do bôbo da corte para mantê-los afastados da solidão.
Nossa cultura não tem mais os bôbos da corte , mas tem as drogas e muitos outros meios destinados a nos manter afastados de nós mesmos e dos outros.
Os encontros sociais geralmente com sua música ambiente alta, não possibilitam conversas mais íntimas, proporcionando assim um convívio cada vez mais superficial ou até inexistente.

"Vivemos todos longíquos e anônimos, disfarçados, sofremos desconhecidos.
A uns, porém, esta distância entre um ser e ele mesmo nunca se revela, para outros é de vez em quando iluminada, de horror ou de mágoa, por um relâmpago sem limites,
mas para outros ainda é essa a dolorosa constância e quotidianidade da vida"
Fernando Pessoa


Obs: Estou tambem escrevendo na revista RANKING SOCIAL(edição 13/fevereiro) .
Coluna "UMAS PALAVRAS".

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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