terça-feira, 24 de abril de 2012

Quando a terra,
se converte num altar,
a vida se transforma numa reza.
Padre Nunes

  
A mãe é eterna,
o pai é imortal.
Dizer de luar- do- Chão


     Fotos: Eliete

domingo, 22 de abril de 2012

Maria Rezende uma grande poeta.

 

"O risco não é só um traço
é a distância entre um prédio e outro
a diferença entre o pulo e o salto
O risco é riqueza e asfalto a percorrer
pode ser a pé, pode ser voar
o risco é o bambo da corda solta no ar
Dentro dele cabe cálculo cabe medo e incerteza
cabe impulso, instinto, plano
O risco é a pergunta te atacando ao meio-dia
é o preço do sonho pra virar realidade
é a voz das outras gentes
testando a tua vontade
Aceita-lo é saber que não existe estrada certa
linha reta, vida fácil pela frente
Mas que
asa
asa
asa só ganha quem planta no escuro do braço essa semente de poder voar."

Maria Rezende Blog

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O segredo da vida de um casal

Contardo Calligaris

Receita do amor que dura: amar o outro não apesar de sua diferença, mas por ele ser diferente.

Em geral , na literatura, no cinema e nas nossa fantasias, as histórias de amor acabam quando os amantes se juntam (é o modelo Cinderela) ou, então, quando a união esbarra num obstáculo intransponível (é o modelo Romeu e Julieta). No modelo Cinderela, o narrador nos deixa sonhando com um “viveram felizes para sempre”, que seria a “óbvia” conseqüência da paixão.

No modelo Romeu e Julieta, a felicidade que os amantes teriam conhecido, se tivessem podido se juntar, é uma hipótese indiscutível. O destino adverso que separou os amantes (ou os juntou na morte) perderia seu valor trágico se perguntássemos: será que Romeu e Julieta continuariam se amando com afinco se, um dia, conseguissem deitar-se juntos sem que Romeu tivesse que escalar a casa de Julieta até o famoso balcão? Ou se, em vez de enfrentar a oposição letal de suas ascendências, eles passassem os domingos em espantosos churrascos de família?
Talvez as histórias de amor que acabam mal nos fascinem porque, nelas, a dificuldade do amor se apresenta disfarçada. A luta trágica contra o mundo que se opõe à felicidade dos amantes pode ser uma metáfora gloriosa da dificuldade, tragicômica e inglória, da vida conjugal. O casal que dura no tempo, em regra, não é tema para uma história de amor, mas para farsa ou vaudeville -às vezes, para conto de terror, à la “Dormindo com o Inimigo”.

Durante décadas, Calvin Trillin escreveu uma narrativa de sua vida de casal, na revista “New Yorker” e em alguns livros (por exemplo, “Travels with Alice”, viajando com Alice, de 1989, e “Alice, Let’s Eat”, Alice, vamos para a mesa, de 1978). Nesses escritos, que são só uma parte de sua produção, Trillin compunha com sua mulher, Alice, uma dobradinha humorística, em que Calvin era o avoado, o feio e o desajeitado, e Alice encarnava, ao mesmo tempo, a beleza, a graça e a sabedoria concreta de vida.

À primeira vista, isso confirma a regra: a vida de casal é um tema cômico. Mas as crônicas de Trillin eram delicadas e tocantes: engraçadas, mas nunca grotescas. Trillin não zombava da dificuldade da vida de casal: ele nos divertia celebrando a alegria do casamento. Qual era seu segredo? Pois bem, Alice, com quem Trillin se casou em 1965, morreu em 2001.

Trillin escreveu “Sobre Alice”, que acaba de ser publicado pela Globo. Esse pequeno e tocante texto de despedida desvenda o segredo de um amor e de uma convivência felizes, que duraram 35 anos. O segredo é o seguinte: Calvin e Alice, as personagens das crônicas, não eram artifícios literários, eram os próprios. A oposição entre os dois foi, efetivamente, o jeito especial que eles inventaram para conviver e prolongar o amor na convivência.

Considere esta citação de um texto anterior, que aparece no começo de “Sobre Alice”: “Minha mulher, Alice, tem a estranha propensão de limitar nossa família a três refeições por dia”. A graça está no fato de que a “propensão” de Alice não é extravagante, mas é contemplada por Calvin como se fosse um hábito exótico.

Alice é situada e mantida numa alteridade rigorosa, em que é impossível distinguir qualidades e defeitos: Calvin a ama e admira como a gente contempla, fascinado, uma espécie desconhecida num documentário do Discovery Channel. Se amo e admiro o outro por ele ser diferente de mim (e não apesar de ele ser diferente de mim), não posso considerar que minha maneira de ser seja a única certa. Se Calvin acha extraordinário que Alice acredite na virtude de três refeições diárias, ele pode continuar petiscando o dia todo, mas seu hábito lhe parecerá, no fundo, tão estranho quanto o de Alice.

Com isso, Calvin e Alice transformaram sua vida de casal numa aventura fascinante: a aventura de sempre descobrir o outro, cuja diferença inesperada nos dá, de brinde, a certeza de que nossa obstinada maneira de ser, nossos jeitos e nossa neurose não precisam ser uma norma universal, nem mesmo a norma do casal. Há quem diga que o parceiro ideal é aquele que nos faz rir.

 Trillin completou a fórmula: Alice era quem conseguia fazê-lo rir dele mesmo. Com isso, ele descobriu a receita do amor que dura.

terça-feira, 17 de abril de 2012


Ao amanhecer , todas as confusões de ontem, são coisas do passado.
Hoje inicia-se um novo dia, um dia que jamais existiu.
Autor desconhecido

quarta-feira, 11 de abril de 2012


“Ás vezes é preciso dormir, dormir muito. Não pra
fugir, mas pra descansar a alma dos sentimentos. Quem nasceu com a
sensibilidade exacerbada sabe quão difícil é engolir a vida. Porque tudo,
absolutamente tudo devora a gente. Inteira.”
Marla de Queiroz

segunda-feira, 2 de abril de 2012


Abrimos um álbum e mostramos aos amigos as fotos da viagem. Paisagens. Aqui um lago. Ali um pôr-do-sol. A foto é a mesma. Mas quem garante que as paisagens das almas sejam as mesmas?
Aquilo que sinto, vendo o lago e o pôr-do-sol, não é a mesma coisa que você sente, vendo o mesmo lago e o mesmo por-do-sol. “O que sinto, a verdadeira substância com que o sinto, é absolutamente incomunicável; e quanto mais profundamente o sinto, tanto mais incomunicável é”, diz Bernardo Soares.
As paisagens da alma não podem ser comunicadas. A alma é um segredo que não pode ser dito. Por isso, quanto mais fundo entramos nas paisagens da alma mais silenciosos ficamos. A alma é o lugar onde os sentimentos são profundos demais para palavras. “Calamos”, diz Sor Juana, “não porque não tenhamos o que dizer, mas porque não sabemos como dizer tudo aquilo que gostaríamos de dizer”.
(Rubem Alves. In: As cores do crepúsculo: a estética do envelhecer. Campinas [SP]: Papirus Editora, 2001, p. 153.

quinta-feira, 29 de março de 2012


Todo momento é importante.Todo encontro é surpresa.Todo rosto é revelação.
Essa atitude devolve a importância a cada instante, traz novidade ao dia, refresca a vida.
Carlos G. Vallés
Elogio da vida cotidiana

segunda-feira, 26 de março de 2012


“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade.”
Nise da Silveira

terça-feira, 20 de março de 2012



“Árvore (…) é uma pessoa que não fala; que vive sempre de pé no
mesmo ponto; que em vez de braços, tem galhos; que em vez de unhas, tem folhas;
que, em vez de andar falando da vida alheia e se implicando com a gente (como
os tais astrônomos), dão flores e frutas. Umas dão pitangas vermelhas; outras
dão laranjas doces ou azêdas – e é destas que tia Nastácia faz doces; outras,
como aquela enorme ali (as lições eram sempre no pomar) dão bolinhas pretas
chamadas jaboticabas (…) [as árvores não saem do mesmo lugar] Porque têm raízes
(…) Raiz é o nome das pernas tortas que elas enfiam pela terra adentro. Bem
querem andar, as pobres árvores, mas não conseguem. Só saem do lugarzinho em
que nascem quando surge o machado. (…) Machado é o mudador das árvores – muda a
forma delas, fazendo que o tronco e os galhos fiquem curtinhos. Muda-lhes até o
nome. Árvore machadada deixa de ser árvore. Passa a ser lenha. (…).
(Monteiro
Lobato, Memórias da Emília, São Paulo: Brasiliense, 1973, p. 92-93)

sábado, 17 de março de 2012


O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta que o rio faz por trás de sua casa se chama enseada.Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
Manoel de Barros

quinta-feira, 15 de março de 2012


Disquisição na insônia:

" Que é loucura;
ser cavaleiro andante
Ou
segui-lo como escudeiro?
De nós dois,
quem o louco verdadeiro?
O que,
acordado, sonha doidamente?
O que,
mesmo vendado,
Vê o
real e segue o sonho?
Eis-me, talvez, o único
maluco,
E me
sabendo tal, sem grão de siso,
Sou -
que doideira - um louco de juízo."

Carlos D
rummond de Andrade sobre Dom Quixote.

terça-feira, 13 de março de 2012



vale a pena conhecer o blog : http://10paezinhos.blog.uol.com.br/arch2010-01-01_2010-01-31.html

Quem apresentou-me o trabalho de Fábio Moon e Gabriel Bá, foi o meu filho e genro Luis Octávio

sábado, 10 de março de 2012

Agora, aqui, veja, é preciso correr o máximo que você puder para permanecer no mesmo lugar. Se quiser ir a algum outro lugar, deve correr pelo menos duas vezes mais de pressa do que isso!
Lewis Carroll

quinta-feira, 8 de março de 2012

A vida traz a cada um a sua tarefa
e, seja qual for a ocupação escolhida, álgebra, pintura,
arquitetura, poesia, comércio, política — todas estão ao nosso alcance, até mesmo na realização de miraculosos triunfos, tudo na dependência da seleção daquilo para que
temos aptidão:
comece pelo começo,
prossiga na ordem certa, passo a passo.
É tão fácil retorcer âncoras de ferro e talhar canhões como
entrelaçar palha, tão fácil ferver granito como ferver
água, se você fizer tudo na ordem correta.
Onde quer que haja insucesso é porque houve titubeio, houve alguma superstição sobre a sorte, algum passo omitido, que a natureza jamais perdoa.

Condições felizes de vida podem ser obtidas nos mesmos termos.
A atração que elas suscitam é a promessa de que
estão ao nosso alcance.
As nossas preces são profetas.
É preciso fidelidade; é preciso adesão firme.
Quão respeitável é a vida que se aferra aos seus objetivos!
As aspirações juvenis são coisas belas, as suas teorias e planos de vida são legítimos e recomendáveis:
mas você será fiel a eles?
Nem um homem sequer, receio eu, naquele pátio repleto de
gente, ou não mais que um em mil. E, se tentar cobrar
deles a traição cometida, e os faz relembrar de suas altas resoluções, eles já não se rocordam dos votos que fizeram.(...)
A corrida é longa, e o ideal, legítimo, mas os homens são
inconstantes e incertos.
O herói é aquele imovelmente centrado.
A principal diferença entre as pessoas parece ser a de
que um homem é capaz de se sujeitar a obrigações das quais podemos depender — é obrigável: e outro não é.
Como não tem a lei dentro de si, não há nada que o
prenda.
Ralph Waldo Emerson, in "Considerations by the Way"

domingo, 4 de março de 2012


"O que é REAL?, perguntou o Coelho um dia, quando estavam deitados lado a lado, perto da grade do quarto das crianças, antes de Naná vir arrumar o quarto.
"Significa ter coisas que murmuram dentro de você e uma alça do lado de fora?"
"Real não é a forma com que você é feito", respondeu o Cavalo de Pele.É uma coisa que acontece com você. Quando uma criança gosta de você por muito , muito tempo, não somente para brincar, mas gosta REALMENTE de você, aí você se torna Real". ...
"Não acontece de repente" continuou o Cavalo de Pele.
"Você se transforma. Leva bastante tempo. É por isso que nem sempre acontece para quem se quebra com facilidade ou tem bordas àsperas ou precisa ser guardado com cuidado. Geralmente, até você se tornar Real, a maior parte de seu pêlo já caiu de tanto carinho,você já perdeu os olhos, está com as juntas moles e bastante gasto.Mas essas coisas não têm a mínima importância, porque quando você é REAL, não pode ser feio, a não ser para quem não entende".
The Velveteen Rabbit, por Margery Williams

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Canção das mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

Lya Luft

domingo, 26 de fevereiro de 2012


Se eu sou aquilo que tenho e aquilo que tenho se perde, então quem sou eu?
Erich Fromm

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012


"O importante não é morrer nem em que idade se morre ,
é o que se está fazendo no momento em que se morre".
A elegância do ouriço/Muriel Barbery
um livro que recomendo

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Aventura

Ano novo, mil promessas...
Gastar menos,poupar mais, trabalhar muito sem deixar de ver familiares e amigos.
Exercitar-se, emagrecer, ler finalmente aquele livro que espera, pacientemente ,na cabeceira da cama, ouvir os CDs
emagrecer, etc, etc.
Plano perfeito, ou alguma coisa caiu no esquecimento?
Os filhos, como entram em nossos planos?
Martha Medeiros,
escritora gaúcha, faz uma analogia interessante entre aventura e paternidade.

“Aventura não é escalar montanhas
não é atravessar desertos
não é preciso bravura.
..........................................
aventura não é morar em castelo
não é correr de ferrari
não é preciso frescura
aventura é tudo o que faz
uma pessoa tornar-se capaz
de abrir mão da loucura
aventura é ser
mãe e pai.”

Pensar a paternidade como uma aventura é perfeito,não em seu sentido mais corriqueiro,
um empreendimento arriscado, passageiro ou leviano, mas com um significado mais amplo:
a aventura como um acontecimento extraordinário, que contém riscos, mas com segurança, e que requer um olhar atento e curioso por toda a paisagem.
Uma atitude investigativa e aberta para o novo e bonito.
A maternidade e a paternidade envolvem muitas dificuldades e grandes emoções.
Ter filhos e educá-los não deve ser entendido como trabalho árduo ou “aborrecente.”
Assim como uma aventura para dar certo exige tempo e disposição, da mesma forma é criar filhos.
È necessário planejamento, dedicação, atenção e cuidado com todo
detalhe e em cada etapa do processo, e, com certeza, grande dose de paixão.
A boa educação sempre começa em casa e exige exemplo, autoridade, referências seguras, escuta,
flexibilidade, limites, gratificações e frustrações. Para isso, não é possível prescindir da presença constante, aliada ao interesse verdadeiro dos pais pelos seus filhos.

Vitoriosos na aventura da paternidade serão os pais que conseguirem o grande feito:
serem companheiros de viagem de seus filhos, conhecendo-os em sua rica singularidade.
Numerosas serão as oportunidades de prazer, de alegria e de resgate de tudo o que é essencial para a felicidade.

Vitoriosos serão os filhos que herdarão a segurança de terem sido amados e apreciados por aqueles que lhes deram a vida.

Bela aventura será também para a humanidade quando entendermos que o que fica em nossa memória é a viagem e
não a bagagem, que o importante é o amor que doamos uns para os outros.
A melhor promessa
de futuro é viver em família.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Todo momento é importante,
Todo encontro é surpresa.
Todo rosto é revelação.
Carlos G. Vallés

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012



Na confiança madura há lugar para o 'não confiar',baseado na experiência, e para o 'não confiar ainda' , por falta de experiência com o objeto, sem que a não confiança se transforme paranoicamente, em desconfiança do outro ou, depressivamente, em desconfiança de mim.



Luís Cláudio Figueiredo em: As diversas faces do cuidar/novos ensaios de psicanálise contemporânea.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012



..."O voo livre é tão essencial quanto o abraço seguro".





As diversas faces do cuidar(novos ensaios de psicanálise contemporânea) de Luis Cláudio Figueiredo.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012



Quanto menos existe de nós em nossas escolhas,mais frustração há em nossos atos.


Inez Lemos

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012



"O que está num mapa depende claramente dos interesses do cartógrafo e o mapa que escolhemos depende do que nós desejamos saber...



(os cartógrafos) fazem escolhas ao construir seus mapas, iluminando alguns elementos e ignorando outros. Essas escolhas, invitavelmente, afetam o viajante que está usando o mapa. Mas, bons mapas também oferecem escolhas...eles não são meras fórmulas, não insistem que a jornada deve ser feita de apenas uma maneira ou que ela precisa ser, de fato, completada. O mapa indica pontos de referência, de perigo, sugere possíveis rotas e destinos, mas deixa o caminhar para nós".(Daloz, 1986,p46)




Do belíssimo livro: Tutoria/Mentoring na formação médica

Patrícia Lacerda Bellodi , Milton de Arruda Martins e colaboradores.



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012



Um terapeuta na verdade não cura; ele pode apenas apresentar um espelho. Nunca se pode de fato ajudar uma pessoa; podemos apenas ajudar os outros a verem a si mesmos.




Minha prática consiste, essencialmente, em olhar para as pessoas como elas são e devolver a elas essa imagem.




Podemos ajudar as pessoas a entender por que agem da maneira que agem,mas não podemos necessáriamente modificá-las.


Lynn Andrews/Curar, Curar-se ,Editora Cultrix

domingo, 29 de janeiro de 2012

Gostei muito deste livro...


Algumas vezes as pessoas podem desaparecer bem diante dos nossos olhos. Às vezes o descobrem mesmo quando estavam olhando para você o tempo todo. Às vezes nos perdemos de vista quando não estamos prestando atenção suficiente.



...Todos nós nos perdemos de vez em quando, algumas vezes por escolha própria, outras devido a forças além do nosso controle. Quando aprendemos a necessidade de aprendizado da nossa alma, o caminho se apresenta por si só. Algumas vezes enxergamos o caminho,mas vagamos para mais longe e mais adentro sem nos darmos conta; o medo, a raiva ou a tristeza não nos permitem retornar.Às vezes preferimos ficar perdidos e vagar, às vezes é mais fácil assim . Algumas vezes encontramos nossa própria saída.Mas, seja como for, sempre somos encontrados.


Cecelia Ahern

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012




"Visto que os sentimentos, por natureza, existem para serem sentidos, faz parecer-nos que acontecem naturalmente como fugir quando estamos assustados, que estamos, de certo modo, agindo inversamente à natureza.Estamos fazendo o oposto ao que os sentimentos naturalmente nos exigem.Em vez de sentir os nossos sentimentos, estamos fugindo deles-uma coisa muito antinatural".



Prestar atenção a uma emoção não é encorajá-la nem desencorajá-la, também não é reagir a ela nem reprimí-la, nem louvar nem culpar-se por senti-la.Prestar atenção a uma emoção é, simplesmente, deixá-la em paz.



... O mestre Zen japonês Shunryu Suzuki diz que a melhor maneira de controlar uma vaca ou um carneiro é soltando- os num grande pasto. Isso é que é deixar alguma coisa em paz: soltar em um espaço amplo o suficiente para expandir-se livremente. A atenção é o que libera a emoção.



Como educar suas emoções/Francis F. Seeburger

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012



"O traumático nem sempre é aquilo que faz ruído, e sim o que fica mudo".

Carmem García Mallo




Para ser, temos que nos narrar, e nessa conversa sobre nós mesmos há muitíssima conversa fiada: nós nos mentimos, nos imaginamos, nos enganamos.




...De maneira que nós inventamos nossas lembranças, o que é o mesmo que dizer que inventamos a nós mesmos, porque nossa identidade reside na memória, no relato da nossa biografia.

A louca da casa de Rosa Montero

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012



O teólogo alemão Meister Eckhat escreveu o seguinte:"Nada no universo é mais parecido com Deus do que o silêncio".



Recordando aquela manhã no retiro, sorrio e penso:"Você chegou perto.Mas eu diria mais. Eu diria que 'nada no universo é mais parecido com Deus do que o silêncio compartilhado'".



É no momento em que me conscientizo tanto da minha solidão quando da minha profunda ligação com os outros que tem lugar a experiência do sagrado.


A Dança /Oriah M. Dreamer






quinta-feira, 19 de janeiro de 2012



A luta pelo poder nasce da necessidade de superar sentimentos íntimos de impotência e de compensar sentimentos de desespero.




A incapacidade do paciente para conhecer a si mesmo emparelha-se com sua incapacidade de dizer não.



Para se ter consciência de si mesmo é preciso perceber o outro.

Livro: Prazer-Uma abordagem criativa da Vida de Alexander Lowen

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012






Popularmente se diz que "vivendo se aprende". Na verdade, a pessoa só aprende se detendo no que viveu.



O tranquilizante tranquiliza, porém não acaba com a ideia que atormenta.Melhor fazer análise.Custa mais caro. Só que é sempre melhor pagar com dinheiro do que com a própria vida. Dinheiro a gente ganha de novo. A vida é uma só.


...a liberdade depende da rememoração. Que ninguém é livre porque quer,mas por ter se tornado livre dos imperativos inconscientes.

A grande descoberta de Freud foi essa. trabalhando com os pacientes, ele se deu conta de que a rememoração do passado permite estancar a repetição.

Livro: Quem ama escuta/Betty Milan

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Tiare_Rose_Bent



...Já ouvi demais sobre a audácia heróica.

Conte-me como você desmorona quando

esbarra no muro,

o lugar que você não pode transpor pela força

da sua vontade.

O que conduz você para o outro lado desse muro,

para a frágil beleza da sua condição humana?




...Mostre-me como você cuida dos negócios

sem deixar que eles determinem quem você é.

Quando as crianças estão alimentadas mas as vozes

internas e as externas

gritam que os desejos da alma têm um preço alto

demais,

vamos lembrar um ao outro que o que importa não é o
dinheiro.


Oriah M.Dreamer
A Dança

domingo, 8 de janeiro de 2012



..."Havia uma senhora, que vamos chamar por exemplo de Julia, que morava em frente a um convento de freiras enclausuradas; o apartamento, num terceiro andar, tinha uma varanda que dava para o convento, uma sólida construção do século XVII.




Certo dia Julia experimentou as rosquinhas que as freiras faziam e gostou tanto que se habituou a comprar uma caixinha todos os domingos. A assiduidade de suas visitas levou-as a travar uma certa amizade com a irmã Porteira, que ela naturalmente nunca via, mas com quem falava através da porta giratória de madeira.




Conhecendo os rigores da clausura, certo dia Julia contou à irmã que morava bem ali em frente, no terceiro andar, naquela varanda que dava para a fachada e que não vacilasse em pedir sua ajuda se precisasse de qualquer coisa do mundo externo, como levar uma carta, ou buscar um embrulho, ou fazer algum outro favor. A freira agradeceu e as coisas ficaram assim.




Passou um ano, passaram trinta anos. Certa tarde, Julia estava sozinha em casa quando bateram na porta. Abriu e se deparou com uma freira pequenina e anciã, muito limpa e enrugada. Sou a Irmã Porteira , disse a mulher com uma voz familiar e reconhecível; anos atrás você me ofereceu sua ajuda se precisasse de alguma coisa de fora, e agora eu preciso .




Pois não, respondeu Julia, diga. Queria lhe pedir , explicou a freira, que me deixasse debruçar-me na sua varanda. Estranhando, Julia fez a anciã entrar, guiou-a pelo corredor até a sala e foi a varanda com ela. Lá ficaram as duas, imóveis e caladas, observando o convento durante um bom tempo. Afinal, a freira disse: É muito bonito, não é?


E Julia respondeu: Sim, muito bonito. Dito isto, a Irmã Porteira regressou para o seu convento, provavelmente para nunca mais tornar a sair".



Livro: A Louca da casa de Rosa Montero

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012







Pelo sonho é que vamos
Pelo sonho é que vamos,comovidos e mudos.
Chegamos?





Não chegamos?



Haja ou não haja frutos,pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.



Basta a esperança naquilo que talvez não teremos.




Basta que a alma demos,com a mesma alegria,




ao que desconhecemos e ao que é do dia a dia.
Chegamos?




Não chegamos?




- Partimos.




Vamos.



Somos.
(Sebastião da Gama
)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Queridos amigos blogueiros, quero desejar-lhes um Feliz Natal e um ano novo repleto de emoções.

Estou saindo de férias do blog - por um tempinho,mas estarei visitando-os.

beijos...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011



A felicidade (Jorge Luis Borges)


O que abraça a uma mulher é Adão.

A mulher é Eva.

Tudo acontece pela primeira vez.

Hei visto uma coisa branca no céu.

Dizem-me que é a lua,mas que posso fazer com uma palavra e com uma mitologia.

As árvores me dão um pouco de medo.

São tão formosas.

Os tranquilos animais se aproximam para que eu lhes diga seu nome

Os livros da biblioteca não têm letras.

Quando os abro surgem.

Ao folhear o atlas projeto a forma de Sumatra.

O que acende um fósforo no escuro está inventando o fogo.

No espelho há outro que está à espreita.

O que olha o mar vê à Inglaterra.

O que profere um verso de Liliencron há entrado na batalha.

Hei sonhado a Cartago e as legiões que desolaram a Cartago.

Hei sonhado a espada e a balança.

Louvado seja o amor no qual não há possuidor nem possuída,mas os dois se entregam.

Louvado seja o pesadelo, que nos revela que podemos criar o inferno.

O que descende a um rio descende ao Ganges.

O que olha um relógio de areia vê a dissolução de um império.

O que joga com um punhal pressagia a morte de César.

O que dorme é todos os homens.

No deserto vi a jovem Esfinge que acabam de lavrar.

Nada há tão antigo baixo o sol.

Tudo acontece pela primeira vez, mas de um modo eterno.


O que lê minhas palavras está inventando-as.
(Tradução de Héctor Zanetti)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011




Francisco Daudt: Como escolher um psicanalista



Meu assunto é como escolher um psicanalista, alguém que vai cuidar de você com o instrumental que Freud inventou. Você o contrata e consome um serviço de saúde.
“Que barbaridade, pensar no cliente como consumidor!” Sinto muito se feri suscetibilidades, mas acompanhe.


Clínica: do latim, “inclinar-se”, para observar e entender. Pratico clínica psicanalítica há 35 anos. Fui consumidor do serviço por oito, com dois psicanalistas diferentes. É prestação de serviço mesmo: eu pagava (caro) e recebia 50 minutos de suposta atenção. Assim como quando fui pai tentei me lembrar do que, quando criança, funcionava ou não no jeito de meus pais, quando me tornei analist prestei atenção no que me fez bem e mal como cliente. Aprendi com erros e acertos de meus psicanalistas.
Gosto de clareza, transparência, do que é lógico, razoável. Se você gosta de obscuridades e esoterismos pule este artigo. Não é tua praia.
Afinal, psicanálise veio para explicar ou confundir? A coisa é simples: quantos psicanalistas são necessários para trocar uma lâmpada? Um só, mas é preciso que a lâmpada queira muito ser trocada.
Procurei a psicanálise porque me sentia mal comigo mesmo e queria me sentir bem. A pergunta seguinte era: o profissional teria o mesmo objetivo? Queria me fazer sentir melhor com o seu instrumento terapêutico? Parece uma pergunta besta? Não é! Há vários psicanalistas não comprometidos com a melhora dos seus pacientes (que dirá com a cura dos seus sintomas).
Eles têm como meta “a reflexão sobre os enigmas do seu funcionamento psíquico” ou, pior, “a sua aceitação da castração” (calma, explico, é assim: “O mundo é duro mesmo e você deve aceitá-lo como é, sem esperar colinho de mãe, que é o mesmo que querer roubá-la de seu pai, representante do mundo cruel. Tenha horror do incesto, o complexo de Édipo”).


Escolher um psicanalista não é mesmo fácil. Aqui vão algumas sugestões, se você ainda não largou a leitura deste blasfemo insolente, desta pessoa desprezível pela sua linguagem chã que qualquer um pode compreender.


INDICAÇÃO
Pode vir de um amigo que tem se sentido melhor com seu tratamento. Pode vir de artigos que você leu e te deram alívio e compreensão, assinados pelo cara. Ou de livros que ele escreveu, entrevistas que ele deu etc.
PRIMEIRO CONTATO
Em geral, é pelo telefone. Impressionante o que se pode aprender sobre o outro num telefonema: se é acolhedor; se é pomposo ou simples; se você se sente bem ou constrangido; se vai te atender logo ou “talvez, se abrir uma vaga nos próximos meses”. Só vá à entrevista se você se sentir bem com ele ao telefone. De desconforto basta a tua vida, você não precisa pagar (caro) por ele!
PERPLEXIDADE
Se o doutor Fulano te disser algo que você não entenda, se falar complicado a ponto de você achar que é burro, desista: não serve para você.
MUDEZ
Se doutor Fulano ficar te olhando quando você quiser saber algo na entrevista, as chances são de que ele ficará mudo durante a terapia. Por que você há de pagar (caro) para quem não diz nada? É teu trabalho se entender? Então fale para o espelho. É mais barato.
CONTRATO
Sinta-se confortável com um contrato claro sobre tempo de sessão e custos. Pergunte sobre férias (suas e dele). Pergunte sobre pontualidade (há poucas coisas mais constrangedoras do que encarar colegas numa sala de espera). Você tem mais o que fazer na vida, e é uma falta de respeito fazer cliente esperar tendo hora marcada.
AO FIM DA SESSÃO
Não deixe ninguém te convencer que sair aos prantos e arrasado significa que a sessão foi “funda e produtiva”. Só significa que o terapeuta colocou mais dor naquilo de que você já se acusava. Ele quer que você se arrependa. É mais barato procurar o confessionário da igreja católica.
SENSO DE HUMOR
Se sentir falta de humor na sua terapia, significa que seu analista gosta de drama, e o drama é parte integrante e agravante dos seus sintomas. Vá embora! Parte da cura é não se levar tão a sério, não se achar (e a ninguém) tão importante. Dentro de cem anos, lembre-se, estaremos todos mortos. E faz parte do meu imaginário aparelho humildificador: amanhã este artigo será papel de embrulhar peixe...
FRANCISCO DAUDT, psicanalista e médico, é autor de “Onde Foi Que Eu Acertei?”


Folha de São paulo/ Equilíbrio 27/09/2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011



Liberdade nada mais é do que a consciência das alternativas e da possibilidade de escolhas.


Nilton Bonder

Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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