Meu chão, meu pão ...
Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor.
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor.
E me dizia sempre o que é viver melhor.
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor.
Sérgio
Bittencourt
Meu
chão não é de mármore, nem de granito,
nem de seixos do mar: Meu chão
está perto de uma poltrona de couro surrado na sala daquela casa que já dá
sinais de exaustão. Seus cômodos, móveis, janelas e jardins contam muito de quem eu sou e a história de
minha família. Remontam memórias que estão vivas por terem ali o seu berço.
Meu
chão não é a poltrona e, sim, aquela mulher que se senta diariamente nela: Minha mãe, meu chão,
meu pão...
Sentada
em sua poltrona assegura-me de que sou capaz de ser timoneira do meu barquinho
no mar da vida. Não necessito de que ela resolva minhas dificuldades e os meus
problemas. Não!
Basta
sua presença ali, naquela cadeira, para
ter a certeza de que eu posso ir, de que terei forças para enfrentar o que for
preciso.
O medo, quando surge, é dela se cansar e
querer partir. Nesse momento, uma tristeza ronda meu ser; busco seus olhos e a
magia se dá. Nossos olhos conversam, acariciam-se, abraçam-se, sem precisar da
boca e de suas palavras. Muitos sentimentos brotam: somos filha e mãe, mãe e
filha. Somos uma só pessoa e isso nunca irá morrer. Tomo suas mãos, fecho meus
olhos, escancaro minhas entranhas e a coloco dentro de mim.
Seus
dedos apertam os meus, abro os olhos e ganho a imagem das mãos de minha filha sobre a minha e,
um toque suave e quente , de imediato ,
toma inteiramente meu corpo, ao me lembrar das mãozinhas do meu neto
sobre as mãos da sua mãe e sobre as minhas.
Tenho
a confirmação, nesse momento, do mistério da vida e de que estamos todos
construindo nosso chão. O andar não é errante e nossos passos não são
sem controle.
texto:Eliete
T. Cascaldi Sobreiro, escrito para o jornal O Combate na data 19 de janeiro de 2016
Beleza de texto, onde o amor flui com a verdade das palavras...assim , Assim Seja!
ResponderExcluirum abraço
Que texto lindo Eliete,gosto muita da música que você usou o trecho inicial,recordo meu pai, que adorava contar histórias.
ResponderExcluirÉ na memória dessas lembranças que tenho certeza de que é com amor, que construímos nosso chão.
Um abraço, Sônia.