terça-feira, 8 de março de 2011

O que será do amanhã?

Um gosto de amora
comida com sol.
A vida chama-se “Agora”.
Guilherme de Almeida

Aquela voz tirou-me de meus pensamentos e do planejamento que estava a fazer sobre os próximos dias, chegando a assustar- me por um momento.
“Oi! moça bonita, deixa eu ler a tua mão?” Olhei e vi uma mulher aproximando-se. Era morena, tinha cabelos pretos amarrados com um lenço vermelho, e um vestido longo todo colorido. Uma cigana!
Novamente , pediu-me para ver a palma de minha mão e eu, mais do que depressa, respondi com uma negativa e fui distanciando-me. Agora meus pensamentos eram outros, mudaram totalmente de direção.
O futuro, os dias que estavam por vir, perderam a força de sedução que tinham uns minutos antes em minha mente.
Olhei para a palma de minhas mãos procurando encontrar alguma pista, algum sinal do que me aconteceria. Comecei então a sorrir, do absurdo que estava pensando e temendo. Lembrei-me de que, quando criança , tinha muito medo de ciganos, pois diziam-nos que podíamos ser por eles raptados. Agora, passadas algumas horas, posso refletir sobre essa experiência e perguntar-me se gostaria mesmo de saber sobre o futuro. Não tenho dúvida: NÃO. Não apreciaria saber que logo ali na próxima esquina haveria um acontecimento muito bom esperando-me para ser vivido, pois perderia toda riqueza da novidade, da surpresa, do espanto.
Também, não gostaria de saber sobre um acontecimento negativo, pois perderia imediatamente a tranquilidade do momento presente e já começaria a viver a angústia do que poderia estar a algumas léguas de distância.
“O futuro a Deus pertence”, diziam os antigos, é assim que acredito, e é assim que quero viver. Um dia de cada vez, um passo depois do outro.
Que graça teria assistir a um jogo sabendo o resultado final?
Que valor teria se soubéssemos que nossas decisões não contam, que nossas escolhas não interferem em nada, pois tudo estaria traçado sem a nossa participação?
Como manter ardendo a chama da paixão pela vida, o arrebatamento e a rebelião necessários para as mudanças?
O que adiantaria lutar pelos nossos sonhos e ideais se tudo já estivesse predestinado?
Não, não seria possível a vida nestas condições. Só o mistério e a imprevisibilidade é que fazem a vida ter essa tessitura tão delicada e , portanto , tão preciosa a todos nós.
Da arte da adivinhação fico com a mágica que nos incita a curiosidade e o espanto, e distrai-nos por alguns momentos.

Eliete Cascaldi Sobreiro

15 comentários:

  1. Bom dia,Eliete!!
    Adorei seu texto!!Penso que cada escolha que fazemos vai se refletir no nosso futuro.
    Tentar adivinhar como vai ser...pode ser perda de tempo...pois uma escolha diferente hoje pode mudar o rumo dos acontecimentos...
    É a sabedoria dos antigos:"Cada um colhe o que planta." Minha avó tinha um medo de ciganos , chegava a voltar pelo caminho se visse uma pela frente...Eu não...
    Deixo-lhe muitos beijos!!!
    Felicidades pelo nosso dia!!

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  2. Bom Dia, Eliete!

    Pois é, né?... a paixão, tão íntima das dúvidas, das perguntas, do eterno "será?"...

    Um beijo
    e obrigada por sua visita agradável.

    Beijo

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  3. Olá Eliete!

    Estou em sintonia com sua reflexão! Não tem mesmo a menor graça em "assistir a um jogo sabendo o resultado final".

    A graça da vida está no inesperado 'vir-a-ser'...

    Carinhos...

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  4. "Só o mistério e a imprevisibilidade é que fazem a vida ter essa tessitura tão delicada e , portanto , tão preciosa a todos nós."
    Precioso, Eliete!

    Beijo :)

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  5. "Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
    a vida inédita pela frente
    e a virgindade dos dias que virão!"

    (Elisa Lucinda)

    http://quintaneandoeoutrosgerundios.blogspot.com/2010/12/vivencias.html


    PS: Tentei mandar a foto para você pelo comentário, mas não consegui. Meu email é quintaneando@gmail.com, escreve que envio.

    Beijo grande. :)

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  6. Amanhá pode estar longe e um dia será passado...beijo Lisette.

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  7. Eliete,
    Seu texto é maravilhoso e concordo muito com você..
    Olha, os tags da Carol e do Luis Octávio estão no blog e coloquei um atalho para o seu..
    Bj e Feliz Dia Internacional da Mulher
    violeta

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  8. Olá Eliete, que belo texto, também acredito que o amanhã a Deus pertence, melhor é viver bem o presente.

    Um abraço

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  9. Oi Eliete!
    Feliz Dia Internacional da Mulher!
    Bjs.

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  10. A ansiedade e até a curiosidade, muitas vezes, me fizeram desejar o poder de conhecer o futuro, de saber os acontecimentos que estariam destinados à minha vida... mas, hoje, prefiro lutar pelo melhor que puder fazer, sonhar com o que virá, simplesmente... contemplar e desfrutar o caminho sem buscar antever o que me espera depois da primeira curva ou o que me reserva a linha de chegada...
    Parabéns Eliete, pelo modelo de mulher que vc é
    Bjs

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  11. Boa noite Eliete!

    Pensei que não ia mais conseguir vir... Chuva e conexão não se dão bem...
    Mas cheguei para lhe deixar meu carinho, agradecer suas carinhosas palavras e um abraço pelo nosso dia!
    Um texto fantástico! Obrigada pela partilha.
    Boa semana!
    Beijos

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  12. Tuas mensagens realmente giram as nossas idéias...tudo de bom...parabéns e continue a balançar com a nossa cabeça...adoro! bjs

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  13. Oi amada, vim passear por aqui...amei seu texto!e concordo, o mistério,leva a curiosidade e essa, à busca das respostas....e assim a vida anda pra frente...Beijos querida e um ótimo restinho de semana pra ti!

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  14. tão bom ser surpreendida pela vida...
    bjokas eliete!

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  15. Boa Noite Amiga!!!

    Concordo com você,o destino a Deus pertence.
    Minha mãe conta que lá no interior todos tinham medo de ciganos...tirando esse fantasiar,acho que não sobra muita coisa.
    Também acredito que colhemos aquilo o que plantamos.

    Te desejo Uma Boa noite de descanso

    Um grande beijo

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Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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