quarta-feira, 27 de abril de 2016



Instante de amor

 

(Ao meu neto,  João Vicente)

 

Mas os gestos úteis não devem ocultar os gestos agradáveis.

Gaston Bachelard

 

Como traduzir um instante de amor?

Como explicar um gesto que abraça e integra todo o seu ser, que é capaz de unir o Céu e a Terra, o corpo e a alma, em questão de segundos?

E para que interpretar, explicar ou traduzir a comunhão de um instante?

Por que não sentir, somente?

Não é suficiente o sentimento capturado e vivido com a máxima intensidade?

Respondo que Não! Concordo com Hannah Arendt, filósofa alemã, quando afirma: “Humanizamos o que ocorre no mundo e em nós mesmos apenas ao falar disso, e no curso da fala aprendemos a ser humanos”.

Narrar esse instante de amor é prolongá-lo, é voltar a sentir, é eternizá-lo...

A memória deste gesto – sua mãozinha procurando pela minha- reafirma a certeza de que um amor maior está sendo construído. O calor e a carícia resultante do encontro de nossas mãos,  criaram uma intimidade profunda e fecunda que atravessou todos os poros, uniu gerações e confirmou o sentido da minha vida.

Mãos que se transformaram em ninhos de alegria, de confiança e de esperança.

É o impalpável sentimento brotando do palpável roçar das palmas de nossas mãos que velará meus sonhos e despertará as raízes de minha vida.

 

3 comentários:

  1. Lindo, emocionante e bem dedicado! bjs, chica

    ResponderExcluir
  2. Palavras plenas de ternura com uma delicadeza emocionante...
    Um grande abraço.
    Élys.

    ResponderExcluir
  3. Verdade... Viver o momento é muito mais importante do que ficar explicando, analisando. Viver o momento é o bastante e não cabe mais nada dentro dele, a não ser viver. bjs.

    ResponderExcluir

Apontadora de Idéias

Minha foto
São Paulo, Brazil
"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

Arquivo do blog