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Temporal em
minha alma
Quando a alma fala, já não fala a
alma.
Friedrich Schiller
Estou sombria; acho que vou chover e
parece que é chuva pesada.
Sinto medo, não gosto de sentir o
tempo carregado; não sei se terei capacidade para dar vazão a todo fluxo que
cairá. Descuidei-me dos bueiros, devem estar abarrotados de lixo que, com o
tempo, fui depositando,
Sempre, com a desculpa de que
“depois eu vejo isto”.
Agora, anuncia-se a chuva e sei que
não será uma chuva leve, gostosa e calma. Os ventos estão cada vez mais fortes
e carregam todas as certezas que pareciam tão firmes no meu solo. Tudo parece
ir pelos ares e a visão é turva devido à poeira levantada daqueles lugares tão
esquecidos e tão pouco cuidados . As
nuvens das palavras não ditas, dos sentimentos estancados querem desabar e
arrasar tudo. A fúria é grande.
Será que os telhados suportarão;
restarão fantasias e sonhos? Ou todos serão engolidos pelas águas salgadas do
meu mar?
Para quem eu dei o melhor de mim?
O que será o melhor de mim? Como
será o meu verão, onde estará o meu sol, em que estrela guardei o meu tesouro?
Quem sabe de mim? Meus pais, irmãos,
amigos?
Como refazer-me após a tempestade,
como reconstruir o que for desabado?
Valerá à pena restaurar, tal como
sou agora? Eu sou o quê?
Eu quero o quê? Eu amo o quê?
Acho que não consegui decifrar-me e a tempestade me devorará .
Nem ao espelho poderei recorrer, dizem
que não é bom ficar perto dele em noites de tempestades.
Quem me dirá quem sou , quem me
salvará? Onde estará o pedaço de mim que é bom, que é belo e que é meu?
E, quando encontrá-lo, para quem
ofertar?
texto: Eliete T. Cascaldi Sobreiro
Eliete, que texto forte, profundo, cheio de questionamentos.Lindo ! bj, tudo de bom,lchica
ResponderExcluirOi, Eliete , a noite escura da alma, como dizem os místicos, é de dura travessia...mas depois na água benfazeja se dilui toda a mágoa e lava os desafetos que escorrem .pelos desvãos e o sol de novo vai brilhar
ResponderExcluirTransportei-me para as entrelinhas dessa profunda reflexão... senti até o corpo estremecer... com o temporal se formando dentro do peito... tentando me decifrar...
ResponderExcluirBelíssimo texto amiga! Beijos
Oi Eliete, nossa que texto profundo!
ResponderExcluirVárias questões que você colocou me fizeram pensar...para algumas também não tenho resposta.
Talvez para encontrá-las seja preciso desacelerar um pouco para poder prestar atenção nas sensações e sentimentos.
Lindo post.
Bjs
Eliete querida!
ResponderExcluirEntrei neste texto de alma, me identifiquei muito nisso tudo...a visão fica turva de tanta poeira levantada, mas é hora de chover muito, para lavar, limpar, e quem sabe um novo caminho enxergar. Este é o caminho da psicanálise, que amo tanto...às vezes penso não aguentar, mas sempre encontro um bueiro que dá conta à toda esta água...amei amada! um beijo grande e até mais!