sábado, 2 de março de 2013

Como é bom saber que ainda há jovens que acreditam no Amor.
Esse texto é de Guilherme Palazzo

     imagem: Leonid_ Afremovi_by

"E assim o filho ia vivendo. Vivia apenas por viver? Acredita-se que não, mas não tinha emoção. Todo dia, quando chegava da escola, era a mesma
ideia sobre as coisas. Nada parecia mudar sua percepção. Nada parecia fazer com que ele olhasse para uma maçã e percebesse o que estava além da maçã.
 Você percebe? Certo dia chegou da escola e não só ele, como também sua mãe, perceberam que algo havia mudado. Foi uma mudança tão repentina quanto o breve olhar que fitou em
uma garota na escola. Apesar da brevidade, aquela imagem ficou martelando em sua cabeça até a hora ue chegou em casa.
Nada pôde fazer naquele momento em que não houve troca de olhares, pois já era hora de ir embora. Mas falaremos disto
depois. Almoçou normalmente e adivinha o que havia de sobremesa? Maçã. Pegou-a como quem pega algo muito frágil. Ficou ali, parado, olhando e apreciando uma beleza que jamais
soubera ver. Para ele o tempo não estava passando, mas na verdade estava e estava tão rápido, que ele não conseguia acom-
panhar...então preferiu se sentir estático para eternizar aquele momento. Sua mãe passou e não mais que por impulso perguntou :
"Você ainda está ai filho? O que está acontecendo?" Ele nem se quer ouviu o que sua mãe disse pois estava muito concentrado, mas logo a indagou:
 "Mãe, o que é o amor?" Ela não sabia exatamente o que responder, aquela pergunta a havia deixado surpresa e, ao mesmo tempo,
não sabia se era a hora certa para tentar explicar. Pestanejou. Hesitou. "Bem filho, o amor é...como posso lhe explicar...o amor é por si só, a sua plenitude."
- Disse. Pensou rápido que se ele havia feito tal pergunta, era porque estava sentindo algo diferente e mesmo pensando que
ele não havia entendido sua explicação, saiu de perto e o deixou pensando. O garoto nem ao menos sabia o que era plenitude e, instigado pelo momento, foi logo ao dicionário que guardava no
 criado-mudo de seu quarto. Procurou. Achou. Leu. Entendeu. Entendeu? Ah, sim! Entendeu a oalavra, mas e o amor?"
Você o entende? Você o quer entender? Não seria melhor senti-lo? Não se ateve mais ao que sua mãe disse, apenas olhou
para a maçã e sentiu, mesmo sem entender. Já estava tarde, apesar de não parecer aquele momento solene o roubara a tarde e parte da noite.
Deitou-se e sua única pretensão aquela noite era sonhar com aquele belo rosto. No dia seguinte, fitou novamente a garota com seu olhar tímido e solitário, mas agora com uma certeza.
A certeza de que ela lhe remetia a algo que aconteceu anteriormente, mesmo não a conhecendo de lugar algum.
 Ficou muito confuso apesar de tal certeza e, entendeu menos ainda, mas sentiu. Era o amor. Era o olhar diferente para a maçã. Era o olhar para qualquer objeto eo transformá-lo para
sua realidade, para algo que te faz bem. Ele amou aquela garota, a amou com os olhos. Amou com a certeza da incerteza do que iria acontecer e era isso que brotava o sentimento a cada dia. A vontade de não entender, para ai sim entender
como o amor era belo, singelo.
 Sua garra e determinação pelo sentimento eram tamanhos, que levaram tal garota à idolatria. Sim, ele conseguia amar com os
olhos! Voltou para casa com um sorriso estampado em seu rosto que jamais ousara mostrar. Apenas sentou à mesa como um dia normal e, mesmo sentindo tudo que queria sentir, não
pediu conselhos à sua mãe, pois não queria tentar entender. Sua maior vontade daquele momento em
diante, era que alguém lhe perguntasse se sua vida teria valido a pena, para que ele pudesse encher o peito de orgulho e dizer: sim, pois eu amei."

2 comentários:

  1. Oi Eliete, que texto lindo!
    Quem é que pode explicar o que é o amor?
    Só vivendo para saber...
    Bjs

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  2. Ahhhh, o amor... O que seria a vida sem o amor??? O grande protagonista de nossos corações??? Eu sempre acreditei no amor e acredito no poder transformador dele também...
    Boa semana flor!!!

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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