quarta-feira, 27 de julho de 2011

foto:Eliete



Estou com saudades de Deus,
uma saudade tão funda que me seca.
Estou como palha e nada me conforta.
O amor hoje está tão pobre, tem gripe
meu hálito não está para salões.
Fico em casa esperando Deus,
cavacando a unha, fungando meu nariz choroso,
querendo um pôster dele, no meu quarto,
gostando igual antigamente
da palavra crepúsculo.
Que o mundo é desterro eu toda vida soube.
Quando o sol vai-se embora é pra casa de Deus que vai
pra casa onde está meu pai.

Adélia Prado em O coração disparado, ed. Record.

4 comentários:

  1. Nossa Eleite!!!
    Adélia Prado é sem paralelo. Amo tudo dela. Esta poesia toca profundamente a minha alma.
    Obrigada por este momento mágico.

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  2. Passar por aqui deixa o coração alegre, com tantas poesias.

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  3. Amo Adélia, mas acho este poema muito triste...

    Beijos...
    Liz

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  4. Olá,Eliete!!

    Linda poesia!!!Possui um força incrível!!
    Como todas que a Adélia escreve.
    Beijos pra ti querida!!
    Tenha um lindo dia!!

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Apontadora de Idéias

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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