terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


Vidência
Paulo César Pinheiro

Eu vi uma velha, um velho e vi um menino.
E sobre as mãos e o colo da anciã
Eu vi a renda, a agulha, o bilro e a lã
Com que tecia as malhas do Destino.
Eu vi uma velha, e vi um menino e um velho.
E o quase cego olhar desse ancião
Tentava achar em nosso coração
Vestígio ao menos de seu Evangelho.
Eu vi um menino, um velho e vi uma velha.
E esse menino me arrastava a ela.
E a luz do velho se fechava em breus.
Chama-se Tempo esse menino forte.
E a costureira, pois, chama-se Morte.
E o velho cego, então, chama-se Deus.
o muro separa uma ponte une
Se a vingança encara o remorso pune
Você vem me agarra, alguém vem me solta
Você vai na marra, ela um dia volta
E se a força é tua ela um dia é nossa
Olha o muro, olha a ponte,
olhe o dia de ontem chegando
Que medo você tem de nós, olha aí
Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
De repente olha eu de novo.

5 comentários:

  1. Bom dia,Eliete!!

    Lindo este texto poético!! A mensagem é importantíssima!!
    Vivemos a vida como se ela nunca fosse acabar, as pessoas pensam em "aproveitar", pensar na espiritualidade, refletir sobre o sentido da vida, fica pra depois...
    Mas a velha está lá, esperando...
    E o menino este nos carrega em alta velocidade...
    E se não cuidamos, foi-se a chance de viver...
    **Tenho sentido o tempo assim...
    Obrigada por sempre postar uma mensagem importante!! É tão necessário, nem tempo que se banaliza tudo...
    Penso, se todos nós espalharmos boas idéias, boas mensagens, conseguiremos ver um dia, melhores resultados no mundo...
    Beijos!!
    Boa semana!!

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  2. LIndo! A maravilhosa angústia de viver... Um abraço e parabéns pela escolha.

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  3. "Você me prende vivo, eu escapo morto
    De repente olha eu de novo."

    De novo...
    Novo.

    Beijo grande. :)

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  4. Eliete , de a poco me voy apasionando por tu idioma e intento leerlo con toda la poesía que encierra , y de a poco lo voy logrando!
    Cariños!

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  5. Medo!

    "Fugir disso seria como que perder a honra por temer a exposição aos perigos"...

    Beijinhos!!

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"A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas... Mas não posso explicar a mim mesma." (Lewis Carroll)

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